Autonomia entre poderes deixa futuro incerto

Publicado em

spot_img
Tempo estimado de leitura: 3 minutos
A Lei Complementar nº 159/2017, que determina as regras do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), estabelece “a ação planejada, coordenada e transparente de todos os Poderes, órgãos, entidades e fundos dos Estados e do Distrito Federal para corrigir os desvios que afetaram o equilíbrio das contas públicas, por meio da implementação das medidas emergenciais e das reformas institucionais determinadas no Plano de Recuperação elaborado previamente pelo ente federativo que desejar aderir a esse Regime”.
Os demais poderes devem fornecer informações ao Executivo para o estabelecimento das regras em temas como o reajuste de servidores. No entanto, eles têm autonomia para gerir a função. É por conta dessa independência que os servidores não sabem exatamente como seu futuro será afetado pelo RRF. De acordo com o secretário-geral do Sindicato dos Servidores da Tributação, Fiscalização e Arrecadação do Estado de Minas Gerais (Sinfazfisco-MG) e auditor fiscal da Receita Estadual, João Batista Soares, a tendência é que os demais poderes acompanhem o Executivo, mas mesmo a proposta apresentada pelo governo apresenta dubiedades.
“A tendência é incluir todo mundo. Quando há omissão, há extensão, então todos os poderes devem usar a mesma regra. A questão é que mesmo esse reajuste de 3% apresentado é muito nebuloso. Mesmo estando previsto, ele pode não ser pago porque falam em não ter mais gastos quando há déficit orçamentário, e essa foi a realidade do estado em todos os anos na última década, à exceção de 2022”, explica.
  • Leia também: Zema altera regras para gestão da Fapemig; pesquisadores criticam medida

Poder de compra

Não saber as regras para a recomposição salarial dentro do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) torna impossível até mesmo a organização para reivindicar condições mais favoráveis aos servidores. Ainda assim, mesmo no caso dos funcionários do Executivo, que sabem da proposta dos reajustes de 3%, há um descontentamento com a ideia da recomposição. 
O Sinfazfisco-MG disponibilizou no site do sindicato uma calculadora que permite ao funcionalismo calcular seu poder de compra no caso de aprovação do RRF com dois reajustes de 3% em uma década. O cenário se mostra preocupante, principalmente se considerado o perfil médio do funcionário público mineiro.
De acordo com o Portal da Transparência do governo estadual, um quarto do funcionalismo ganha até dois salários mínimos por mês, 40% fatura de dois a quatro salários e 22%, entre quatro e oito. Esse cenário revela que mais da metade dos servidores ganha menos de R$ 5,3 mil mensais.
Na calculadora do Sinfazfisco, caso o RRF seja aprovado, o servidor que ganha até quatro salários mínimos (145 mil pessoas, ou 40% do total), terá seu poder de compra em dez anos equivalente a R$ 2.929,53 nos dias atuais. No caso do funcionário que ganha até dois salários mínimos (91 mil pessoas ou 25% do total), esse valor seria de R$ 1.464,77. 
  • Leia também: Deputados querem agência para fiscalizar concessões

Tramitação cheia de impasses

O plano de RRF começou a tramitar na Assembleia na semana passada e já tem o percurso repleto de impasses. Na última quarta-feira, uma audiência pública com os secretários Gustavo Barbosa, da Fazenda, e Luisa Barreto, de Planejamento e Gestão, foi marcada por reclamações de parlamentares diante de discursos considerados genéricos e pouco informativos. No dia seguinte, na Comissão de Constituição e Justiça, os parlamentares concordaram com um pedido de vista para elucidar pontos ainda inconclusivos do projeto. O projeto deve ser votado até 20 de dezembro para que o estado já não se veja obrigado a pagar R$ 18,4 bi à União já em 2024. A oposição critica o prazo apertado diante de um projeto que ainda conta com tantos pontos desconhecidos.

image

Que você achou desse assunto?

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- Publicidade -

ASSUNTOS RELACIONADOS

STF confirma nome de Mendonça para suceder Moraes no TSE em junho

O Supremo Tribunal Federal (STF) elegeu o ministro André Mendonça para assumir uma cadeira efetiva no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após o término do mandato de Alexandre de Moraes, em junho. A eleição é uma formalidade, já que as três cadeiras do TSE reservadas aos ministros do STF são ocupadas por meio de um sistema

PGR arquiva notícia-crime contra Pimenta e Lewandowski por inquérito sobre fake news

A Procuradoria-Geral da República (PGR) rejeitou a notícia-crime do Partido Novo contra os ministros Paulo Pimenta (Comunicação) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) por abuso de autoridade. Os ministros requisitaram investigações sobre adversários do governo que espalharam informações falsas a respeito das enchentes no Rio Grande do Sul. Para o procurador-geral da República, Paulo

Bolsonaro tem infecção controlada e deve receber alta nesta sexta-feira

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve receber alta nesta sexta-feira (17) após internação em São Paulo desde o dia 6 de maio para tratar um diagnóstico de erisipela, infecção bacteriana que atinge a pele e pode causar inflamação, e dor abdominal. Segundo boletim divulgado pelo hospital Vila Nova Star nesta