Em meio a onda sem precedentes, China deixa de divulgar números diários da Covid-19

Publicado em

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Governo flexibilizou a severa política de ‘covid zero’, adotada desde o início da pandemia, após dias de protestos contra a rigidez das medidas, mas viu casos de infecção pelo coronavírus explodirem

Noel CELIS / AFP

Muitos hospitais da China estão sob pressão devido ao aumento de pacientes com Covid-19 e a escassez de remédios

A China anunciou neste domingo, 25, que vai parar de publicar seus polêmicos dados sobre a Covid-19, muito criticadas pela defasagem a respeito da atual onda da epidemia que afeta o país. A Comissão Nacional de Saúde da China, que tem status de ministério, não publicará mais os números diários de casos e mortes pela doença como acontecia desde o início de 2020. A instituição não divulgou nenhuma explicação para a medida, mas os dados já não refletiam a onda de contágios sem precedentes que afeta a China desde 7 de dezembro, data em que o governo flexibilizou as severas medidas de saúde da política de “covid zero”. Antes, os exames PCR, que eram quase obrigatórios, permitiam monitorar com segurança a tendência da epidemia. Atualmente, as pessoas infectadas fazem testes em casa e normalmente não comunicam os resultados às autoridades, o que impossibilita a compilação de números confiáveis. “A partir de hoje, não publicaremos mais os dados diários sobre a epidemia”, afirmou a Comissão Nacional de Saúde.

A comissão acrescentou que o Centro Chinês para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC) publicará informações sobre a epidemia, para possibilitar referências e pesquisas, mas sem especificar quais dados serão divulgados ou a frequência dos balanços. Os chineses, que constataram a discrepância entre o nível de contágios e as estatísticas, receberam o anúncio com sarcasmo. “Finalmente acordaram e perceberam que não podem enganar as pessoas com números subestimados”, escreveu um cidadão na rede social Weibo. Outra pessoa comemorou a notícia ao afirmar que a comissão “era o maior escritório de fabricação de estatísticas falsas do país”. Outra controvérsia que desacreditou as estatísticas oficiais foi a nova metodologia imposta pelo governo: apenas as pessoas que morrem como vítimas diretas de insuficiência respiratória vinculada ao vírus são contabilizadas como óbitos por Covid-19.

Desde que as restrições foram suspensas no país, as autoridades chinesas notificaram apenas seis mortes em decorrência da infecção. Muitos funcionários de crematórios entrevistados nos últimos dias pela AFP relataram um aumento expressivo do número de cadáveres, uma situação que foi ignorada em grande medida pela imprensa chinesa. A metrópole de Guangzhou, com 19 milhões de habitantes, anunciou o adiamento das cerimônias fúnebres para “após 10 de janeiro”. “Se for decidido (pelas famílias) não organizar uma cerimônia de despedida, então o corpo pode ser cremado diretamente, como em tempos normais”, anunciou o governo da cidade em um comunicado. Uma versão anterior do comunicado citava “um volume significativo de atividade recente” para justificar a medida. A menção, no entanto, foi posteriormente retirada, porque as autoridades desejam passar a imagem de uma situação sob controle.

Muitos hospitais estão sob pressão devido ao aumento de pacientes com Covid-19 e a escassez de remédios contra febre. Alguns governos locais começaram a divulgar estimativas sobre a dimensão da epidemia. As autoridades de saúde de Zhejiang, ao sul de Xangai, indicaram que o número de contágios diários supera atualmente a barreira do milhão nesta província, que tem quase 65 milhões de habitantes. Em Qingdao, uma cidade de 10 milhões de habitantes no leste do país, meio milhão de pessoas são infectadas diariamente com a Covid-19, segundo uma autoridade local de saúde. Pequim notificou “um grande número de pessoas infectadas” no sábado, com um apelo para “fazer todo o possível” para melhorar a situação e reduzir a taxa de mortalidade.

*Com informações da AFP

Que você achou desse assunto?

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- Publicidade -

ASSUNTOS RELACIONADOS

Governadora cotada para ser vice de Trump matou a tiros o próprio cão

A governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, cotada para ser vice de Trump nas eleições presidenciais, revela em seu próximo livro, com lançamento previsto para 7 de maio, que precisou atirar em seu próprio cachorro, Cricket, devido a seu comportamento agressivo.  O relato foi divulgado pelo jornal britânico The Guardian, que teve acesso a

Polícia prende ao menos 300 manifestantes pró-palestina em universidades de Nova York

Ao menos 300 pessoas foram presas nesta quarta-feira (1) em uma intervenção policial contra manifestantes em universidades de Nova York, Estados Unidos, como Columbia, o coração dos protestos pró-palestina que se espalharam pelos Estados Unidos, anunciou o prefeito da cidade, acusando pessoas de fora de quererem semear o “caos”. “Aproximadamente 300 pessoas foram presas na Universidade

Reino Unido começa a deter migrantes que serão deportados para Ruanda

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As autoridades britânicas começaram a deter migrantes para enviá-los para Ruanda nas próximas semanas, informou o governo na quarta-feira, preparando o terreno para iniciar a política de imigração principal do primeiro-ministro Rishi Sunak. Na terça-feira passada, o Parlamento britânico aprovou uma lei que permite expulsar para Ruanda migrantes que chegaram