Um filme de narrativas, sons e fotografias das insurgências negadas na cinematografia nacional, transfluindo o ideário Sertão de gente se movendo ao Sul olhada pelos que miram o Norte em desilusão. Lançado, em 2021, pela produtora Ajayô Filmes, de nossa autoria e co-direção com o cineasta Harrison Araújo. O documentário premiado ???Terras que Libertam ??? histórias dos Cupertinos??? contemporiza o Povo Negro no viver, sentir, sonhar e lutar muito além das memórias preservacionista do Morro do Pai Inácio no Parque Nacional da Chapada Diamantina no município de Lençóis.
As estreias do filme documentário ???Terras que Libertam ??? histórias dos Cupertinos???, em setembro no 15º Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul: Brasil, África, Caribe & Outras Diásporas no Rio de Janeiro (Brasil), e em outubro, no 18th Montreal International Black Film Festival (Canadá), celebra o brilho ancestral do bioma Caatinga nas memórias do Cinema Negro baiano.
O registro começou ao ser apresentado, no ano de 2005, aos mestres Julio Cupertino e Jaime Cupertino na Conferência Nacional de Meio Ambiente em Brasília, momento que fui tomado pela sapiência dos insurgentes quilombolas no Planalto Central, em reinvindicação das terras, territórios e denunciando os crimes ambientais contra as nascentes, rios e o projeto de barragem no Quilombo de Vazante no município de Seabra. Em 2007, estava no Quilombo de Vazante no Encontro de Cultura e Fé na terra ancestral dos Cupertinos em comunhão na defesa das terras e das águas da Caatinga.
A luta dos Cupertinos e demais quilombolas da Chapada é a mesma dos Povos Indígenas pelo direito negado nos barramentos hidrelétricos no Rio São Francisco em nome do crescimento energético e econômico nacional. Que volta com a política das energias renováveis através dos parques eólicos que invadem os chapadões negando direitos territoriais quilombolas às comunidades tradicionais, agricultores familiares e invisibilizando o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca PAN-Brasil.
O passado, presente e futuro confluem na cinematografia negra baiana ao registrar e internacionalizar a luta pela liberdade quilombola e nos alertando para a degradação ambiental, cultural e social do bioma Caatinga e seu povo.
Uma das marcas desse registro é a sapiência do Mestre Jaime Cupertino que nos alerta que a ???liberdade é coisa séria e nós ainda não temos liberdade em nossas comunidades, municípios, estado e país???. Sua conquista dependerá de toda coletividade querer viver bem. Que Terras que Libertam mova liberdades nas telas nesses tempos de transição humanitária planetária.
Diosmar Filho é geógrafo-documentarista, pesquisador da Iyaleta, autor do livro “A Geopolítica do Estado e o Território Quilombola no século XXI”, e direção do documentário “IGI OBA NILE – Memórias de Mãe Raidalva”.
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