Quatro amigos, com diferentes relações entre si, mas unidos por um elo: a musicalidade dos pais. A relação que os pais tiveram ao longo da vida com a música acabou juntando Migga, João, Raysson e Zaia para criar a banda Filhos da Bahia. O nome não é por acaso: os jovens artistas são filhos, respectivamente, de Carlinhos Brown, Saulo Fernandes, Tonho Matéria e Reinaldinho.
Mais velho do grupo, Zaia, 27, é o líder da equipe e também responsável pela voz. Miggas é baterista e tem 25 anos, assim como João, percussionista que começou a estudar canto para se arriscar na voz daqui a um tempo. Raysson também toca percussão e é o caçula, com 18.
O primeiro lançamento do grupo é uma versão de Eu Também Quero Beijar, de Pepeu Gomes, música que também batiza a festa que terá sua primeira edição em Salvador, no dia 27 de Novembro – como contaram em primeira mão ao CORREIO.
A versão da canção foi publicada no último dia 14 e já ultrapassou 270 mil visualizações no YouTube. Zaia garante que o axé beat do grupo recebeu elogios de Saulo. Mas, o que seria exatamente esse estilo?
O vocalista explica: �??Nós pesquisamos muito o movimento do axé music, sobretudo por nossos pais serem pessoas-chave no movimento. Quando a gente fez o projeto, fui fuçar a história, o processo todo. Da parte musical à mercadológica da coisa. Há um movimento novo na Bahia, que tem o axé como base. E aqui eu falo de tudo que foi produzido: o pagode, o axé, como o povo diz lá fora, onde o Psirico é axé, o Harmonia é axé�?�, afirma.
Zaia cita bandas do novo cenário, como Attooxxá e BaianaSystem, que seriam influenciadas pela cena axé. �??Costumamos dar o nome de axé beat porque fica mais forte, nos recoloca. Ter o nome para isso que tem acontecido pra gente é importante. Consideramos tudo que rola de novo, com influências do pop, do trap, dos beats eletrônicos�?�, completa.
A ideia nem era começar lançando uma versão, mas eles a fizeram e a equipe da distribuidora sugeriu começar por aí. Em números, vem dando certo. A releitura dos Filhos da Bahia mistura o hit de Pepeu Gomes com pop, trap, funk, pagode e até um pouco de Lo-Fi.
João conta que a junção do quarteto aconteceu numa mistura de acaso com a vontade. Ele queria fazer um projeto com Miggas. Ao mesmo tempo, tinha muita proximidade com Zaia, de quem era vizinho. Quando trouxeram o caçula da trupe para perto, decidiram que não dava para fugir do que estava sendo construído por ali.
�??Conheço todo mundo desde pequeno e juntar essa galera, com esse contexto dos pais sendo amigos, é meio que uma celebração dessa amizade, desse momento. Fico feliz e honrado de participar disso�?�, explica Miggas, que é multi-instrumentista e também participa da direção e produção musical do grupo.
As autorais e os pais
Raysson garante que os pais irão participar do projeto e, aos poucos, estarão presentes nas produções. �??Acho que não tem como fugir e também é muito legal que eles participem. Eles já estão bem presentes, já nos dão toques, dicas�?�, explica.
A banda não quer ficar só nas versões e já têm um lançamento engatilhado para 2022: a música Frio, que já está gravada e deve sair no próximo mês de novembro.
�??Produzimos algumas músicas, com pessoas que admiramos. Frio foi nossa primeira composição, como um grupo. Uma canção bonita, romântica, com groove legal. Estamos empolgados em apresentar o lado autoral, com influências, referências. Cada pai aqui tem características e temos as referências dele. Misturar isso e ter um resultado que nos deixa contente é massa. Agora é a curiosidade para saber como as pessoas vão receber�?�, projeta Miggas.
Os quatro se mostram conscientes do privilégio de começar com uma estrutura e todo um background oferecido pelos pais, já bem sucedidos na música, com bons contatos e uma larga experiência na carreira. Por isso, tentam ser respeitosos com as versões que fazem, os projetos que tocam e, principalmente, com a história daqueles que vieram antes deles – com condições bem mais adversas.
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