No último dia de sua viagem à África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a Organização das Nações Unidas (ONU) por não ser capaz de resolver “nenhum problema”. A declaração foi dada em coletiva de imprensa em Adis Abeba, na Etiópia, neste domingo (18/2).
“Queremos discutir o funcionamento das Nações Unidas. Porque do jeito que está hoje, efetivamente a ONU não representa mais as razões pelas quais ela nasceu. Ou seja, ela não consegue resolver nenhum problema”, disse. E prosseguiu: “Os membros do Conselho de Segurança são os maiores produtores de armas, são os que detêm as armas nucleares, são os que têm direito de veto e são os que não cumprem nada do Conselho de Segurança, porque não se submetem ao Conselho de Segurança”.
Como vem fazendo desde o início de seu terceiro mandato, ele voltou a defender o fim do poder de veto no órgão da ONU e a inclusão de mais países, incluindo representantes da África e da América Latina, em uma “representação mais robusta. “Nós precisamos colocar mais gente e acabar com o direito de veto.”
O presidente brasileiro ainda falou de uma revisão das instituições financeiras que, segundo ele, hoje agem para “sufocar” os países pobres. Essa discussão, segundo ele, pode ser feita no âmbito do G20, que reúne os líderes das maiores economias do mundo. Em novembro, o Rio de Janeiro vai sediar a reunião de chefes de Estado da Cúpula do G20.
“No G20 no Brasil uma das coisas que nós queremos discutir são as instituições financeiras que existem desde que foram criadas pela ONU, como o FMI e o Banco Mundial. Se essas instituições vão servir para ajudar a financiar o desenvolvimento dos países pobres ou se essas instituições financeiras vão continuar existindo para sufocar os países pobres.”
Ele creditou o conflito no Oriente Médio entre Israel e o Hamas e a guerra na Ucrânia à falta de uma instância de deliberação. “Nós não temos governança”, considerou.
Na visão dele, o “Sul Global” precisa ocupar seu espaço na economia, na política e na cultura mundiais e contribuir para os debates sobre mudanças climáticas, transição energética e economia de baixo carbono.
Fim da viagem de Lula à África Lula retorna para o Brasil neste domingo, após um roteiro de cinco dias pela África, que incluiu o Egito e a Etiópia. No sábado (18/2), ele participou da 37ª Cúpula da União Africana e hoje teve reuniões bilaterais com líderes africanos, incluindo os presidentes da Nigéria e de Moçambique. Essa foi a primeira viagem internacional deste ano.
“Para mim, essa é uma das viagens mais importantes que eu fiz e certamente de todas que eu farei, essa continua sendo uma reunião extremamente importante, porque eu pude falar para quase a totalidade dos países africanos de uma única vez”, frisou Lula em balanço da viagem.
Ele voltou a defender uma “relação preferencial” com o continente africano em razão de uma “dívida história” do Brasil.
Lula critica extrema direita e fala em “dívida histórica” com a África
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