Salles diz que Tarcísio não representa direita e questiona lealdade a Bolsonaro

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O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) fez ataques diretos a Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante a reunião em que o governador de São Paulo foi criticado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e hostilizado por aliados após apoiar a proposta de reforma tributária do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em tom estridente, Salles disse que o governador não representa a direita brasileira e faz uma gestão em São Paulo que não segue os princípios deste espectro político. “Ser de direita não é um discurso, é uma conduta. Se tem um lugar no Brasil que não tem um governo de direita, é o governo de São Paulo”, atacou Salles na reunião, sem a presença do governador, conforme vídeo do discurso obtido pela reportagem.

“Não vem aqui dizer, colocar faixa de representante da direita, porque não é. Temos nossas próprias convicções, próprios princípios. Nós não queremos e não seremos representados por alguém que se diz de direita e depois, na hora de governar o Estado para o qual foi designado pelo presidente, não governa como alguém de direita. Acabou essa brincadeira”, criticou o deputado, arrancando aplausos de participantes da reunião.

Salles ironizou a passagem de Tarcísio como ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro e disse que a atuação dele não serviu para “combater a esquerda”. “Dos seus ministros, um dos que mais apanhou no seu governo fui eu, porque estava em um dos ministérios cujo objetivo é enfrentar a esquerda. É muito mais fácil fazer estrada, ponte, ferrovia do que combater a esquerda.”

O deputado também questionou a relação de Tarcísio com o ex-presidente, seu padrinho político e principal cabo eleitoral da vitoriosa candidatura ao governo de São Paulo em 2022. “Muitos de nós aqui temos ao presidente Bolsonaro uma lealdade verdadeira”, afirmou, em referência a pessoas que estavam no encontro.

Em mais um indicativo da insatisfação de bolsonaristas com a posição de Tarcísio a favor da reforma, o deputado disse que o governador não foi autorizado a atuar como interlocutor do PL nas negociações para votação do texto. Afirmou ainda que ele entende pouco de reforma tributária. “Ao contrário do que foi dito aqui, o Luiz Phillipe de Orleans e Bragança entende muito mais de reforma tributária que o Tarcísio. Se tem alguém para nos representar nessa discussão com o relator, é o Luiz Phillipe. Ele vai nos dar sinal se estamos de acordo com cada um dos critérios.”

Trinca na relação

As críticas de Salles, um dos representantes mais proeminentes da extrema-direita brasileira, mostram o estremecimento nas relações entre o bolsonarismo e Tarcísio. Como narrou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o governador e Bolsonaro tiveram uma conversa dura sobre a reforma tributária na manhã desta quinta-feira, 6, na sede do PL em Brasília.

O ex-presidente e seu grupo político mais próximo estão irritados. O chefe do governo paulista deu entrevista nesta quarta, 5, ao lado do ministro da Fazenda, o petista Fernando Haddad. Também gravou um vídeo com políticos do Republicanos em apoio à reforma, enquanto Bolsonaro é contrário.

Na reunião do PL, Tarcísio afirmou que a direita não pode perder a narrativa da reforma e deve se posicionar favoravelmente, para colocar os frutos da aprovação depois. Deputados bolsonaristas pressionaram Tarcísio aos gritos por seu apoio ao projeto. Bolsonaro interrompeu o governador e deixou claro que discordava de Tarcísio, mas também tentou apaziguar, ainda que à sua maneira: disse que o afiliado era um neófito na política.

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