Cassado Dallagnol, o cerco a Sérgio Moro começa a se fechar

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Deltan Dallagnol, politicamente, é um homem morto. Perdeu o mandato de deputado federal pelo Paraná. Arrisca-se ainda a ser processado por crime de calúnia: acusou o ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral, de tê-lo condenado porque quer ser promovido a ministro do Supremo.

Em depoimento à Polícia Federal, Dallagnol disse que estava coberto pela imunidade parlamentar quando fez a acusação. Não estava. O tribunal já cassara seu mandato. Será mera formalidade o ato da Câmara de confirmar a cassação. A imunidade não garante a um deputado o direito de ofender a honra alheia.

O cerco está a fechar-se em torno do parceiro de Dallagnol na Lava-Jato, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, eleito senador pelo Paraná. A Lava Jato foi enterrada na primeira metade do governo Bolsonaro. Começa a faltar ar nos aparelhos que ainda mantêm Moro vivo. Parece ser uma questão de tempo.

Lula, vítima dos dois, a tudo observa com indisfarçável interesse.  Dallagnol e Moro mandaram a lei às favas para condená-lo. Lula ficou preso 580 dias. Antes deitado em berço esplêndido, o Supremo acordou, anulou a condenação e decretou que Moro fora um juiz parcial. Então, Lula se elegeu presidente pela terceira vez.

Vingança é um prato que se come frio e pelas bordas. É o que estão a fazer todos que têm contas a ajustar com Moro e Dallagnol. O juiz Eduardo Appio, afastado da 13ª Vara de Curitiba, entrou com um pedido de medida liminar no Conselho Nacional de Justiça, alegando que foi punido sem razão e que quer voltar ao cargo.

Um áudio, encaminhado por Moro ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, conteria a voz de Appio ameaçando o desembargador federal Marcelo Malucelli. Perícia contratada pela defesa de Appio diz que não há garantias de que a voz seja dele, ao contrário do que havia atestado a Polícia Federal.

Ao renunciar à toga para servir a Bolsonaro, Moro foi substituído na 13ª Vara de Curitiba pela juíza Gabriela Hardt, que se limitou a seguir seus passos à frente da Lava-Jato, a ponto de copiar em suas sentenças trechos de sentenças do ex-juiz. Hardt saiu e entrou Appio, para desgosto de Moro. Appio foi afastado e Hardt voltou.

Ontem, Hardt declarou-se suspeita para julgar ações contra o empresário paranaense Tony Garcia, que contou em entrevista como foi usado por Moro na condição de “agente infiltrado” para que ele perseguisse inimigos e adversários políticos. Em 2021, Garcia contou essa e outras em depoimento que Hardt arquivou.

A CNN teve acesso a áudios encaminhados ao Supremo com o relato do médico veterinário Ailton Silva, que esteve preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, em 2014, local que abrigou os primeiros detidos pela Lava-Jato. Foi ele que alertou o doleiro Alberto Youssef sobre uma escuta ilegal em sua cela.

Ailton diz que viu o processo de preparação das celas para os novos presos e a instalação do grampo por um policial. Ele já prestou mais de um depoimento sobre o caso à Polícia Federal. Foi forçado a mudar de versão. Quer retomá-la se o Supremo concordar em ouvi-lo. Os áudios estão com o ministro Dias Toffoli.

Ao inaugurar, na última sexta-feira, a sede do diretório regional do PL em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, Valdemar Costa Neto, presidente do partido, falou sobre Dallagnol e Moro:

“Se eles tinham motivos para atacar Lula, era a parte deles. Só que ultrapassaram os limites da lei. Vão pagar caro. Eu não quero que isso aconteça com eles, não tenho nada contra eles. Mas isso aconteceu com Moro e Dallagnol. Eu fico numa posição difícil porque [os dois] têm o apoio dos bolsonaristas”.

O PL é o partido de Bolsonaro, que vetou o comparecimento dos seus aliados às manifestações em favor de Dallagnol, e entrou na Justiça com um pedido de cassação do mandato de Moro.

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