Gabriel de Sá Campos, 30 anos, é investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal por suspeita de abusos sexuais contra ao menos quatro adolescentes que frequentavam a Igreja Batista Filadélfia, no Guará 2. Ele é filho do pastor que preside a igreja e atuava como líder voluntário do Ministério dos Adolescentes.
As investigações, conduzidas pela 4ª Delegacia, revelam que o suspeito usava a posição de liderança para ter acesso privilegiado às vítimas, mantendo um padrão de crimes que se estendeu por pelo menos seis anos dentro da instituição religiosa. Ele também atuava como instrutor de um curso de “integridade sexual” para adolescentes e mantinha um canal no YouTube com pregações e músicas religiosas.
Um dos abusos ocorreu dentro da igreja, em uma festa do pijama, e o suspeito convidava as vítimas para assistir a filmes na sua casa como pretexto para os crimes. Além disso, ele usava a função para obter informações sobre as vulnerabilidades emocionais dos menores, facilitando o controle sobre eles.
Até o momento, a Polícia Civil identificou quatro vítimas confirmadas, com relatos de violência contra meninos de 10 a 12 anos em dois casos, um adolescente de 13 a 17 anos e outro de 16 anos. A investigação aponta que as vítimas não eram simultâneas; o suspeito criava laços com um adolescente até cometer abusos e depois se aproximava de outro.
A gravidade aumenta com a identificação de pelo menos oito outras possíveis vítimas. O processo de oitivas ainda está em andamento e pode elevar o número de crimes apurados. A Justiça decretou a prisão temporária do investigado por 30 dias, com possibilidade de prorrogação, além de busca e apreensão domiciliar, quebras de sigilo telemático e telefônico dos últimos cinco anos, e medidas protetivas como a proibição de aproximação em 300 metros e o afastamento de todas as funções religiosas.
Ao tomar conhecimento de um dos casos, em dezembro de 2024, o pai do investigado, presidente da igreja, classificou os fatos como “brincadeira” e “ato involuntário”, pedindo sigilo. Em reunião de liderança, realizada em novembro, um diácono descreveu os crimes como “mal-entendidos”, sugerindo um pacto de sigilo e afirmando que problemas da igreja se resolvem na igreja, não na polícia. Uma carta do suspeito anunciando o afastamento das funções também foi lida, mas ele continuou frequentando os cultos e acessando áreas restritas.
Todavia, Gabriel continuou frequentando normalmente os cultos e acessando, inclusive, áreas restritas aos membros da igreja.
Além disso, relatos apontam condutas intimidatórias da mãe do investigado, que confrontou menores sem a presença de responsáveis, acusando-os de “falso testemunho” e ameaçando processar as famílias.
A investigação avança para ouvir potenciais vítimas ainda não formalizadas, realizar perícia nos dispositivos eletrônicos apreendidos, apurar possível conivência de membros da liderança e investigar eventual omissão por parte de autoridades religiosas que teriam conhecimento dos fatos desde dezembro de 2024, mas não acionaram a polícia.
A Igreja Batista Filadélfia informou, em nota, que Gabriel não exercia função de liderança em 2025 e que nunca foi pastor da instituição, atuando no passado apenas como voluntário no Ministério dos Adolescentes. O parentesco entre o investigado e o pastor presidente não teria interferido nas medidas disciplinares nem na cooperação com a Polícia Civil e o Judiciário. A igreja refuta qualquer tentativa de encobrir os fatos, destacando que as famílias tinham liberdade para buscar as autoridades e que o sigilo da investigação impede a divulgação de novos detalhes.
A instituição reforçou a importância de proteger a privacidade dos menores e das famílias e afirmou zelar pela precisão das informações apresentadas.
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