Tim Maia 80 anos: soulman aloprou durante show na Bahia em 1993; relembre

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Tim Maia em outro show em Salvador, em 18 de dezembro de 1993

Parecia tudo fora do lugar naquela noite de 26 de junho de 1993: pra começar, Tim Maia tinha baixado em Salvador para ser a principal atração de uma festa, olha �??que beleza�?�, de São João! Em seu show, claro, nem sinal de forró, assim como na apresentação anterior, do Ilê Aiyê. Mais provas de que era uma noite estranha com situações esquisitas foi a aparição de dois famosos atores de novela, que subiram no palco para recitar poema e falar um monte de groselha ao ponto do próprio Tim, que tava bebaço, voltar ao prumo admirado com a maluquice de um deles.

Quem é eu deixo pra contar no final, porque primeiro tenho que lembrar como o cantor, que completaria 80 anos na próxima quarta-feira (28), se excedeu no Parque de Exposições numa longa e caótica apresentação, na qual não conseguiu concluir uma canção sequer. Também como de costume, Tim reclamou o tempo todo do som, provocou quem tava quieto, fez piadas inconvenientes e sexistas, criticou a organização, o policiamento… Sobrou até para quem não tava.

�??Olha o retorno, meu filho! Deixa a voz como tá, não mexe! Qual é a desse cara? Tá pensando que eu sou Luiz Caldas? (…) Bota mais eco, põe mais agudo. Tá pensando que eu sou Caetano? Esse cara quer me sacanear�?�, foram alguns dos comentários no show, que durou quase três horas, conforme relato do repórter Luiz Lasserre.

O título e a linha de apoio da matéria são um preâmbulo bem delimitado da performance: �??Tim Maia confirma que vale tudo em seus shows�?? e �??Sem cantar uma música na íntegra, o aloprado soulman atiça o público com doidices�??.

Renascer
O primeiro desvario geral era uma interrogação específica: será que ele vem? O texto descreve o clima na plateia. �??Todo mundo esperava Tim Maia, que durante a semana reforçara a imagem de maldito, ao deixar Faustão e a Globo esperando em vão sua aparição dominical na telinha. �??Ele vem. Me disseram que já está na cidade�??, de em boca corriam as notícias. �??Ih, tão dizendo que ele chegou, mas está bêbado no ônibus sem querer tocar�??, soavam os boatos, só desfeitos quando o vozeirão atacou de �??Vale tudo�??, coisa que todo mundo já sabia, só não tinha ideia que o refrão seguinte seria berrado em tom profético: �??Cheguei, quero ficar bem à vontade�??. E mais �??à vontade�?? impossível�?�.

Dias antes, em 20 de junho, o Domingão do Faustão tinha anunciado Tim como a atração principal do programa, mas o homem não deu as caras. O apresentador mostrou que quem sabe faz ao vivo, contornou a situação, mas dias depois, o então chefão da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni), publicou memorando proibindo a participação do cantor em outros programas da emissora.

Ao saber da retaliação, Tim atacou Boni e a Globo, disse que não precisava da emissora nem de ninguém para nada, e que não tinha contrato com o grupo. Ainda justificou que não foi porque estava muito cansado após uma apresentação no dia anterior. Não baixou a cabeça, e a retaliação se estendeu: a música �??Essa tal felicidade�??, interpretada pelo artista e que era um dos temas da novela �??Renascer�??, foi tirada do ar, e a relação entre Tim e Globo era estremecida por anos.

Pentelhando
Bêbado e ficando cada vez mais durante o show, Tim Maia passou dos limites em vários momentos. �??Teve de tudo. Do momento em que a poderosa banda Vitória Régia (com alguns músicos improvisados) atacou os acordes de �??Vale tudo�?? e �??Descobridor dos sete mares�?? – por volta de uma hora da madrugada – até a repetição dos dois hits, 2h40 minutos depois, o tal Palco Azul do Arraiá amarelou, corou, ficou roxo de adrenalina�?�, cita a reportagem. 

�??Era o velho Tim, mesmo. Só que o mesmo motivo que seria o bastante para fazê-lo abandonar o palco, o fez remanchar em cada música, que durava dezenas de minutos. A interpretação era sempre segurada pelo backing vocal. Tim cantava partes, reclamava horas, contava piada, cantava gatinhas, curtia com os homens: �??Esse cara tá careca e não sabe. �? pra ali. Esse segurança cheirou? Só fica mastigando�?��??�?�, descreve o repórter. A turma da sonorização, claro, era o alvo preferencial: um operador foi chamado de alce e os demais de cornos.

Mas os fãs, em geral, foram poupados, afinal, Tim �??estava louco de amores pelo público�?� baiano. �??Brigou com seguranças e com a PM. Fez média. Em um momento se dirigiu a uma desmilinguida dançarina privilegiada por estar no palco com credencial. �??Pô, ela é gostosa pra caramba. Mas não é só você não, viu, gatinha? Aí embaixo está cheio de princesinhas lindas�??. A galera vai à loucura�?�.

Entre as brincadeiras com mulheres, ainda teve a hora que uma jovem subiu no palco e o abraçou, chorando. Tim perguntou o nome da moça, depois a mandou para trás do palco, e falou com cara de sacana: �??Ela é amarrada em mim. Tenho culpa se a menina tem problema de visão?�?� O público também riu.

Ainda aplaudiu quando ele se rebelou contra a grade de segurança que mantinha a galera afastada do palco: �??Isso é segura-boi, tem que tirar isso, qual é a da produção?�?� Nessa hora, um fã incitado tentou pular a barreira, e foi pego pelos seguranças e pela PM. �??Solta este cara. Por que estão levando ele? Porque queria pular? Pois tragam ele, que depois do show vamos tomar um uísque no camarim�?�. E aí o cara e a namorada subiram e ficaram ao lado da banda, fazendo coreografias. 

�??O público vai novamente à loucura e já não há nenhum �??segura-boi�??. �? neste momento em que todos se aproximam dele, já sentados na beira do palco, que Tim Maia está mais bêbado e feliz. Desconfiado, toca nas mãos das pessoas, mesmo morrendo de medo de ter seu corpo mastodôntico puxado para baixo. �??Aperta minha mão, mas não puxa�??, repetia assustado. Depois confessa: �??Eu morro de medo de avião, mas tomei uma gorobas e vim pra aqui e está o máximo�??�?�, relata o texto.

Vamp
E se a relação com a Globo estava estremecida, com os funcionários da emissora a história era outra. �??A explosiva dupla Guilherme Leme e Vera Holtz adentrou o palco. Primeiro ela, chamada por Tim Maia: �??Venha Vera, anuncia a sua peça. Esta é a Vera Vamp, poxa, como você tá gostosa?�??, gritou o gordo para mudar de adjetivo depois que La Holtz e Guilherme Leme entraram trôpegos para ler um poema feito por ele para o Tim. Depois da leitura tipo �??Tim Maia, além de Tim, você é massa (sic)�??, o homenageado retribui: �??Pô Vera, você é doidona, hein, não sabia que você era tão doidona�?��??�?�, espantou-se o artista em seu teatro dos vampiros particular, no qual o que era demais nunca era o bastante.

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