“Não foi fácil, mas houve entrega”: Jorge Washington revela bastidores de Ó Paí Ó 2 e projetos culturais

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Ator, produtor cultural, afrochef e pai. Jorge Washington assume todos os papéis que a vida veio lhe possibilitando nesses anos e garante que ser citado como um dos maiores nomes no meio artístico de Salvador o envaidece mas não o mascara. 

“Encaro isso com muita responsabilidade, como tudo que eu faço na minha vida. Eu encaro que estou cumprido uma missão neste mundo. Uso a arte como ferramenta de expressão, transformação”, contou o ator ao Bahia Notícias. 

Nos palcos desde 1984, com passagem pelo extinto Grupo de Teatro Calabar e dedicando três décadas ao Bando de Teatro Olodum, Jorge diz enxergar seu trabalho como espaço de luta.

“Estar no palco para mim é luta também, estar na cozinha trabalhando com essa culinária de raiz, de identidade para mim é só responsabilidade. É uma responsabilidade muito grande ser referência, às vezes dá um frio na barriga”, admite o ator. 

Jorge ainda lembra quando recebeu a Medalha Zumbi dos Palmares pela Câmara Municipal de Salvador, proposta pelo na época vereador Moisés Rocha. 

“Eu perguntei a ele: ‘Por que eu?’ Ele respondeu: ‘Por que seria muito fácil para mim homenagear Lázaro Ramos, Érico Brás, que estão no Rio fazendo sucesso. Mas e quem está aqui? Fazendo reboco, botando tijolo por tijolo?’ Aí eu entendi a referência e aceitei”. 

Quanto a se dividir entre as funções de artista e chef culinário, Washington declara que é muito difícil escolher seu lugar favorito. 

“Eu amo todas essas funções que eu exerço porque são todas expressões de arte. Estar no palco pra mim é uma alegria. Pra mim está muito junto um com o outro. Quando eu estou na cozinha, quando eu estou preparando uma comida, quando eu estou ensinando uma receita, ministrando uma oficina de culinária afetiva, ou quando eu estou ensaiando, quando eu estou criando. É muito junto os sentimentos. Como é que eu consigo me dividir com tudo isso? Muito mingau de cachorro (risos)”, brinca Jorge.

“São atividades que me fazem bem e onde eu exercito essa minha arte que está na veia que está no meu desejo de manifestação e eu sou feliz com isso. E graças a Deus eu tenho conseguido dialogar com o meu público, com as pessoas e tenho conseguido tanto no no teatro, no cinema, como na cozinha também”, concluiu.

O amor pela culinária surgiu muito antes do encontro com o teatro. Jorge lembra de estar na cozinha desde criança ajudando sua mãe. Nascido e criado no bairro da Liberdade, o artista de 59 anos de idade conta que tem forte memória afetiva da década de 70. 

“Eu tenho uma memória afetiva muito grande nesse período das comidas que se fazia. A semana santa com aquela fartura de comida nas casas, no São João, no Natal, isso e o colorido da cozinha sempre me contagiou. E eu sempre cozinhei. Comecei cozinhando pros amigos, cozinhando com a galera do Bando, reunindo amigos em casa… e teve uma hora que eu resolvi juntar tudo isso”. 

Tocando o projeto Culinária Musical há seis anos, Jorge uniu linguagem, música, dança, poesia, literatura e moda com comida. 

“Cada edição da Culinária Musical tem várias artes interagindo e eu venho trabalhando essa culinária de memória, que eu chamo de culinária afetiva. E eu venho usando ingredientes que praticamente estão em desuso. Na nossa culinária eu faço maxixada de carne, moqueca de carne, bacalhau a martelo, anduzada. São receitas que você não encontra com facilidade no dia a dia, no cardápio na nossa cidade”, explica Jorge.

Apaixonado pelo projeto, Jorge Washington narra o projeto como uma vontade de juntar pessoas, fazer as compras na feira e tratar o ingrediente de cada receita.  

“Quando cada pessoa come e faz: ‘Humm, a sua receita lembrou minha vó, minha mãe…’ isso vai me deixando alegre!”.  

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Foto: Reprodução/Instagram lelebusattofotografias

Dando vida a ‘Matias’ no elenco de ‘Ó Paí Ó’ e presença garantida na sequência do filme dirigido por Lázaro Ramos, Jorge afirma que a equipe vai entregar um filme de qualidade para o público ansioso pela estreia. 

“O fato da gente ter grandes mulheres no comando a exemplo de Viviane Ferreira que foi a diretora, e ela já conhecer a trajetória e entender como que a gente trabalha, o bando sempre trabalhou com improviso e ela nos deixou muito à vontade para improvisar”, conta Jorge.

Com roteiro de Monique Gardenberg, Elísio Lopes Jr. e Daniel Arcadis, Jorge revela que não houve cobrança dos roteiristas para que tudo fosse cumprido ao pé da letra. O ator também avalia a direção de Lázaro Ramos como fator essencial no sucesso do longa gravado em apenas quatro semanas. 

“E foi uma correria louca, geralmente um longa é feito em oito semanas nós fizemos em quatro. Então era uma diária de 12 horas intensa ali, roteiro grande, cenas de três, quatro páginas, e não foi fácil não, mas houve entrega porque tem muita paixão por esse projeto, tanto dos atores como todos os envolvidos na direção na técnica. Então quando você trabalha com amor, a coisa flui. Eu tenho certeza que nós entregamos um grande filme”, analisa. 

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Foto: Reprodução/Instagram

Jorge conta com uma rotina agitada dentre os vários projetos que comanda e acompanha. Aos 18 anos foi funcionário público do Ministério da Saúde, função da qual já se aposentou, e desde então nunca parou de trabalhar. 

“Um dia eu estou dando aula, outro dia estou como mestre de cerimônias, no outro viajando pro interior pra apresentar o recital Vozes Negras, depois ensaiando com o Bando, no outro dia já é uma edição do Culinária Musical, depois estou pegando minha filha pra levar pra escola de dança, cuidando do meu filho de 2 anos… eu amo estar nesse corre-corre, não me pira, muito pelo contrário, eu sou uma pessoa muito concentrada e eu consigo fazer cada coisa com muito amor, com muita entrega e com muito carinho”. 

E mais aventuras e projetos são bem-vindos ao artista, que revelou que sonha em fazer um evento na festa de Iemanjá. 

“Estou aqui louco pra fazer um evento na festa de Iemanjá, só falta o espaço no Rio Vermelho pra eu fazer a festa Iemanjá ou uma edição do Culinária Musical no 2 de fevereiro!”

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