INSS: advogado fora do radar da PF recebeu R$ 4 milhões de entidades

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Um advogado que não foi alvo da Operação Sem Desconto, realizada pela Polícia Federal (PF), recebeu R$ 4 milhões de associações ligadas a um esquema suspeito de descontos indevidos em aposentadorias. As informações foram reveladas pelo Metrópoles.

Cecílio Galvão, que tem boa circulação em Brasília, chamou a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por movimentações financeiras irregulares. Ele é proprietário de uma consultoria que atende institutos de previdência em todo o Brasil e já contratou até palestras de familiares de ex-diretores do INSS, envolvidos em casos de corrupção.

Eric Fidelis deu palestra em empresa de lobista da Farra do INSS

Galvão vem de uma família tradicional da política de Pernambuco. Seu pai foi deputado e prefeito. Nos anos 90, ele também liderou a cidade de Belo Jardim. Agora, filiado ao Solidariedade, Galvão mantém contratos com várias prefeituras e consultorias, inclusive uma empresa que também esteve em controvérsia por fraudes.

Contratos e Relações Suspeitas

A empresa Crédito & Mercado, onde Galvão é sócio, foi contratada por municípios que investiram na operadora Banco Master, alvo de investigação por fraude. Esta companhia organizou uma palestra de Eric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS, também suspeito de receber pagamentos irregulares.

O “Metrópoles” já havia noticiado que Galvão atuou como intermediário entre entidades de aposentados e o INSS, facilitando o desconto de mensalidades diretamente dos salários de filiados. Associações como a Uniâo Brasileira de Aposentados da Previdência (Unibap) e a Associação de Amparo aos Aposentados e Pensionistas do Brasil (Ampaben) movimentaram, juntas, mais de R$ 263 milhões em descontos irregulares.

Relatórios do Coaf indicam que Galvão recebeu quantias altas dessas associações para facilitar acordos com o INSS. Além disso, a Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou irregularidades nas associações, como documentos expirados de associados e registros de pessoas falecidas.

Declarações de Galvão

Cecílio Galvão se defendeu, afirmando que seu trabalho se resumia a fornecer assessoria jurídica às associações. Ele esclareceu que a celebração do Acordo de Cooperação Técnica foi o foco principal de suas atividades.

“Os contratos foram assinados pelos representantes legais das entidades”, afirmou Galvão.

Ele ainda disse que sua relação com a Diretoria de Benefícios foi sempre institucional e que sua presença em reuniões com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, visava enriquecer o debate sobre desenvolvimento econômico.

Posição da Crédito & Mercado

A Crédito & Mercado reiterou que não mantém vínculo com o Banco Master e que sua atuação se limita à análise técnica de instrumentos financeiros.

A empresa acrescentou que as decisões sobre investimentos são responsabilidade exclusiva dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) que definem a alocação de recursos.

Eric Fidelis, Zacarias Canuto e Gutemberg Tito não se pronunciaram até o fechamento desta matéria. O espaço permanece aberto para quaisquer manifestações.

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