Entre os candidatos do Distrito Federal que concorreram às Eleições 2022, a uma vaga no Poder Legislativo, pelo menos 12 receberam uma grande verba para a campanha, mas uma quantidade ínfima de votos. Levantamento feito pelo Metrópoles mostra que há candidatos, por exemplo, que tiveram R$ 500 mil para investir no pré-pleito e receberam apenas 349 votos.
Foram considerados os postulantes a uma vaga na Câmara Legislativa do DF (CLDF) ou a uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Entre os candidatos à Câmara Federal, o caso que mais chama a atenção é de Adriana Mangabeira (MDB). Foi ela quem recebeu R$ 500 mil, mas conquistou 349 votos. A Doutora Maju Monteiro (Pros) é outro caso ??? com R$ 400 mil de verba, teve 362 votos.
Para Adriana, cada voto teria custado R$1.432,66. Para Maju, R$1.104,97.
Veja a relação dos candidatos à Câmara dos Deputados que se encaixam no perfil:
Câmara Legislativa Em relação aos que tentaram uma vaga na CLDF, dois casos se destacam. Karen Lúcia e Luciano Vigilante, ambos do Pros. Ela recebeu R$ 100 mil para investir na campanha, mas conseguiu 80 votos. Já ele, com R$ 400 mil, angariou 103 votos.
Cada voto de Karen custou R$ 1.250 e de Luciano, R$ 3.883,49 ??? o mais caro de todos que entraram na análise.
Alguns dos candidatos que chegaram a ser eleitos como suplentes também apresentam uma disparidade entre verba e número de votos. ?? o caso de Jussara Faveiro (PSD), que, com 219 eleitores, contou com R$ 80 mil para o período eleitoral.
Lívia Saraiva (MDB) também chama a atenção, pois, com 134 votos, recebeu R$ 106,5 mil de verba para a campanha.
Veja a relação completa dos candidatos à CLDF:
Análise A cientista política Noemi Araújo avalia que é preciso ter atenção às candidaturas em que há grande diferença entre a verba recebida e o número de eleitores conquistados. ???Os partidos acabam destinando maiores recursos para as candidaturas que têm mais força, maior possibilidade de vitória. Quando a gente olha para esses montantes que foram repassados para candidaturas que não tiveram o desempenho esperado ou proporcional ao recurso que receberam, é passível, sim, que haja uma investigação do Ministério Público para verificar se não se trata de uma candidatura laranja. Porque isso, de fato, pode acontecer e, infelizmente, tende a ocorrer muito mais com candidaturas femininas???, afirma. A especialista afirma que pode ter sido, também, um erro de estratégia por parte dos partidos e dos postulantes aos cargos. Porém, ela destaca que todos os candidatos, eleitos ou não, devem prestar contas à Justiça Eleitoral. ????? neste momento que o Ministério Público deve atuar.??? Posicionamentos A reportagem tentou contato com os partidos dos candidatos que aparecem no levantamento. O PSD afirmou, em nota, que procurou ???respeitar, cumprir e incentivar??? as candidaturas femininas, aportando nelas os recursos específicos.
???Mas a questão vai além de valores financeiros, como se constata em múltiplos exemplos em diferentes partidos e unidades da Federação, onde a relação recursos e votos não se mostrou proporcional. No caso, as duas são candidatas combativas, preparadas e que se dedicaram integralmente ao processo eleitoral. Talvez precisem de maior visibilidade para alcançarem melhores resultados???, diz a nota do PSD.
O Republicanos informou que a candidata Débora Glamurosa é uma mulher negra e com história de luta, por isso, o partido viu potencial e decidiu investir nela.
Os outros partidos não responderam ou não foram encontrados. O espaço segue aberto para manifestações.
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