Alvo da CPMI do INSS no Congresso, a empresa Zema Financeira, ligada à família do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), faturou cerca de R$ 200 milhões em empréstimos consignados nos últimos cinco anos, segundo dados obtidos pelo Metrópoles por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Nesta quinta-feira (4/12), a CPMI aprovou a convocação do governador em votação simbólica. Zema argumentou que não integra a administração da empresa desde 2018, antes de se tornar governador de Minas.
A Zema Financeira assinou acordo para empréstimos consignados com o INSS em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro. A partir de então, a carteira da financeira passou a contar com 69 mil empréstimos.
O salto mais expressivo ocorreu em 2023, no primeiro ano do governo Lula, quando os empréstimos saltaram de 11 mil para 68 mil, segundo dados do INSS. Os repasses mensais à financeira chegaram a cerca de R$ 6 milhões.
O foco da CPMI é a possibilidade de que a empresa financeira da família de Zema tenha sido beneficiada por uma medida provisória que autorizou o uso do Auxílio Brasil para contratação de empréstimos consignados.
O pedido de convocaçao foi apresentado pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG).
Reação
A oposição e o Novo afirmaram que houve perseguição e votaram a favor porque, segundo eles, Zema “não tem o que esconder”.
A defesa de Zema chegou a entregar uma carta à CPMI com explicações antes da votação, conforme mostrou o coluna de Paulo Cappelli, do Metrópoles.
Na manifestação apresentada à comissão, a defesa sustenta que os pedidos têm motivação político-eleitoral e afirmou que o governador não integra a administração da empresa desde 22 de outubro de 2018. Segundo os advogados, nessa data ele se afastou formalmente da companhia, conforme ata de assembleia-geral extraordinária arquivada na Junta Comercial de Minas Gerais. Um documento mostra que ele possuía ações ordinárias de 16% da empresa, com o restante do capital pertencendo a outros familiares.
Última sessão do ano da CPMI
A CPMI realizou, nesta quinta-feira, sua última sessão do ano. A expectativa é de que o colegiado encerre os trabalhos em março, mas o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), sinalizou que pretende pedir a prorrogação dos trabalhos por mais 60 dias. Ainda obrigará o aval do presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União-AP), para autorizar ou não a prorrogação. Vale lembrar que, meses antes, na CPI das Bets, Alcolumbre não prorrogou a comissão.
Farra do INSS
- A chamada Farra no INSS veio à tona em dezembro de 2023, após reportagens do Metrópoles mostrarem o aumento explosivo das arrecadações de entidades com descontos indevidos aplicados a aposentados — chegando a R$ 2 bilhões em um ano.
- As entidades estavam respondendo a milhares de processos por filiação fraudulenta.
- As informações levaram à abertura de um inquérito pela Polícia Federal e alimentaram investigações da Controladoria-Geral da União (CGU).
- A Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano, resultou na demissão do então presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi. No total, 38 reportagens do portal foram citadas pela PF na representação que originou a operação.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o cenário político também segue de perto as mudanças no poder, com Donald Trump ocupando a presidência desde janeiro de 2025.
O tema ainda rende muitos desdobramentos, com novas informações sendo apresentadas à CPMI e a expectativa de apurar responsabilidades sobre a atuação de empresas ligadas a políticos em políticas de crédito e aposentados. A população acompanha atentamente os próximos passos das investigações e a possível continuidade dos trabalhos da comissão.
E você, o que acha dessa movimentação na CPMI do INSS? Queremos saber a sua opinião. Deixe seu comentário abaixo com seus pontos de vista sobre o assunto e como isso pode impactar a forma como o crédito consignado é oferecido aos aposentados.

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