Petrobras refuta paridade de importação nos preços de combustíveis

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O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou, nesta quinta-feira (2/3), que a nova política de preços seguirá atrelada às cotações internacionais, mas sem considerar necessariamente os custos para importação dos produtos.

Prates disse que o modelo atual, que prevê o acompanhamento de um preço de paridade de importação, conhecido como PPI, obriga a empresa a fazer o preço de seus concorrentes, estratégia adotada por gestões anteriores, segundo ele, para beneficiar importadores e abrir o mercado.

“Por que eu sou obrigado a praticar o preço do concorrente?”, questionou. “Enquanto tiver fatia de mercado para a Petrobras captar, ela vai captar.”

A previsão é que a nova política de preços da companhia comece a ser debatida quando o conselho e a diretoria forem renovados, o que deve ocorrer até maio. Ainda não há uma fórmula definida, mas a paridade de importação não mais será obrigatória.

Prates disse que recebeu do governo a orientação de seguir todas as regras de governança da estatal e, por isso, tanto a mudança na política de preços quanto na política de dividendos dependem da renovação da alta administração da companhia.

 

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Alvo de críticas

As duas são alvo de duras críticas do PT. Em 2022, ano em que praticou preços recordes dos combustíveis, a Petrobras teve o maior lucro da história das companhias abertas brasileiras e anunciou a distribuição de até R$ 216 bilhões em dividendos.

 

“A Petrobras vai praticar preços competitivos do mercado nacional, do mercado dela, conforme ela achar que tem que ser para garantir sua fatia de mercado”, disse o executivo, em sua primeira entrevista coletiva como presidente da Petrobras.

Questionado sobre os impactos negativos de controles de preço em gestões petistas, ele disse que não vai “canibalizar, aniquilar” a margem de lucro da empresa. “Mas eu posso disputar o meu mercado com a minha margem. Intervencionista era o governo anterior, que mandava eu praticar o PPI para beneficiar o importador.”

A determinação para seguir as regras internas, diz, justificou a aprovação de dividendos de R$ 35,8 bilhões para remunerar o acionista pelo lucro do quarto trimestre de 2022. A nova gestão propôs reter R$ 6,5 bilhões desse total, que excediam o volume estabelecido pela política atual.

 

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A proposta de retenção será apresentada em assembleia de acionistas no fim de abril. A ideia é apresentar ao acionista um plano de investimento com esses recursos. Na prática, porém, o governo tem votos suficientes para aprovar a proposta sem necessidade de convencer o investidor privado.

Prates reforçou que a empresa voltará a investir em energias renováveis, com foco em energia eólica em alto mar, que pode ter sinergia com a atividade de exploração e produção de petróleo.

 

Diretriz do governo

Ele disse também que a companhia deve seguir diretriz do governo para voltar a encomendar plataformas e navios no país, desde que a indústria naval tenha condições de atender as encomendas sem cobrar preços muito acima das alternativas no exterior.

 

Esse programa, disse, demandará atuação coordenada com diversos órgãos do governo, com a definição de incentivos para que os estaleiros voltem a operar. Nas primeiras gestões petistas, as encomendas na indústria naval foram alvo da Operação Lava Jato e terminaram com confissões de pagamento de propina e sobrepreços.

“Acho que o país está adquirindo cada vez mais maturidade para tratar desse assunto”, comentou. “O medo da corrupção não pode ser desculpa para comprar tudo de fora.”

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