Premiê do Reino Unido demite líder conservador por falta de transparência fiscal

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em nova crise política no Reino Unido, o premiê Rishi Sunak anunciou a demissão neste domingo (29) do correligionário e presidente do Partido Conservador, Nadhim Zahawi, depois que uma investigação apontou violações do código ministerial por falta de transparência fiscal.

Zahawi, que também atuava como ministro sem pasta no gabinete de Sunak, passou a ser alvo de fritura após a revelação de que o HMRC, departamento britânico responsável pela coleta de impostos, havia iniciado uma investigação para apurar irregularidades financeiras.

Zahari admitiu que foi “descuidado” com seus impostos, mas afirmou que não cometeu nenhum erro de forma deliberada e que fez ao HMRC os pagamentos de contas retroativas e multas para regular a situação -o valor pago, segundo o britânico The Guadian, teria chegado a 4,8 milhões de libras (R$ 30,1 milhões). O caso aconteceu quando o político conservador era ministro das Finanças no governo de Boris Johnson, de julho a setembro do ano passado.

Em um primeiro momento, Sunak manifestou apoio a Zahawi. Diante da repercussão do caso, porém, o premiê determinou na última segunda-feira (23) a abertura de uma investigação independente.

Em carta, Sunak afirmou que a revisão “deixou claro que houve uma violação grave do Código Ministerial”. “Quando me tornei primeiro-ministro no ano passado, prometi que o governo teria integridade, profissionalismo e responsabilidade em todos os níveis”, escreveu.

Além de irregularidades fiscais, Zahawi foi acusado de quebrar o código de ética ministerial ao não ter incluído o pagamento da dívida em sua declaração de renda. Ele tampouco informou Sunak ou sua antecessora, Liz Truss, sobre o caso.

O episódio amplia a instabilidade no Partido Conservador. Depois de 13 anos no poder, os conservadores tiveram a reputação abalada por escândalos de conflito de interesses. Isso levou ao aumento das acusações de corrupção por parte da oposição trabalhista, que atualmente lidera as pesquisas de intenção de voto.

Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, chegou a acusar Sunak de ser “irremediavelmente fraco” por relutar em demitir Zahawi. Ele aproveitou a situação para lembrar que a esposa do premiê, Akshata Murty, foi acusada de sonegar impostos ao se declarar “não residente” às autoridades fiscais britânicas -esse status livra alguns estrangeiros de pagarem impostos caso tenham a intenção de retornar a seus países de origem.

Zahawi é a segunda baixa na equipe de Sunak. Em novembro, poucos dias após o premiê assumir o cargo, Gavin Williamson, também ministro sem pasta, deixou o governo devido a acusações de assédio moral.

Em outubro, Sunak substituiu Liz Truss, que deixou o posto após 44 dias ao falhar em um ousado programa econômico de corte de impostos e novos auxílios para combater a alta no custo de vida e a crise de energia desencadeadas pela Guerra da Ucrânia.
Truss, por sua vez, foi a sucessora de Boris Johnson, que renunciou após uma série de crises, incluindo o “partygate”, episódio no qual vazamentos em série revelaram festas na sede do governo num momento da Covid em que os ingleses estavam proibidos de se reunir em ambientes fechados.

No último dia 11, Partido Conservador do Reino Unido anunciou o afastamento do deputado Andrew Bridgen após ele compartilhar no Twitter uma série de afirmações falsas sobre vacinas contra a Covid.

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