Israel cai na armadilha montada pelo grupo terrorista Hamas

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O Hamas teve a intenção de chocar Israel e chamar a atenção do mundo com as atrocidades que cometeu em 7 de outubro. Matar famílias inteiras que dormiam ou que mal tinham acordado ao som dos tiros, jovens que se divertiam em uma festa, pessoas que tentavam fugir em carros, é um ato de puro terror.

Israel tem o direito não só de se defender, mas de ir à guerra contra os que lhe causaram tanta dor. Ocorre que Israel, dono de um dos exércitos mais poderosos do mundo e de um serviço de inteligência capaz de localizar e matar seus inimigos onde quer que eles se escondam, não deveria responder ao terror com terror.

O presidente americano Joe Biden alertou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para que respeite a Convenção de Genebra que estabelece as regras de guerra. É guerra o conflito que provoca mil mortes por ano. Israel, e não só desta vez, decidiu ignorar regras e advertências. Pagará um alto preço por isso.

Netanyahu está com sangue nos olhos porque sabe que sua carreira política está perto do pior dos fins, marcado pelo fracasso como estrategista e banhado em sangue. Nunca correu tanto sangue israelita em período tão curto desde a criação de Israel. Netanyahu enganou-se e foi feito de bobo pelo Hamas.

É impossível entender a guerra sem apontar o maior erro que Netanyahu cometeu: fortalecer o Hamas e enfraquecer a Autoridade Palestina para sabotar qualquer acordo territorial com os palestinos. Em reuniões com seus companheiros de governo, ele dizia que transformara o Hamas em um aliado de Israel.

Explica o historiador israelita Dmitry Schumsky:

“O objetivo dessa doutrina era perpetuar o conflito entre o Hamas em Gaza e a Autoridade Palestiniana na Cisjordânia. Isto preservaria a paralisia diplomática, afastando o ‘perigo’ de negociações com os palestinos sobre a partilha da Palestina em dois Estados. Esta duvidosa estratégia permitiu transformar o Hamas de grupúsculo terrorista num exército letal.”

O general na reserva Gershon Hacochen, colaborador do primeiro-ministro, formulou assim a questão em 2019:

“Temos de falar verdade. A estratégia de Netanyahu para evitar a opção de dois Estados é fazer do Hamas um parceiro próximo. Abertamente, é um inimigo. Secretamente, é um aliado”.

Os serviços de inteligência de Israel estavam dormindo ou sem ânimo. É comum que se informe aos superiores o que eles querem ouvir. É comum que chefes só ouçam o que lhes interessa. Tzachi Hanegby, conselheiro para a segurança de Bibi, garantiu, dias antes do 7 de Outubro, que nada havia a temer do lado do Hamas.

Os ministros de extrema-direita, Itamar Ben-Gvir (Segurança) e Bezalel Smotrich (Finanças e Territórios), incentivaram ações violentas de colonos contra palestinos na Cisjordânia. E como os colonos poderiam se revoltar, o governo pôs três quartos dos seus efetivos militares para protegê-los no norte do país.

A base eleitoral do governo de extrema-direita de Netanyahu fica no norte. Foi pelo Sul, que vota majoritariamente na esquerda, que o Hamas entrou no 7 de outubro. Denuncia o politólogo israelita Samy Cohen:

“Os cidadãos israelitas que mais beneficiaram da solicitude do governo foram os colonos da Cisjordânia, clientela dos aliados extremistas de Netanyahu. Este deveria responder pela decisão do seu governo de reforçar maciçamente a segurança das colônias, já protegidas em excesso, sem dar suficiente atenção à população do Sul, deixada com uma proteção irrisória.”

O objetivo do Hamas é sobreviver sem perder relevância. Atraiu Israel para uma guerra indesejável. Uma guerra que Israel será obrigada a travar em mais de uma frente de batalha, com um saldo de mortos e feridos, por enquanto, inimaginável.  A maior vítima, porém, serão os palestinos. Sempre eles.

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