Partidos políticos brasileiros pouparam, juntos, cerca de R$ 190 milhões do fundo partidário repassado pelo TSE e de doações ao longo deste ano para reforçar o caixa destinado às campanhas de 2026, quando haverá eleições para presidente, governadores, senadores e deputados em todo o país.
A maior fatia desse valor vem do fundo partidário, dinheiro público distribuído entre as legendas com base no tamanho das bancadas na Câmara e, em 5% do total, entre as siglas que cumprirem a cláusula de desempenho, como ter ao menos 11 deputados em nove estados diferentes.
Neste ano, o total destinado ao custeio das atividades partidárias ficou em R$ 1,2 bilhão. Para 2026, além do fundo partidário, as legendas ainda terão mais R$ 4,9 bilhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), reservado exclusivamente para bancar campanhas.
Apesar das altas cifras, ao menos seis partidos chegaram em dezembro com sobras de pelo menos R$ 10 milhões para o ano eleitoral. A seguir, os maiores protagonistas dessa economia de caixa.
Partidos que mais “pouparam” em 2025
- PL — R$ 87,3 milhões
- Republicanos — R$ 45,4 milhões
- PP — R$ 34,2 milhões
- PDT — R$ 21,2 milhões
- PSD — R$ 12,2 milhões
- Avante — R$ 11,6 milhões
PL turbina caixa com verba de fundação
Dono da maior fatia do fundo partidário e eleitoral, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, contabiliza quase metade dos R$ 190,4 milhões repassados pelo TSE até o fim de novembro deste ano. Ao todo, a sigla soma R$ 262,1 milhões em receitas e R$ 174,8 milhões em despesas, resultando em um superávit de R$ 87,3 milhões.
Parte expressiva desse saldo vem da devolução do dinheiro que a legenda é obrigada por lei a repassar para sua Fundação de formações político-partidárias, o Instituto Álvaro Valle. Desde 2013, uma mudança na legislação abriu brecha para que o eventual excedente seja revertido para outras atividades partidárias, incluindo propaganda e campanhas.
No caso do PL, a sobra representa 75% do total repassado pela sigla. Em janeiro deste ano, o partido aumentou seu caixa com R$ 37,2 milhões que não foram gastos pela fundação no ano anterior.
O ranking aponta que o Republicanos recebeu R$ 88,1 milhões do TSE e ainda faturou R$ 10 milhões com rendimentos de aplicações feitas em anos anteriores, mas gastou apenas R$ 53,6 milhões até dezembro.
Já o PP registrou despesas totais até o momento inferiores a metade dos R$ 55,3 milhões recebidos da cota do fundo partidário e de rendimentos em aplicações.
Diferente disso, o PT, dono da segunda maior cota do fundo partidário, com R$ 126 milhões transferidos pelo TSE até novembro, chega ao fim de 2025 com déficit de cerca de R$ 1 milhão e não terá sobras para as eleições. A legenda gastou R$ 152,5 milhões até o momento, frente a uma arrecadação de R$ 151,5 milhões, incluindo o fundo e as doações.
O que diz a lei
- A lei dos partidos políticos, de 1995, prevê que os recursos do fundo partidário — ao contrário da verba do fundo eleitoral, que deve retornar ao Tesouro Nacional — podem ser estocados em conta para o ano seguinte.
- Além da verba pública destinada aos partidos, as doações privadas também podem ser reservadas para gastos eleitorais no ano seguinte.
- Os recursos podem ser acessados pelos partidos que superarem a cláusula de barreira. Isto é, legendas que obtiveram 2% dos votos válidos em nível nacional (com no mínimo 1% da votação em nove estados) ou que elegeram ao menos 11 deputados federais, em nove estados do país.
Os números mostram que o dinheiro público, aliado às doações, segue influenciando o cenário político para 2026. A discussão sobre o destino das sobras e a eficácia das regras permanece em pauta entre especialistas e eleitores atentos ao uso de recursos na vida pública.
E você, qual é a sua opinião sobre as sobras do fundo partidário? Deixe seu comentário e participe da conversa sobre o papel do dinheiro público na política brasileira.

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