Itaú Cultural Play exibe filmes da mostra competitiva �? Tudo Verdade 

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O cineasta baiano é tema do curta Carta para Glauber

Desta sexta  (1º) a 10 de abril, a plataforma Itaú Cultural Play disponibiliza nove curtas-metragens do festival internacional de documentários �? Tudo Verdade. São produções selecionadas para a Competição Brasileira de Curtas e entre os destaques, Carta Para Glauber, de Gregory Baltz, e Cadê Heleny?, projeto idealizado pela espanhola Esther Vital, psicóloga e mestra em transformação de conflitos, curadora e pesquisadora, selecionado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018. 

Com acesso gratuito, a Itaú Cultural Play é acessível para dispositivos móveis IOS e Android, e pode ser acessada pelo site www.itauculturalplay.com.br. 

Com técnicas de stop motion, o documentário animado Cadê Heleny? resgata a trajetória de vida da filósofa, professora e diretora de teatro Heleny Guariba. Desaparecida em 1971, durante a ditadura militar, ela integrou o grupo de luta armada Vanguarda Popular Revolucionária e ficou conhecida por esconder em sua casa o homem mais procurado pelo regime repressivo da época, o capitão Carlos Lamarca. 

Para construir e contar a história desta mulher, que, segundo a Comissão Nacional da Verdade, é uma das 210 pessoas até hoje desaparecidas sob o aparelho militar, Esther conversou com pessoas que conviveram com ela, como o filho, o namorado, o advogado, uma aluna. A diretora do filme resgatou, ainda, o testemunho deixado por Inês Etienne Romeu, única sobrevivente do centro clandestino de tortura Casa da Morte �?? última presa política da ditadura libertada no Brasil, ela morreu dormindo em sua casa em Niterói, em 2015. 

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Cena do curta animado Cadê Heleny? (divulgação)

O período ditatorial brasileiro também está presente em Carta para Glauber, produção de Gregory Baltz. A história se desenvolve sobre uma carta enviada por Gustavo Dahl, cineasta, pensador do cinema brasileiro e grande entusiasta do Cinema Novo, para o amigo Glauber Rocha.  Haviam se passado poucos dias do golpe militar de 1964 e Glauber estava no Festival de Cannes com Deus e o Diabo na Terra do Sol, causando grande polêmica. Foi um momento em que ele recebeu muitas missivas de amigos do Brasil alarmados com o momento político em que o país entrava e, ao mesmo tempo, entusiasmados com a produção do cineasta.  

Em seu texto, Dahl descreveu para �??Glaubiru�?� o impacto que Deus e o Diabo provocou na estreia no Rio de Janeiro. �??Barbarizou, barbarizou. Que agitação, que confusão!�?�, começou ele. Por fim, entendendo que o amigo estaria preocupado com a situação política, contou que nenhum conhecido havia sido preso. Alertou, porém, que, somente entre o Rio de Janeiro e São Paulo, já havia cinco mil pessoas detidas.  

A programação competitiva do ETV traz ainda três filmes dirigidos por mulheres. Em Alágbedé, de 2021, Safira Moreira traz a história de Zé Diabo que, do ferro-velho ao terreiro, forja deuses em sua oficina, seguindo o caminho de Ogum. Quem de Direito, de Ana Galizia, de 2022, trata da organização popular pelo acesso à terra no território do vale do Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu (RJ), cuja mobilização contra um projeto de barragem coloca a água também como elemento de disputa. Em A Ordem Reina, deste ano, Fernanda Pessoa faz uma viagem internacionalista temporal por sete países que tiveram experiências revolucionárias no século 20, acompanhada por uma voz feminina que recita o último texto de Rosa Luxemburgo. 

A seleção se completa com Cantos de Um Livro Sagrado, realizado em 2021 por Cassiana Der Haroutiounian e Cesar Gananian, tendo como cenárioa chamada Revolução de Veludo, na Armênia, em 2018. O filme recria, em cinco cantos, a sinergia que gera as revoluções. Em Meio Ano-Luz, filme de Leonardo Mouramateus, realizado em 2021, um rapaz senta-se em uma rua movimentada de Lisboa para desenhar as pessoas que passam. Não muito longe dali um casal conversa sobre a origem de uma carteira encontrada meses antes.  

De Rodrigo Ribeiro-Andrade, Solmatalua (2022) traz uma constelação de vozes e presenças negras para percorrer um vertiginoso itinerário entre territórios ancestrais e contemporâneos. O diretor Carlos Adriano realizou Tekoha em 2021 focado no dia 6 de setembro daquele ano, quando seguranças particulares queimaram uma casa Guarani Kaiowá no Tekoha Ava�??te, na Reserva de Dourados (MS). A ação foi registrada em vídeo, pelo povo Guarani Kaiowá. 

Nos dias 6 e 7 de abril, sempre às 11h e às 15h, o site e a página do Youtube do Itaú Cultural  transmitem a 19ª Conferência Internacional do Documentário. Programação complementar do festival, ela é composta por quatro mesas de debates sobre patrimônio do cinema documental no Brasil.  Entre os participantes, estão Myron Meisel, considerado um dos principais críticos de cinema dos Estados Unidos; Nikolai Izvolov, historiador do Cinema Art Institute de Moscou; e o premiado diretor brasileiro Eduardo Escorel. 

As conversas �?? em inglês, com legendas em português e Libras �?? giram em torno dos 80 anos da filmagem do inacabado documentário It�??s All True, de Orson Welles; dos 40 anos das gravações de Chico Antônio, O Herói Com Caráter, de Eduardo Escorel; e da reconstrução de História da Guerra Civil, documentário, considerado perdido, do cineasta soviético Dziga Viértov.  

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