Caminhada: duração importa mais que número de passos, mostra estudo

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Um estudo conduzido na Espanha mostra que quanto menos se caminha por dia, maior o risco de morte por doenças cardiovasculares ou câncer. Não é a primeira vez que a ciência liga a caminhada a uma vida mais longa, mas desta vez o foco não é apenas a quantidade de passos diários, e sim a duração da atividade contínua.

Publicada em outubro na Annals of Internal Medicine, a pesquisa acompanhou 33 mil pessoas do UK Biobank, um grande levantamento britânico de saúde. Os voluntários tinham, em média, 62 anos no começo e não apresentavam doença.

Ao longo de oito anos, os pesquisadores observaram que passos acumulados em trechos longos de caminhada importam mais para a longevidade do que pequenas caminhadas distribuídas ao longo do dia.

A mortalidade foi maior entre quem caminhava por períodos contíguos inferiores a cinco minutos por dia (4,36%); entre quem se movia por mais de 15 minutos seguidos, o índice caiu para 0,84%.

A incidência de doença cardiovascular seguiu o mesmo padrão: 13,03% no grupo com menos de cinco minutos de caminhada contínua, frente a 4,39% entre os que caminham por mais tempo.

“O que a ciência mostra hoje é que o principal fator de proteção é acumular passos ao longo do dia. Algo em torno de 7 mil passos diários já reduz bastante o risco cardiovascular”, observa a cardiologista e médica do esporte Luciana Janot, do Einstein Hospital Israelita. “Mas existe um plus: quando parte desses passos vem de caminhadas mais longas, de pelo menos 15 minutos contínuos, o benefício para o coração é ainda maior”.

Já se sabe que caminhar reduz o risco de infarto, AVC e doenças crônicas como diabetes, hipertensão e depressão. A receita ideal tem três componentes: quantidade, regularidade e momentos de atividade contínua. A intensidade não precisa ser alta; manter um ritmo confortável, porém contínuo, basta.

O estudo sugere que as caminhadas contínuas mantêm o coração em atividade por mais tempo, melhorando a circulação sanguínea e a flexibilidade das artérias.

Os idosos que se moviam por menos tempo apresentaram piores resultados cardiovasculares, enquanto as caminhadas mais longas ativam mecanismos cardiovasculares e metabólicos, como a regulação da glicose e a função vascular, além de estimular o sistema nervoso parassimpático e reduzir a inflamação, segundo Borja Del Pozo Cruz, autor principal da pesquisa.

Os autores ressaltam que os passos ao longo do dia não são iguais: guias de saúde devem considerar tanto a qualidade quanto a forma como esses passos são acumulados, já que uma métrica temporal facilita a compreensão.

Para quem era sedentário, caminhadas longas trazem benefícios mais sustentáveis para o sistema cardiovascular e metabólico, destacam os pesquisadores.

E você, já pensou em incorporar trechos mais longos de caminhada na sua rotina? Conte nos comentários como você inclui caminhadas contínuas no dia a dia e quais mudanças percebeu na saúde.

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