Guerra das mansões: Justiça embarga obra de bilionário nos Jardins

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A polêmica envolvendo a construção de uma mansão no Jardim Paulista, um dos bairros mais caros de São Paulo, ganhou ares de batalha jurídica entre moradores, a defesa do empresário João Adibe — presidente da farmacêutica Cimed — e órgãos públicos de proteção ao patrimônio. A Associação dos Moradores dos Jardins (AME Jardins) moveu uma ação civil pública alegando que a obra, apresentada como reforma, resultou na demolição quase total da edificação original, apresentando irregularidades de tombamento, altura e recuos.

AME Jardins aponta ainda que o projeto desrespeitou regras de tombamento e as interferências, como a construção de um segundo pavimento em uma edícula, além da supressão de vegetação, pavimentação que compromete a permeabilidade do solo e danos à privacidade de imóveis vizinhos. A região, o Jardim Paulista, é conhecida por restrições urbanísticas estritas.

As denúncias se apoiam em documentos que apontam que as obras teriam seguido mesmo após embargos do Condephaat e da Subprefeitura de Pinheiros. Vídeos anexados à ação, datados de 06/12/2025, mostram suposta continuidade da obra, em desacordo com decisões administrativas e multas já aplicadas, conforme a petição.

Entre os impactos citados está o caso do banqueiro André Schwartz, CEO do Genial, cuja residência vizinha sofreu fissuras e danos em função da demolição quase total da mansão adjacente, conforme laudo técnico anexado à ação. O conjunto de evidências envolve ainda registros de buscas por parte de autoridades e descrições de prejuízos ao imóvel operados pela obra.

A influencer Cinthya Marques, esposa de Adibe, também figura na narrativa. Ela publicou vídeos sobre a movimentação de trabalhadores, mantendo presença nas redes com relatos que vão desde a piscina até o uso de 43 tipos diferentes de pedras na construção. Em parte das imagens, a própria influencer descreve detalhes da residência, incluindo aspectos de design e materiais.

Juíza Mariana Medeiros Lenz, da 9ª Vara da Fazenda Pública, proferiu decisão no dia 19, com ordens cautelares que interrompem a obra de imediato e negam o Habite-se, além de autorizar vistoria pelo Condephaat. A magistrada ressaltou o risco de dano ao patrimônio cultural e ambiental tombado e apontou que a obra teria desvirtuado o Alvará de Execução, extrapolando o recuo obrigatório e a altura permitida. Em caso de desobediência, há multa diária de até R$ 50 mil e teto de R$ 5 milhões.

“O perigo de dano é evidente, dado o caráter irreversível das intervenções em patrimônio ambiental e urbanístico tombado. A continuidade das obras ao arrepio das ordens administrativas evidencia o risco de consolidar uma situação fática ilegal, prejudicando a fruição do patrimônio cultural e ambiental pela coletividade”, afirma a magistrada.

Na prática, a decisão também vetou a emissão de Habite-se e ordenou a averbação da existência da ação na matrícula do imóvel. Os advogados de Adibe sustentam que a obra foi autorizada por todos os órgãos competentes e já foi concluída há meses, inclusive com Habite-se, negando qualquer embargo. O casal afirma que um laudo pericial anterior não atribui responsabilidade ao empresário e que os danos decorrem da má conservação do imóvel vizinho.

A Justiça já havia indeferido cautelares em ações anteriores movidas pelo vizinho, mas a decisão atual reforça a firmeza do Estado na fiscalização de obras em imóveis tombados. O caso permanece em tramitação, com novos desdobramentos esperados sobre os limites entre reformas, demolições e preservação do patrimônio na cidade.

Como você vê esse embate entre preservação histórica e interesses de desenvolvimento urbano? Deixe aqui sua opinião nos comentários e participe da conversa sobre o futuro de zonas históricas na cidade.

Observação sobre a decisão judicial

(Imagem associada à decisão judicial apresentada na matéria: “Decisão judicial determina embargo da obra na casa de João Adibe”.)

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