Delegado do caso do Porsche é trocado após pedido de câmeras da PM

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São Paulo – O delegado Nelson Alves, que comandava a investigação do acidente envolvendo um Porsche que causou a morte de um motorista de aplicativo no fim de março, na zona leste de São Paulo, deixou o caso nesta sexta-feira (19/4) após ser transferido do 30º DP (Tatuapé) para o 81º DP (Belém).

Quem assume a investigação a partir de agora é o delegado Milton Burguese, que estava justamente no 81º DP. Segundo a Polícia Civil, ele assume o posto por “ter experiência em apurações de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro, enfim, contra o crime organizado”.

Nelson Alves estava recebendo críticas internas pela sua condução do caso. Sob seu comando, o 30º DP acionou a Justiça para que a Polícia Militar (PM) entregue as imagens das câmeras corporais usadas pelos policiais que liberaram o dono do Porsche e a mãe dele do local do acidente. Ele cobrou agilidade para conseguir o acesso aos vídeos.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) negou que Nelson tenha sido afastado e disse que “ocorreu uma mudança administrativa”: “Não houve afastamento de qualquer Autoridade Policial e sim mudança administrativa, absolutamente normal na polícia civil, pelo motivo acima mencionado. Afastamento indicaria alguma incorreição de procedimentos por parte da Autoridade, o que não se verificou, em nenhum momento”.

Ainda de acordo com a pasta, as apurações sobre o caso do acidente com Porsche “estão praticamente concluídas faltando apenas a juntada de laudos e das imagens das câmeras corporais a serem fornecidas pela Polícia Militar”.

Segundo a investigação, o empresário Fernando Sastre Filho, de 24 anos, dirigia o veículo de luxo em alta velocidade quando bateu na traseira de um Renault Sandero, na Avenida Salim Farah Maluf, matando o motorista Ornaldo da Silva Viana, 52. Fernando deixou o local com o auxílio da mãe e o aval dos PMs, sem prestar socorro.

Procurada pelo Metrópoles, a SSP afirmou que as “imagens serão fornecidas, como de costume, para a análise da Polícia Civil”, mas não explicou o motivo da demora. Segundo a pasta, “as investigações do caso seguem em andamento, sob segredo de Justiça”.

Na semana passada, o juiz Roberto Zanichelli Cintra, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), determinou que a Polícia Civil investigue “eventual responsabilidade criminal” dos PMs envolvidos na ocorrência. O delegado responsável pelo caso já disse que as imagens das câmeras corporais são importantes para a investigação.

O acidente ocorreu na madrugada do dia 31 de março. Além do motorista de aplicativo que morreu, o estudante Marcus Vinicius Machado Rocha, de 22 anos, que estava de carona no Porsche, sofreu ferimentos graves e passou por cirurgia. À polícia, ele disse que Fernando Sastre havia ingerido bebida alcóolica antes, contrariando o depoimento do dono do Porsche.

Na ocasião, PMs que atenderam a ocorrência decidiram liberar Fernando e a mãe dele, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 45, que havia se deslocado até lá para ajudar o filho, sob o argumento de que eles iriam ao hospital – o que não aconteceu.

Os policiais deixaram de fazer o teste de bafômetro em Fernando e não autuaram o empresário em flagrante. Mesmo com uma morte registrada, os agentes só apresentaram a ocorrência na delegacia cerca de 5 horas após o acidente. Os agentes já são alvo de investigação da própria PM.

Prisão negada A ordem do juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri do TJSP, foi dada na mesma decisão em que ele negou o pedido de prisão preventiva de Fernando Filho. Antes, o pedido de prisão temporária contra o empresário também havia sido recusado. O magistrado decidiu impor fiança de R$ 500 mil e suspender a CNH do motorista.

Na ocasião, o juiz também determinou que o dono do Porsche e a mãe dele, que é suspeita de atrapalhar a investigação, entregassem seus celulares para a Polícia Civil. A quebra do sigilo dos dados, que podem ajudar a esclarecer o caso, já foi autorizada.

O magistrado também estipulou fiança de R$ 500 mil. No último dia 12/4, Fernando Filho apresentou um comprovante do depósito da quantia em conta judicial. Segundo o juiz, o valor é “proporcional e adequado” à “condição socioeconômica” do acusado e deve ser utilizado para uma “eventual reparação de danos” à família da vítima.

Em depoimento, Daniela afirmou que recebeu autorização dos PMs para sair do local do acidente, sem escolta, a fim de irem ao hospital. “Ocorre, porém, que ambos não cumpriram o prometido e acabaram desaparecendo”, registrou o juiz, na decisão.

Para o magistrado, as justificativas do sumiço, apresentadas pela mãe, seriam “pouco críveis”. “É inegável que os fatos subsequentes têm o potencial de alterar substancialmente a reconstrução processual da dinâmica fática”, disse.

Defesa Acompanhado de advogados, Fernando Sastre Filho só se apresentou na delegacia 38 horas após o acidente. Ele prestou depoimento e deixou o local pela porta da frente.

O empresário admitiu que dirigia “um pouco acima” da velocidade permitida, que é de até 50 km/h, e negou ter ingerido bebida alcoólica – versão que é contestada por vídeos e relatos de testemunhas colhidos pelos investigadores.

Fernando Sastre Filho já foi indiciado por homicídio com dolo eventual, lesão corporal e fuga do local do acidente.

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