
O filme Alemão 2, que estreia nesta quinta-feira em 250 salas brasileiras, poderia ser somente mais um “favela movie”, rótulo que se criou para filmes ambientados nas favelas, com uma boa dose de ação, violência e a abordagem de assuntos como o tráfico de drogas.
Mas, oito anos depois do primeiro longa, também dirigido por José Eduardo Belmonte, Alemão volta ainda melhor. Principalmente, pela carga dramática muito bem inserida em uma produção que vai bem além de um policial repleto de cenas de ação e tiros.
“Acho bacana trabalhar em gêneros em que a gente tem pouca tradição. Roberto Farias e [o baiano] Roberto Pires faziam isso”, diz Belmonte em referência, respectivamente, aos diretores de filmes como O Assalto ao Trem Pagador (1962) e A Grande Feira (1961). “Para mim, é um pouco inusitada essa ideia de fazer uma continução, mas é muito libertador porque praticamente é um novo filme, com exceção de Mariana Nunes, que volta como a personagem Mariana”, celebra o diretor.
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| Digão Ribeiro interpreta o traficante Soldado |
Se no primeiro filme, a ação se passava praticamente dentro de uma pizzaria, desta vez o ambiente é o morro do Alemão, que, como diz Belmonte, é um personagem da sequência. “Não é uma sequência clássica no sentido de reviver os personagens, mas de reviver o tema”, afirma o cineasta. Leandra Leal, Vladimir Brichta, Gabriel Leone e Digão Ribeiro são alguns dos novos nomes. Do primeiro longa, só permanece Mariana Nunes.
No novo filme, policiais, desta vez liderados por Machado (Vladimir Brichta), vão realizar uma perigosa missão no complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Acompanhado por Ciro (Gabriel Leone) e Freitas (Leandra Leal), o trio entra no complexo à paisana para ir atrás de um grande líder do tráfico de drogas que está escondido no local. Mas tudo sai do controle quando eles são pegos numa emboscada armada por criminosos. Para piorar, os policiais perderam contato com a delegada que acompanhava a missão à distância.
O filme dá grande destaque às personagens femininas, especialmente Mariana, Freitas e a delegada Amanda, interpretada por Aline Borges. Belmonte diz que essa foi uma exigência da produtora executiva Marilia Garske. “Isso já era apontado no primeiro filme, quando Mariana era a única que ‘sobrava’. Nas pesquisas para a continuação, já havia uma preocupação muito grande que este ponto de vista estivesse no roteiro”, diz o diretor.
Soldado, traficante vivido por Digão Ribeiro, também aparece como personagem essencial à trama. E, embora seja um criminoso implacável, é retratado com alguma complexidade e seu amor pela família demonstra isso. “Existe amor nessas pessoas e a gente não pode ‘desumanizá-las porque o amor é a capacidade natural do ser humano. A história do Soldado é de uma redenção que nem ele busca, mas nós compramos a ideia por ele e nos pegamos torcendo por ele”, defende Digão.
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| Mariana Nunes no filme |
Atriz de Alemão 2 reclama da exclusão de seu nome em material de divulgação
A atriz Mariana Nunes, que interpreta Mariana em Alemão 2, reclamou ontem, nas redes sociais, que seu nome não aparecia num texto distribuído como parte da divulgação do filme. Além de um vídeo, ela publicou um texto, com o seguinte trecho: “Quem viu o Alema??o 1 sabe quem e? a Mariana na trama. Ela e? o u?nico personagem que esta? nos dois filmes. Ela e? uma mulher em fuga pela sobrevive??ncia, fugindo do apagamento. E e? sobre apagamento esse texto. O apagamento das Marianas que representam tanta coisa que na??o queremos ver, coisas que ???na??o vendem???.
Diante da repercussão, a distribuidora do filme, Manequim, publicou um pedido de desculpas à atriz e a outro ator, Dan Ferreira, que também está no elenco. “O nome de vocês, assim como o nome de grande parte desse grande elenco, esteve em todos os materiais oficiais do filme, inclusive no topo dessa carta, que reproduz o cartaz do filme. Não existe justificativa para não ter estado no corpo do texto. Foi um erro grave e estamos tomando providências para que isso não ocorra novamente”.
A distribuidora afirma que faz questão de investir em filmes que “abordam questões fundamentais para o Brasil de hoje” e acrescenta: “No caso de Alemão 2, abraçamos a crítica contra o racismo como parte da campanha de divulgação do filme, esperando que a força do audiovisual seja capaz de fazer pensar e colaborar para dar visibilidade para a causa”.
Em cartaz no Cinemark, UCI, Metha Glauber Rocha e Cinépolis



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