Quando Xanddy comunicou oficialmente, através de uma nota, que agora está começando uma nova etapa na carreira como Xanddy Harmonia (mantendo todos os componentes da banda Harmonia do Samba), vários filmes me passaram pela cabeça. O primeiro foi a história de como uma dedicada mãe de família chamada Dona Graça, moradora da Capelinha do São Caetano, em 1993, ao perceber o talento de seus filhos Bimba e Roque Cesar, resolveu investir neles comprando com muito esforço os instrumentos que possibilitariam a formação da banda com o mínimo de profissionalismo.
O grupo teve a sua primeira formação justamente em 93, quando tocavam músicas de outros grupos, como o Fundo de Quintal. Com o passar do tempo a banda incorporou outros instrumentos como baixo, cavaquinho, teclados e naipe de metais.
Veja abaixo seleção de imagens da história da banda
A grande virada aconteceu em 1995 quando Xandy (ainda sem a grafia atual), que cantava no grupo Gente da Gente, assumiu os vocais e o rebolado com as calças boca de sino que arrebataram multidões pelo Brasil.
A partir de então a formação ficou conhecida então com 11 integrantes: Xanddy nos vocais, Roque César na bateria, Deco no cavaquinho, Bimba no baixo, Rodinay nos teclados, Mocka no surdo, Martin Sante e Marcinho Gomes na percussão, Boca no trompete, Ricardinho no saxofone e Kleiton no trombone. O baixista Bimba se tornou o diretor musical do grupo, cuidando dos arranjos e composições.
Três anos depois, assinaram com a Abril Music e, em 1999, foi lançado o primeiro álbum, intitulado pelo próprio nome do grupo. A partir daí, surgiram os sucessos como “Vem Neném”, “Agachadinho” e “Elevador”.
Eu sempre quis contar em detalhes essa história de como surgiu a banda. Tento há anos conversar com Dona Graça. Mas ela, que é avessa à entrevistas, nunca aceitou. E sempre usou o mesmo argumento: ???artistas são os meninos, não eu. Encontrei com ela em algumas viagens e mais recentemente num shopping em Salvador. Claro ,que eu insisti: ‘- e ai Dona Graça vamos fazer essa entrevista. Ela nem tchuns (rs)’. Mas até hoje Dona Graça está ai na batalha. Não sei como vai ficar essa nova fase. Mas isso já e outra história. Já deixo aqui o meu convite para pelo menos ela fazer a moqueca de carne de sertão – que me foi prometida há mil anos – para eu comer!
Harmonia: bons de garfo e amantes de feijão
Por falar em comida, outro filme que me veio à mente quando soube da mudança na Harmonia do Samba, foi numa vigem à Europa quando a banda estava excursionando com Daniel Rodriguez (ex-empresário de Gilberto Gil e responsável pela Noite Baiana do Festival de Montreux na Suíça) em julho de 2002.
Depois de percorrer alguns países, eles chegaram à Suíça. Encontrei todos eles no hall do hotel onde estávamos hospedados. Claro que baianos quando se encontram fora da Bahia – e do Brasil, principalmente – sempre fazem uma festa. Mas o comentário comum de todos era: a vontade de comer uma comida baiana, um feijão pelo menos.
Aí alguém, não me lembro quem foi, teve a feliz ideia de fazer uma feijoada. Agora o drama: onde encontrar, na distante Suíça, os ingredientes para uma, digamos suculenta feijoada? Mas como quem nasce na terra de todos os santos e orixás tem mesmo um quê a mais eis que surge uma baiana que morava há muitos anos em Basileia (na Suíça alemã). Se não me engano ela era artista plástica que residia fora do país há muitos anos e prometeu atender esse pedido.
Claro que ela não achou todos os ingredientes necessários. Mas, numa loja que vendia produtos africanos deu para conseguir o mínimo para uma boa feijoada e saciar a fome da galera. Quando foi anunciada que a feijoada chegaria até Montreux foi uma explosão de alegria. E quando, finalmente, chegou virou Carnaval. Lembro-me como se fosse hoje que formamos uma fila com Xanddy à frente para fazermos os pratos.
Desejo saciado, todos não escondiam a felicidade com o prato tão comum na Bahia e raro na Suíça. Depois de nos lambuzarmos com direito a farinha (imagine) e o molho lambão, parece que as energias dobraram. E no próximo show todo mundo tocou e cantou como nunca. Ah! Esse feijão. Agora só não me recordo se era o que chamamos de mulatinho ou o preto. Seja qual tenha sido me lembrei do sucesso do saudoso Gonzaguinha com a música Feijão Maravilha que virou tema de novela homônima na Globo, gravada pelo grupo As Frenéticas.
Feijão tem gosto de festa
?? melhor e mal não faz
Ontem, hoje, sempre
Feijão, feijão, feijão
O preto que satisfaz
Sinônimo de Sucesso
Desde que lançou pelo selo Abril Music em 1999 o primeiro álbum, chamado Harmonia do Samba, a banda emplacou um sucesso atrás do outro. Como esquecer de hits como “Vem Neném”, “Agachadinho” e “Elevador”? Na sequencia com o disco O Rodo, outras pancadas como “Paradinha” e “O Rodo”. Em paralelo Xanddy foi escolhido o melhor cantor do Carnaval de Salvador em 2004 pelo prêmio Band Folia
E com o passar dos anos a banda emplacou sucessos como “Overdose de Carinho”, “Tira a Mão do Bolso”, “Peneira”, “Destrambelhada”, “Mata Papai”, “Ficou de Mal”, “Deslizando”, “Quebra e Samba”, “Batifun”, “Samba Merengue”, “Comando”, “Selo de Qualidade” entre outras.
Além disso a banda, em especial Xanddy, tornou-se queridinho de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Sempre que passa pelo Camarote Expresso 2222, Gil faz questão de ir para a Varanda e muitas vezes canta com Xanddy. Em 2017, Gilberto Gil e Flora realizaram em sua casa A Melhor Terça-feira do Mundo quando reuniram Xanddy, Bimba e Alyson do Harmonia do Samba, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Márcia Castro e Regina Casé para uma noitada musical.
Agora, Xanddy Harmonia reitera que os compromissos que ainda estão agendados com a “Harmonia do Samba” serão cumpridos. Entre eles, o cantor comanda a sequência de lançamentos do projeto Good Vibes, projeto audiovisual gravado em agosto de 2022. Depois, é ‘tchau,neném’ e ‘Vem, Xanddy Harmonia!” com muito feijão e pagodão de melhor qualidade.
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