A União Europeia decidiu adiar, para janeiro, a assinatura do acordo comercial com o Mercosul, que estava prevista para este sábado (20/12) em Foz do Iguaçu. A informação foi confirmada ao Metrópoles, nesta quinta-feira (18/12), por fontes ligadas ao bloco europeu no Brasil. A decisão foi anunciada no contexto da cúpula da UE, em Bruxelas, onde representantes discutem o tratado com o Mercosul.
O acordo encerra mais de duas décadas de negociações para criar uma ampla zona de livre comércio entre os dois blocos. As tratativas foram concluídas em dezembro de 2024, mas a formalização tem encontrado resistência de alguns países europeus, especialmente França, Hungria e Polônia, que trabalham para barrar ou atrasar a assinatura.
Os 27 Estados-membros da UE permanecem reunidos em Bruxelas na cúpula da União, discutindo o tratado. A Itália também pediu cautela, avaliando que a assinatura neste momento seria prematura e solicitando mais tempo para analisar o texto, o que contribuiu para o adiamento.
Protestos
Um ponto central de críticas é a potencial concorrência no setor agrícola. Países europeus temem que o acordo permita a entrada de produtos brasileiros e sul-americanos no mercado europeu sem as mesmas exigências dos produtores locais, o que poderia pressionar preços e prejudicar a agricultura da UE, gerando protestos de agricultores em Bruxelas que chegaram a bloquear ruas, com confrontos com a polícia.

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Dursun Aydemir/Anadolu via Getty Images
O adiamento ocorre mesmo após o Parlamento Europeu aprovar novas salvaguardas a serem incorporadas ao acordo. As medidas autorizam a Comissão Europeia a investigar aumentos expressivos nas importações de produtos agrícolas sensíveis ou casos de entrada no mercado com preços acima dos praticados localmente, além de apurações sobre o cumprimento de regras de bem-estar animal, proteção trabalhista e uso de pesticidas, com possibilidade de suspensão de benefícios comerciais em caso de prejuízos comprovados.
Posição do Brasil No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Mercosul poderá avaliar o adiamento da assinatura. Na quarta-feira (17/12), Lula sinalizou que poderia encerrar as tratativas caso surgisse novo impasse com a UE. Nesta quinta-feira (18/12), porém, adotou tom mais moderado e disse que levaria aos demais países do bloco o pedido italiano. Segundo o presidente, Meloni enfrenta pressão de agricultores italianos, mas está confiante de que poderá obter o apoio necessário. “Ela pediu que tivéssemos paciência por uma semana, dez dias ou, no máximo, um mês. A Itália estará junto com o acordo”, afirmou em entrevista de fim de ano.
Caso seja assinado, o acordo facilitaria a entrada de produtos sul-americanos — como carne, açúcar, arroz, mel e soja — no mercado europeu. Em contrapartida, ampliaria as exportações da União Europeia para o Mercosul, incluindo automóveis, máquinas, vinhos e licores.
E você, qual é a sua leitura sobre o adiamento e as perspectivas do acordo UE-Mercosul? Compartilhe sua opinião nos comentários.

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