A Justiça Federal decidiu nesta quinta-feira (20) que Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, deve permanecer preso. A decisão foi tomada pela desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). A defesa de Vorcaro solicitou sua liberdade, mas o pedido foi negado.

Vorcaro foi detido no início da semana em uma operação da Polícia Federal chamada Compliance Zero. Junto com ele, outros seis executivos estão sendo investigados por gestão fraudulenta e organização criminosa.

A magistrada justificou a manutenção da prisão afirmando que é necessária para garantir a ordem pública e econômica. Ela apontou indícios fortes de que o grupo criminoso permanece ativo e que a liberdade de Vorcaro representaria um risco, dada a complexidade das fraudes e o poder econômico do empresário.

Na decisão, a desembargadora mencionou a criação de uma “falsa narrativa” e a apresentação de dados falsos ao Banco Central, o que caracteriza obstrução à fiscalização. A defesa de Vorcaro aguarda o julgamento de um habeas corpus para contestar a prisão.

Entenda o esquema e as acusações

A investigação revela que o Banco Master utilizou uma complexa engenharia financeira para esconder sua verdadeira situação contábil, movimentando cerca de R$ 12,2 bilhões de janeiro a maio de 2025. As principais fraudes incluem:

  • Venda de carteiras podres: O banco vendeu direitos sobre empréstimos ao Banco de Brasília (BRB) para levantar dinheiro rapidamente, buscando sobrevida enquanto a venda do banco estava sob análise do Banco Central.
  • Inconsistências nos dados: O Master alegou que os créditos vinham de associações de servidores da Bahia, mas auditorias mostraram que os pagadores eram pessoas sem vínculos com essas associações.
  • Empresa de fachada: Uma empresa chamada Tirreno, criada em 2024, foi utilizada como fachada para intermediar operações, levantando suspeitas devido a irregularidades documentais.
  • CDBs irreais: O banco é acusado de emitir Certificados de Depósito Bancário (CDBs) prometendo retornos extremamente acima da média de mercado.

Liquidação e defesa

A situação do Banco Master se agravou na terça-feira (18), quando o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição, congelando os bens de seus controladores. Essa medida interrompeu a venda do banco para o grupo Fictor Holding Financeira.

A defesa de Daniel Vorcaro argumenta que sua prisão é desnecessária, já que o banco está em liquidação e, portanto, ele não tem mais controle sobre suas operações. A defesa também contestou a alegação de risco de fuga, afirmando que Vorcaro foi detido no aeroporto de Guarulhos (SP) devido a uma viagem de negócios marcada para Dubai, onde assinaria contratos com investidores. Ele possui residência fixa e família no Brasil.

Atualmente, Vorcaro e os executivos detidos estão na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, enquanto o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado das suas funções em decorrência das investigações.

O que você acha sobre essa situação? Deixe sua opinião nos comentários.