Centro de Boxe e Artes Marciais atende demanda represada desde demolição do Balbininho e une federações

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Inaugurado em setembro do ano passado, o Centro de Boxe e Artes Marciais da Bahia está atendendo uma demanda represada desde a demolição do Ginásio Antônio Balbino, o Balbininho, equipamento que ficava ao lado da antiga Fonte Nova. O Bahia Notícias esteve no Centro nesta terça-feira (7), onde conversou com os presidentes das federações de artes marciais do estado e conheceu toda a estrutura. 

Segundo os dirigentes, com o fim do Balbininho, em 2010, as federações ficaram “órfãs” de um local com a estrutura necessária para abrigar o treinamento de atletas e realizar grandes eventos. 

“Passamos para a AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), mas o custo era muito alto. O esporte amador não tem uma receita fixa. Você tem que ter paciência, procurar o governo do estado, que sempre nos ajudou, para fazer seus eventos e ter um espaço para treinamento dos atletas de alto rendimento, que são aqueles que vão representar a Bahia e o Brasil”, afirmou o professor Antônio Negreiros, presidente da Federação Baiana de Karatê (FBK). 

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Antigo Ginásio Antônio Balbino | Foto: Divulgação

Localizado no Largo de Roma, o Centro de Boxe e Artes Marciais atende, atualmente, cerca de mil pessoas. Uma delas é a pugilista Adriana Araújo, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. 

“É algo que há anos deveria ter. Mas tudo é no tempo certo. É uma oportunidade que os jovens têm que aproveitar. Uma estrutura que, eu, como atleta, com a experiência que tenho, a gente não encontra no Brasil todo. E professores qualificados. Sempre gostamos de esportes e isso é essencial para os jovens terem interesse de praticarem as modalidades”, destacou, em entrevista ao Bahia Notícias. 

O equipamento foi prometido pelo ex-governador Rui Costa (PT), atual ministro da Casa Civil, em 2016, após o ouro conquistado por Robson Conceição na Olimpíada do Rio de Janeiro. Contudo, sofreu com uma série de atrasos e só foi erguido em 2022. 

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Equipamento foi prometido por Rui Costa (PT) em 2016 | Foto: Nuno Krause / Bahia Notícias

Inicialmente, ele teria como foco apenas o boxe, modalidade responsável por trazer o maior número de medalhas olímpicas para a Bahia. Contudo, a própria Federação Baiana de Boxe (BOXEBAHIA) entendeu que era melhor compartilhar a responsabilidade com outras entidades. 

O motivo foi o precedente gerado pelo Centro Pan-Americano de Judô, hoje conhecido como Arena de Esportes da Bahia. Construído em agosto de 2013 e finalizado em dezembro de 2014, como parte do programa Brasil no Esporte de Alto Rendimento, o local deveria ser a sede do judô nacional. Contudo, após diversos imbróglios, a modalidade se acomodou no Rio de Janeiro. 

A reforma para transformá-lo em um centro esportivo mais amplo custou R$ 3 milhões aos cofres públicos.

“A própria federação de boxe disse: não quero esse problema. O judô teve esse problema. A própria federação tinha dificuldade em utilizar, porque era da CBJ (Confederação Brasileira de Judô). O boxe disse: é muito para a gente tocar isso aqui sozinho”, pondera Evandro Alves, o Vovô, presidente da Federação Baiana de Jiu Jitsu e MMA (FBJJMMA). 

Estão sediadas administrativamente no Centro de Boxe as federações de seis modalidades: boxe, taekwondo, jiu jitsu e MMA, muay thai, karatê e judô. 

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Bahia Notícias conversou com presidentes de federações | Foto: Nuno Krause / Bahia Notícias

“As federações são quem dialogam com a comunidade que pratica a modalidade. Estamos aqui dentro hoje, nós que sabemos fazer esse trabalho na ponta. Temos essa relação com a comunidade”, pontua Ricardo Caldeira, diretor da FBJJMMA. 

FUNÇÃO SOCIAL 

O Centro de Boxe e Artes Marciais disponibiliza aulas gratuitas de boxe judô, karatê, taekwondo, muay thai, MMA, aikido, kung fu. O que, para os dirigentes, abre uma série de possibilidades para o esporte exercer sua função social. 

“Se não tiver o apoio de quem possa bancar isso, fica difícil. A criança que mora na periferia nem sempre tem condição de pagar mensalidade para treinar. O governo está proporcionando isso. Está trazendo essas crianças para cá”, celebra Negreiros. 

Ao redor de toda a estrutura, é possível ver as imagens de atletas que obtiveram sucesso em suas modalidades, como Hebert Conceição, Bia Ferreira, Popó, Keno Marley e a própria Adriana Araújo. 

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Adriana Araújo ao lado de sua imagem | Foto: Nuno Krause / Bahia Notícias

Em novembro do ano passado, o local recebeu o Boxe Show, que traz alguns nomes do boxe baiano em combates ao longo de duas noites com o objetivo de ser uma vitrine para eles.

Em conjunto com a Arena de Esportes da Bahia, a ideia é que cada vez mais eventos sejam trazidos para o estado. Hebert Conceição, por exemplo, já fez duas lutas profissionais por aqui. 

“A ida de Hebert Conceição para o profissionalismo levantou o boxe novamente. Hebert é um cara super carismático. Tem essa empatia. É o Olodum, o Bahia. Retomamos o ápice dos grandes eventos que tínhamos aqui, como o antigo Boxe Brasil. Muitos lutadores que estavam no ostracismo voltaram”, comemorou Afonso Nunes, presidente da BOXEBAHIA. 

PANDEMIA E ARTES MARCIAIS

O Centro vem também em um momento em que a procura por artes marciais aumentou, diante da demanda também represada pela pandemia da Covid-19. Diversas pessoas deixaram de praticar modalidades esportivas por causa das medidas de restrição impostas pelas autoridades para evitar a infecção pelo vírus. 

“A pandemia foi um processo muito difícil, para todo mundo que ficou em casa. Tivemos crianças e adolescentes com depressão, ansiedade. Recebemos pessoas ansiosas por esse processo da pandemia, em situação muito delicada. Tem sido um período de readaptação. No dia a dia, a população já passa por dificuldades. Imagine com pandemia. A cabeça das pessoas piorou”, avaliou o mestre Márcio Mascarenhas, presidente da Federação Baiana de Taekwondo (Febt). 

A impressão relatada ao Bahia Notícias é de que a procura tem sido ainda maior após a pandemia do que era antes de estourar a crise sanitária. 

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