Cometa interestelar 3I/ATLAS pode ter trajetória desviada por gigante

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Um novo estudo, que foi disponibilizado para revisão no servidor de pré-impressão arXiv, mostra que o cometa interestelar 3I/ATLAS tem um encontro marcante previsto antes de deixar nosso Sistema Solar em 2026. Esse evento pode até mudar o curso do cometa.

Os pesquisadores realizaram simulações dinâmicas para entender o trajeto que o cometa percorreu ao longo de bilhões de anos. A intenção é reconstruir sua história e prever o que acontecerá quando ele passar mais perto de certos planetas.

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Cometa interestelar 3I/ATLAS fotografado em 19 de novembro de 2025 em Stixendorf, Áustria. Crédito: Michael Jaeger via Spaceweather.com

Descoberto em julho pelo Sistema de Alerta Final de Impacto Terrestre de Asteroides (ATLAS), o 3I/ATLAS chamou atenção por cruzar o Sistema Solar a uma velocidade de cerca de 58 km/s, uma marca bem acima do que se observa em cometas nativos. Ele é considerado o terceiro visitante interestelar já registrado, após 1I/‘Oumuamua e 2I/Borisov. Apesar de algumas especulações sobre ele ser uma suposta nave alienígena, não há evidências que apoiem essa ideia. O cometa, porém, é de grande interesse, pois pode oferecer pistas sobre ambientes de outras regiões da Via Láctea.

Cientistas simulam passado e futuro da trajetória do 3I/ATLAS

Goldy Ahuja, do Laboratório de Pesquisas Físicas de Ahmedabad, e Shashikiran Ganesh, do Instituto Indiano de Tecnologia de Gandhinagar, modelaram a trajetória do cometa. Apesar de ainda faltarem informações cruciais, eles buscam entender a origem do 3I/ATLAS, quais estrelas ele cruzou e que forças influenciaram seu movimento até chegar aqui.

Uma das hipóteses mais discutidas é que ele pode ter vindo de uma estrela do “disco espesso” da Via Láctea, uma região com estrelas mais antigas, diferente do disco fino onde está o Sol.

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Vista aproximada do cometa 3I/ATLAS em 17 de novembro, a partir de Aguadilla, Porto Rico. Crédito: Efrain Morales via Spaceweather.com

Chris Lintott, professor de astrofísica da Universidade de Oxford, que não participou do estudo, aponta que o padrão de movimento do cometa em relação ao plano galáctico é uma pista importante. Ele destaca que a velocidade vertical do 3I/ATLAS é típica de objetos associados ao disco espesso, sugerindo que o cometa pode ter sido expulso de um sistema planetário antigo. Isso significa que ele pode estar viajava sozinho no espaço há mais tempo que a própria existência do Sistema Solar.

Um estudo mencionado indica que, nos últimos 10 milhões de anos, o objeto não se aproximou de outras estrelas e pode estar solitário há cerca de 10 bilhões de anos. Isso sugere que, apesar de seguir uma órbita do disco fino na vizinhança solar, o 3I/ATLAS pode ser um objeto antigo, relacionado à ejeção de um disco de planetesimais primordial.

Os pesquisadores traçaram uma trajetória aproximada para o passado e o futuro do cometa. Os cálculos indicam que ele chegou ao Sistema Solar vindo da direção da constelação de Sagitário e deve deixar em direção à constelação de Gêmeos. Essa projeção se baseia em 500 simulações estatísticas, levando em conta pequenas variações nos parâmetros orbitais.

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Animação simula trajetória do cometa interestelar 3I/ATLAS pelo Sistema Solar. Crédito: TheSkyLive.com

Outro ponto de investigação trata dos encontros que o cometa terá no Sistema Solar antes de partir para sempre. Cientistas acreditam que Marte e Júpiter influenciarão seu percurso, mas Júpiter terá o maior impacto devido ao seu campo gravitacional. Ele deverá passar muito perto do limite da influência gravitacional do gigante gasoso em 16 de março de 2026, o que pode causar uma leve alteração em sua trajetória.

Entretanto, o estudo ressalta que a trajetória depende de outros fatores, como jatos de gás liberados pelo cometa e pressão da radiação solar. Ao testar diferentes intensidades de desgaseificação, a equipe concluiu que forças menores não alterariam a rota, mas forças mais intensas poderiam modificar seu futuro. Isso enfatiza a importância de novas observações nos próximos meses.

Os autores também calcularam a melhor época para observar o cometa de perto. A janela ideal deve ocorrer entre 9 e 22 de março, quando a sonda Juno da NASA estará mais próxima da trajetória do cometa.

O que você acha de tudo isso? Deixe sua opinião nos comentários e vamos conversar sobre o fascinante mundo dos cometas e suas trajetórias.

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