TAGS

De volta à CLT: empreendedores trocam negócio próprio pela carteira de trabalho

Publicado em

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

Empreendedores e especialistas mostram que a mudança não é motivo para desesperar e ensinam a lidar com a culpa

Berta Sayeg (@bertasayeg) começou a empreender do zero, ocupando um pequeno espaço da fábrica da mãe, que possuía uma negócio voltado para produção de quartos para bebês. Após abandonar a faculdade, ela se rendeu ao universo que envolvia a chegada de uma nova vida ao mundo, foi aprimorando os produtos e criou uma marca que, durante mais de duas décadas, fez sucesso e ganhou reconhecimento público, possibilitando que conquistasse e mantivesse uma vida muito confortável.

Há alguns anos, uma série de fatores forçaram a empresária a encerrar as portas de um negócio familiar. A descoberta de uma doença grave, a separação, a gestão desastrosa de terceiros a fizeram abrir mão do sonho de ter o próprio negócio. Hoje, aos 62 anos, ela precisou voltar a trabalhar como vendedora na área, mas não ofuscaram o brilho e a determinação dela.  

“Todo mundo julga a situação e nós próprios julgamos o revés como um fracasso. É preciso de se conhecer e reconhecer que o processo da dificuldade. Não acho que fracassei porque sei a potência que existem em mim”, afirma. Sem se abater, ela começa a se preparar para voltar a empreender, dessa vez, emprestando todo o conhecimento na área para fornecer consultorias para futuros pais e empresas que lidem com o universo da decoração infantil. 

Jornada empreendedora

“Quando a gente precisa recomeçar, é preciso fazer isso de uma forma muito honesta consigo mesmo, verificando os erros com atenção, oferecendo ao mundo o melhor que se tem. É nessa perspectiva que estou reescrevendo minha história”, pontua. 

Professor universitário de empreendedorismo e empresário, o administrador Anderson Márcio Freitas não enxerga a busca pelo emprego formal, em detrimento do próprio negócio, como algo negativo, mas como uma necessidade de reestruturação de vida. Ele diz que a resiliência apresentada por Berta é o sentimento que deve imperar na vida e nos negócios. 

csm Anderson Freitas nova 0b8037211d
Anderson Freitas afirma que o ‘fracasso’ faz parte da vida de quem empreende, mas é preciso passar pelo processo com cuidado para gerar o mínimo de impacto (Foto: Acervo Pessoal)

“O ‘fracasso’ faz parte da jornada dos empreendedores. Não se ganhará sempre. Em um processo de ‘fechar as portas’, estar organizado para encerrar este ciclo é imprescindível para não gerar ainda mais dor de cabeça para o empreendedor”, ensina Freitas.

Após 10 anos à frente de um negócio próprio, o escritor Urânio Bonoldi, especialista em tomada de decisão, carreira e negócios, resolveu que deveria deixar o empreendimento e seguir carreira no mundo corporativo. 

“O processo, é claro, me trouxe preocupações, dúvidas, ansiedades e, até por alguns momentos, certa angústia. Porém, devemos evitar o peso do fracasso tendo bem claro uma coisa: Fracasso é algo que nossa cabeça cria, imaginando o que os outros irão pensar. Todos passamos por algum revés na vida!”, afirma. 

O escritor destaca que ninguém nesse mundo, com alguma experiência, pode dizer que nunca sentiu a dor de um “tombo” por menor que tenha sido. Bonoldi garante que, seja qual for o motivo da desistência do negócio, que pode ser apenas por uma questão de afinidade, perda de interesse de uma hora para outra, o importante é que a decisão seja bem refletida e consciente, para que haja uma clara convicção com relação ao passo que se está tomando. 

“Quando sabemos o que queremos, superamos os obstáculos e seguimos. Nos reerguemos, lutamos e vamos em frente sem o peso do fracasso”, completa. Ele diz que, por mais incrível que possa parecer, ter deixado o negócio foi uma das decisões mais acertadas da vida. 

Fechando ciclos

O especialista em carreira Tadeu Ferreet reforça que, por incrível que possa parecer, para esses empreendedores, a dor maior reside em voltar à rotina das empresas, com horários engessados, processos repetitivos e burocráticos que muitas empresas ainda insistem em adotar. “Não se culpem e nem se sintam fracassados. É preciso passar pela frustração para crescer”. 

csm Tadeu Ferret 200d500911

Tadeu Ferreet é enfático em garantir que é importante não ignorar os erros e não fugir dos processos, pois é preciso passar pela frustração para crescer (Foto: Acervo Pessoal)

Anderson Freitas lembra que na hora de encerrar as atividades, é preciso realizar um levantamento criterioso sobre os custos do encerramento das atividades (rescisões trabalhistas, eventuais dívidas tributárias, etc). Outro aspecto destacado pelo professor diz respeito a necessidade de desfazer ou guardar os possíveis equipamentos da empresa. “Para mim o mais importante de todos é o respeito para com os clientes, então é preciso garantir que todos tenham recebido os produtos/serviços pagos ou encomendados, além de assegurar que não exista qualquer prejuízo de valor para eles”, explica. 

O professor é enfático em afirmar que, além da responsabilidade e obrigação, é uma questão de princípios ter o mínimo de respeito por àqueles que sempre foram a razão de ser de qualquer negócio: os clientes.

Urânio Bonoldi concorda com a necessidade de um bom planejamento e execução do encerramento da empresa ou da venda. “Importante destacar que neste processo deve-se eliminar ou minimizar ao máximo todos os passivos ou fazer uma gestão muito assertiva. Imaginemos se a pessoa já está recolocada e tem que receber em seu novo trabalho credores, advogados, notificações, oficiais de justiça”, reflete.

csm Uranio 1 1 7fa9bc1dcd

Urânio Bonoldi  lembra da relevância de planejar uma reciclagem, uma atualização dentro da especialização que o empreendedor possui (Foto: Divulgação)

O escritor lembra da relevância de planejar uma reciclagem, uma atualização dentro da especialização que o empreendedor possui. Isso tem grande valor numa recolocação. Por fim, mas não menos importante, ao longo do processo, procurar ampliar o networking. 

“Vale ilustrar que no processo que passei, ao deixar meu negócio, fui contratado por uma pessoa de minha rede de relacionamentos. Essa pessoa se tornou CEO de uma multinacional e, como ele precisava de um controller com ‘perfil de dono’ para fazer um turnaround, me chamou e acabei reingressando no mundo corporativo e me tornando executivo daí em diante”, finaliza.

Empreender com consciência

Flávia Paixão lembra que empreender exigirá que o empreendedor faça tarefas chatas e trabalhe dobrado, por isso, é preciso estudar muito e se preparar sempre (Foto: Divulgação)

A administradora e especialista em pequenos negócios Flávia Paixão diz que há muita romantização sobre o empreendedorismo e que as pessoas pensam apenas que fará o que ama, esquecendo que empreender será sempre desafiador e envolverá riscos e que o empreendedor precisa estudar muito e sempre. Ela ressalta que lições importantes podem ser aprendidas se o empreendedor se perguntar:

1. Quais erros cometi?

2. Quais comportamentos me prejudicaram?

3. Quais gatilhos levaram a este comportamento?

4. O que devo fazer para melhorar estes comportamentos?

Tadeu Ferreet reforça que o planejamento de uma carreira e de um negócio não deve ser estático. “Estar atento ao tipo de negócio e a volatilidade do mercado é importante para saber a hora certa de investir ou recuar. Pesquisa de mercado sobre clientes, oferta e procura também são pontos informações relevantes para o planejamento estratégico”, completa.

Caminho do sucesso:

1. Ter consciência dos desafios 

2. Entender que será preciso ter mais do que um bom produto ou serviço 

3. Conversar com outros empreendedores para compreender o mercado 

4. Desenvolver as habilidades empreendedoras. O Empretec do Sebrae tem essa função sinalizar se a pessoa tem ou não perfil empreendedor

https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/empretec

(Fonte: Flávia Paixão)

Que você achou desse assunto?

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- Publicidade -

ASSUNTOS RELACIONADOS

Cabeleireira é vítima de agressão sexual em Salvador e suspeito é procurado

Uma cabeleireira foi vítima de estupro, nesta sexta-feira (03), no bairro Politeama, região central de Salvador, durante a saída do seu local de trabalho. A vítima foi estuprada e teve o seu celular roubado durante a ação. O caso foi encaminhado para a 1° Delegacia no Complexo Policial dos Barris.   A TV Bahia, a

TJ-BA cria Semanas de Sentenças e Baixas Processuais; ações acontecerão em junho e setembro

Com o intuito de otimizar a prestação jurisdicional, o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) institui, nos períodos de 17 a 21 de junho e de 16 a 20 de setembro, as Semanas de Sentenças e Baixas Processuais. Assinado pela presidente do TJ-BA, desembargadora Cynthia Maria Pina Resende; pelo corregedor-geral da Justiça, desembargador

Justiça suspende empréstimo irregular de prefeitura no centro-leste da Bahia e determina devolução de R$ 3 milhões

A juíza Patrícia Nogueira Rodrigues, da 1ª Vara Cível da Fazenda Pública da comarca de Itaberaba, considerou irregular o contrato de financiamento firmado entre a prefeitura de Boa Vista do Tupim e o Banco do Brasil, em dezembro de 2023, no valor de R$ 3 milhões. A magistrada ainda determinou a devolução do dinheiro ao