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“É irreversível”, diz presidente da Rede Mater Dei sobre inteligência artificial nos hospitais

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A inclusão da inteligência artificial (IA) na medicina é irreversível e ainda representa um gigante potencial a ser explorado. É o que defende o médico Henrique Salvador, presidente da Rede Mater Dei. Em entrevista exclusiva, o representante da segunda geração da família mineira à frente da rede de hospitais, revelou como a IA já é colocada em prática no serviço médico e falou sobre os planos de novas aquisições na Bahia. Henrique Salvador participou da abertura do 13º Seminário de Gestão em Saúde, que aconteceu pela primeira vez fora de Minas Gerais, na quinta-feira (13), no Mater Dei Salvador. Na conversa, o presidente conta em detalhes soluções desenvolvidas a partir da aquisição de mais da metade do capital social da A3Data, empresa especializada em dados e inteligência artificial. Além de explicar os motivos que levaram à mudança de perspectivas no crescimento da Rede Mater Dei, depois da abertura de capital. Fato esse que o colocou na lista de bilionários da Forbes, na 99º posição, com patrimônio estimado em R$ 3,6 bilhões. Um ano após a inauguração do Hospital Mater Dei em Salvador e a compra de 95% do Emec, em Feira de Santana, a rede deseja avançar ainda mais no interior baiano. A inclusão da inteligência artificial (IA) está sendo debatida em diversos setores econômicos. Quando o ChatGPT foi lançado, trouxe pânico inclusive no segmento hospitalar. Como o senhor analisa a interseção das novas tecnologias na área médica? Tem certas coisas na vida que são irreversíveis e a inteligência artificial é uma delas, inclusive na área da saúde. A questão é o que vamos fazer com isso. Para que não fôssemos um agente a reboque e participássemos desta transformação, compramos 50% da A3Data, uma empresa especializada em inteligência artificial e análise de dados, no final de 2021. A partir de soluções desenvolvidas com tecnologia, reduzimos horas extras, desperdício de horas de profissionais e aumentando a produtividade. Eu não acho que isso é colocar a vida e o trabalho de ninguém em risco, mas uma ferramenta para melhorar o serviço. De que forma a inteligência artificial já é colocada em prática na Rede Mater Dei? Existem diversos exemplos. Um deles leva em consideração que um hospital tem momentos de sazonalidade. Por exemplo, às 6 horas da manhã o laboratório está lotado e o pronto-socorro está vazio. Mas quando já é mais tarde, por volta das 9 horas, o laboratório deixa de ter movimento e o pronto-socorro começa a encher. Nós criamos um dispositivo eletrônico chamado Compartilha, que permite que o gestor tenha uma visão espacial das pessoas que estão com horas de trabalho a oferecer naquele momento porque o fluxo está muito pequeno e aquelas outras que estão com o tempo apertado. Nisso, a gente transfere profissionais de uma área que está mais ociosa para outra que está mais cheia. Também há exemplos do uso da tecnologia na gestão com as operadoras que diminuem a variabilidade dos custos. Nos últimos cinco anos, nós estudamos o perfil dos pacientes que tiveram pneumonia comunitária da Rede Mater Dei. Colhemos informações, com ajuda da inteligência artificial, sobre quantos dias ele ficou internado, qual era a idade média, os medicamentos principais e quando usava os medicamentos mais caros. Nós chegamos à conclusão que dava para oferecer para a operadora um pacote, assumindo um risco, dentro de uma banda de preço, o que foi bom para os dois lados. Essa é a primeira vez que o Seminário de Gestão em Saúde da Rede Mater Dei acontece fora do estado de Minas Gerais e o local para receber o evento foi Salvador. De que forma a capital baiana se destaca no segmento hospitalar no contexto nacional? Nós trouxemos o Seminário para Salvador porque inauguramos o Mater Dei Salvador um ano atrás e viemos com um projeto muito importante para rede e para a população. Existe uma carência muito grande no nosso setor de fóruns em que possamos discutir temas que são desafios e nossos seminários sempre tiveram cunho prático, com soluções inovadoras. Então, precisávamos trazer para a Bahia um fórum que discutisse a situação das empresas, pressionadas por custos maiores com as questões tributárias. Além de questões como a inclusão de tecnologia. O Mater Dei Salvador foi inaugurado em maio de 2022, qual balanço a diretoria faz desse mais de um ano de atuação da rede? O Hospital pegou e é uma realidade. Eu tenho vindo a cada três semanas e sempre fico impressionado com o aumento da produção, seja no pronto-socorro, na parte de exames ou no centro cirúrgico. Também notamos o aumento da satisfação dos usuários, medida pela metodologia Net Promoter Score (NPS). Nós estamos no processo de certificação deste hospital por uma certificadora internacional de qualidade, a JCI, e devemos ser auditados até o início do ano que vem. Então, é um hospital que virou uma realidade, um projeto irreversível. A construção de unidades hospitalares está no DNA da Rede Mater Dei e o hospital construído do zero em Salvador é prova disso. Mas o projeto de crescimento também contou com a aquisição de 95% do Hospital Emec, em Feira de Santana. Quais critérios são utilizados para tomar as decisões de expansão? A nossa história sempre foi de construir hospitais. Em 1980, construímos o bloco I do Hospital Santo Agostinho, e, nos anos 2000, o bloco II. Inauguramos o Mater Dei da Contorno em 2014 e, num ciclo mais curto, em 2019, inauguramos o Mater Dei Betim-Contagem. Optamos por vir para Salvador e construímos o hospital em três anos. Mas, em 2021, constatamos que não dava mais para somente construir porque um projeto do zero demora em torno de oito anos para maturar. Naquele momento, chegamos a conclusão que, para potencializar o crescimento e aproveitar as oportunidades, precisávamos capitalizar a Rede Mater Dei. Foi quando abrimos nosso capital na bolsa de valores, em 2021, vendemos 25% da rede para o mercado. A partir daí, começamos a investigar e identificar hospitais que pudessem ter certas características. Quais? Praças com potencial de crescimento, hospitais que fossem relevantes para a comunidade, hospitais cujo os valores identificados em uma diligência operacional tivesse um alinhamento com a Rede Mater Dei. É preciso ver se aquele hospital, quando vier a fazer parte da nossa rede, performará como precisa. A gente estuda para ver se é possível que ocorra esse encaixe com os valores da Rede Mater Dei. E para o futuro, há previsão de novas aquisições na Bahia? Com o quadro econômico que estamos vivendo, com juros altos, a questão da responsabilidade pelo endividamento é muito crítica. Mas temos mapeado muitas oportunidades no Brasil inteiro, inclusive na Bahia. O problema é o momento certo para fazer e colocar em prática as diligências que determinam como se dará o nosso crescimento. *Com orientação de Perla Ribeiro. 
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