Jaboticatubas – O abrigo improvisado não impede que o calor corpóreo se dissipe pelo chão, vento e umidade do orvalho. A fome habita um corpo de reduzida energia, ainda assim diariamente empenhado em vasculhar no mato qualquer coisa para mastigar, água, lenha, riscar fogo com elementos naturais, ferver a água para matar a sede após longo resfriamento.
Assim, na mata de Jaboticatubas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a Escola Mestre do Mato forma alunos e os prepara para um dos reality shows mais extremos: o “Largados e pelados”.
A segunda temporada da atração, exibida no canal Discovery Channel, estreia hoje. A reportagem do Estado de Minas passou por esse treinamento e relata histórias de superação na natureza selvagem.
Com esses flagelos martelando incessantemente, por 10 dias, a resistência da pessoa é forjada, sendo ainda exigido moral para manter relações pessoais e aprender técnicas para não ser vencido pelos desafios diários e potencialmente fatais.
O curso é chamado Cobra Criada e foi desenvolvido pelo instrutor de sobrevivência e técnicas de bushcraft (artes do mato) desde 2008 Giuliano Toniolo, referência nacional e internacional nos assuntos e também consultor de programas relacionados aos temas. A primeira coisa que se precisa saber, no entanto, é que ninguém fica pelado ou seminu durante os 10 dias do treinamento, ao contrário da exigência de se despir no programa “Largados e pelados”.
“Aqui, tratamos com alunos que vêm para receber um treinamento. Não preciso expô-los a um risco tão grande para que entendam o desafio que é estar no meio ambiente hostil e ter de sobreviver com poucos recursos. É uma questão de lógica, de bom senso e de ética também. Além do mais, no programa há todo um aparato com estrutura, com médicos e helicópteros preparados para socorrer alguém que se exponha sem as roupas a exigências tão severas”, afirma Toniolo.
Momento de aprendizado
O instrutor prega que a base do treinamento é adquirir um repertório que permite fortalecer o chamado “triângulo da sobrevivência”, as bases que tornam a pessoa mais capaz de resistir a um ambiente inóspito e seus desafios. “Abrigo, água e fogo. Isso é importante que aprendam desde o primeiro dia. Os alunos precisam manter esse triângulo diariamente. Têm que trabalhar todos os dias para pegar lenha, ferver a água e ainda participar das atividades que são propostas durante esse período”, afirma.
Inscrita no programa após indicações, a gestora administrativa Laís Guimarães, de 35 anos, é uma amante dos acampamentos e técnicas primitivas. Saiu de Itapecerica da Serra (SP) para ter as aulas e a vivência. “Ainda não sei se (o “Largados e pelados”) é uma coisa que eu encararia. Vim para o Cobra Criada pela experiência de viver na selva com poucos recursos, pelas oficinas de abrigo, corda e fogo primitivo, que gosto bastante”, disse.
O advogado Carlos Eduardo Rennó Junior, de 36, viajou de São José dos Campos (SP) para também ter a experiência dos programas de sobrevivência a que gosta de assistir, mas sem ter de participar de um reality. “Sou entusiasta dos programas e resolvi encarar esse desafio de 10 dias, com poucos recursos e muito aprendizado, já sabendo que não é nada fácil”, conta.
Os primeiros passos são muito similares ao programa. As mochilas são inspecionadas para que apenas itens mínimos possam ser levados, como facas, pederneiras (bastões para riscar e conseguir fagulhas para tentar fazer fogo), uma panela, agasalho, entre outros.
Depois, os participantes começam uma marcha pela rodovia MG-010 e se embrenham no mato. Os de olhos mais atentos podem reconhecer e coletar recursos pelo caminho, como limões-capeta, coquinhos de macaúba e ervas. São três quilômetros até o campo de atividades, onde os instrutores dormem em redes em volta de uma fogueira.
A primeira metade do curso é uma fase de aclimatação. Os alunos são expostos às técnicas que eles precisarão para o restante do treinamento. “Vão precisar receber instruções de termodinâmica, perda e ganho de calor para iniciar um abrigo precário. Receberão pouca ajuda e apenas uma mão de arroz por dia para cada um se alimentar”, destaca o instrutor Giuliano Toniolo. A construção do abrigo é uma corrida contra o cair da noite, pois os alunos não levam lanternas e no interior da mata a luz se esvai muito mais rápido.
Carlos Eduardo e Laís optaram por uma montagem de barraca no chão em forma de tripé. O esqueleto foi formado a partir de lenhas compridas arrastadas de dentro do mato, desbastadas com facões e amarradas com cordas. Uma lona fina recobriu a estrutura, que ficava a 50 metros do campo dos instrutores.
Enquanto isso, a fogueira precisou ser acesa, lenha e água coletadas. Um exercício que precisa ser diário, já que, desidratados, os aventureiros não duram muito, como a própria reportagem pôde sentir na pele.
Frio e desconforto são desafios na primeira noite
A primeira noite no abrigo improvisado é um inferno. O frio e o desconforto de dormir sobre o chão coberto por uma fina e esmagada camada de folhas cobra seu preço. Resume o descanso a pequenos cochilos e ao constante despertar com a tremedeira incontrolável de todos os músculos do corpo se congelando.
Sair do abrigo e se aquecer na fogueira traz alívio. Dádiva menor apenas do que o morno raiar do sol. Sob as árvores e a fumaça azulada da lenha, aos poucos recomeçam as atividades básicas. Muita lenha precisa ser estocada e a água recolhida de um rio a 1,5 quilômetro do acampamento. A fome no início parece indomável, como o fantasma de se imaginar sem água suficiente para saciar a sede, que vem em ondas e parece invencível.
O manejo de praticamente todos os equipamentos é revisado por Giuliano Toniolo. O instrutor ensina técnicas eficientes e seguras para cortes com as facas e golpear com os facões. A identificação, escolha e remoção de tiras de cascas de cipós e árvores para confeccionar cordas mostra que nem tudo é selvagem e brusco, mas artes que levam tempo e paciência.
A soma do selvagem, do duro e do paciente também é necessária para obter fogo. Da procura e processamento da madeira e cascas ao acendimento com as fagulhas das pederneiras. O que se torna ainda mais crítico, desgastante e sem garantias quando se aprende a tirar uma mínima brasa usando um arco e uma broca de madeira (bow drill). A técnica é rotacionar a broca sobre uma prancha a partir do movimento firme de vaivém do arco, mas até a umidade do ar pode arruinar tudo.
Aos poucos, o abrigo e a fogueira são aprimorados. As noites frias e insones vencidas, não mais tirando a concentração dos alunos. A fome e a sede já quase domadas. Aprenderam a montar armadilhas, a identificar rastros de animais, a fazer nós diversos e amarras.
Quando uma fagulha de sentimento de domínio sobre o território enseja se propagar em chama na alma de cada um, chega a hora de desmanchar tudo e partir para um segundo local de acampamento. Uma longa marcha por morros na densa floresta atlântica e no emaranhado cerrado mineiro.
Cooperação
No novo local, sozinhos, os alunos aprendem a montar um abrigo suspenso, iniciam outra fogueira, vasculham terrenos desconhecidos atrás de lenha e recursos. As técnicas já absorvidas, a resistência adquirida pelos seus corpos e mentes lhes permite se unirem e, mais uma vez, dominar o ambiente. Tanta dificuldade muda completamente o espírito dos participantes. Os alunos entraram no curso imaginando como resistiriam se vendo sozinhos. Terminaram cooperando como irmãos de uma família, e a luta passou a ser para que todos sobrevivessem juntos.
“A gente sai daqui maior e mais forte. Com um grande respeito pelos participantes do programa. Com roupas e um mínimo de comida, já não é fácil. Pelado e com o estresse da mata é um teste extremo. Um gosto disso a gente tem aqui na Escola Mestre do Mato”, disse o aluno Carlos Eduardo, que perdeu quatro quilos após a experiência. “Valeu super a pena. Um desenvolvimento pessoal que faz enxergar melhor e ter gratidão pela vida e por tudo que temos. Depois de 10 dias, mesmo com roupa e um mínimo de recursos já é difícil. Imagina pelada, tendo de caçar, pescar”, pondera Laís, que saiu três quilos mais magra.
O repórter Mateus Parreiras perdeu 5kg durante o desafio.
O Museu de Ciências Morfológicas (MCM) da UFMG é responsável pela extensão entre o estudo de células, embriões, tecidos e anatomia com toda a comunidade da capital. Fundado há 27 anos pela professora Maria das Graças Ribeiro, o museu é focado no ser humano, com a maioria da exposição sendo composta por materiais reais.
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