Jerônimo e o PT deveriam apostar não só em Lula na Bahia

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“O time de Lula”. O mantra aparece tão frequente nos eventos e materiais de pré-campanha de Jerônimo Rodrigues que um desavisado poderia achar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é também candidato a governador da Bahia. A estratégia de vinculação entre Jerônimo e Lula não é nova, especialmente por aqui. Foi exitosa em 2006 e 2014, com Jaques Wagner e Rui Costa, mas não chegou a dar certo com Walter Pinheiro, em 2008, e Nelson Pelegrino, em 2012. No entanto, essa aposta monocórdica não deveria ser a única a ser feita.

 

O problema é o curto espaço de tempo para viabilizar outro planejamento. Desde março, quando foi anunciado como candidato, Jerônimo não se criou enquanto persona política. Usa e abusa da muleta Lula e isso diminui a projeção de um nome que pode até ter força, mas ainda não mostrou para que veio. O petista poderia aproveitar melhor nomes como Wagner e Rui, porém eles começaram a aparecer com mais frequência agora, na reta final da pré-campanha (que só é pré para enganar a legislação, como acontece com todos os candidatos).

 

Wagner até esteve mais presente. Porém está longe de dar a carga que outrora já deu. O cansaço e o desgaste após a desistência dele em tentar novamente o Palácio de Ondina talvez justifiquem o tom. Mas, ainda assim, o senador deu mais a cara a tapa e entrou na campanha. Foi responsável, inclusive, por tentar acalmar ânimos de aliados, que ficaram irritados com a condução política da sucessão. O vídeo em que ele chama João Leão de “Leãozinho” talvez seja o exemplo mais simbólico do esforço dele em colocar panos quentes nos problemas. Ainda assim, não cabe a ele pegar Jerônimo embaixo do braço e levar a todo lugar.

 

Esse papel de tutor deveria ser ocupado, principalmente, pelo governador Rui Costa. Partiu dele o imbróglio e a solução não tão digerível que colocou Jerônimo como cabeça de chapa. Mesmo com o constrangedor desempenho da educação na Bahia, é o ex-titular da Secretaria de Educação a ser defensor do legado petista na Bahia e, fora participações pontuais de Jerônimo em atos do governo quando ainda era permitido, Rui esteve praticamente ausente da campanha até aquilo que poderia ser a guinada da campanha de 2022, a vinda de Lula no 2 de julho. Se não fosse a admissão do pacto de não agressão entre o ex-presidente e o principal adversário do PT na Bahia, ACM Neto, aquele deveria ser um marco do ritmo da corrida de Jerônimo pelo Palácio de Ondina. Ainda assim, é perceptível uma alteração do rumo.

 

Rui deixou de ser ausente. Além disso, foi obrigado a ceder Luiz Caetano, responsável por apaziguar as relações políticas do governo, para a campanha. Rui, que teria o potencial de ser um dos principais cabos eleitorais de Jerônimo, deve agora ser instado a assumir finalmente seu papel, sob o risco de não ver sucesso na extensão do projeto petista para a Bahia. Lula é relevante para a campanha de Jerônimo – possivelmente imprescindível. Porém Rui também precisa tomar as rédeas desse processo que ele ajudou a construir. E Jerônimo deve assumir o protagonismo que lhe cabe enquanto candidato a governador. Esses são alguns dos fatores mínimos que podem desbancar o favoritismo de ACM Neto. Com direito a muito chão pela frente.

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