São Paulo — A construção da arena do Corinthians provocou mudanças para além de Itaquera. O bairro vizinho de Artur Alvim fica ao lado das arquibancadas e, até por isso, virou reduto da Fiel antes, durante e depois dos jogos, mesmo fazendo parte da Subprefeitura da Penha. É o lugar do “esquenta” de muitos torcedores.
Quem desce na penúltima estação da Linha 3-Vermelha do Metrô, que leva o nome do bairro, já percebe o cenário pintado de alvinegro. Artur Alvim ganhou inúmeros bares que servem de ponto de encontro de torcedores antes das partidas. Não é para menos. Está mais próximo do círculo central do estádio do que o próprio centrinho de Itaquera, bem mais a leste.
A aposentada Maristela do Nascimento, de 64 anos, conhece bem a região e diz que Artur Alvim melhorou “1.000% por causa do estádio”.
“Imóveis que não eram nada viraram bares. Os comércios que estavam caídos, meio derrubados, ficaram bonitos”, afirma. “Faz anos que não vou ao centro da cidade e nem quero, é tudo aqui. Tem pizzaria, bar, choperia, motel, supermercado, farmácia”, diz
A aposentada afirma também que o próprio conjunto habitacional se valorizou muito também com a construção da arena corintiana nas redondezas. “Ficou até caro morar na Cohab”, diz.
Até quem não torce para o Corinthians se beneficiou das mudanças. Santista, o comerciante Marcos Josué Dias Braga, de 65 anos, é dono da Mercearia Coração do Metrô, que também recebe torcedores em dias de jogos. “O pessoal sabe o time para quem a gente torce e respeita. É lógico, dia de jogo não vou usar a camisa do meu time com eles aqui”, afirma.
Para Braga, a clientela aumentou bastante, principalmente nas horas antes dos jogos. “A gente passou por todo esse processo, mudou muito a região. Para o comércio, traz gente pra caramba em dia de jogo. Cada comércio que tem aqui formou seus clientes, cada torcedor tem seu cantinho para ficar”, afirma, citando as festas feitas por torcedores com churrasco, cantos, bandeiras e fogos.
“Todo mundo que vê um pontinho sobrando pensa em alugar visando os jogos”, diz.
De uma forma geral, quem passa por Artur Alvim a caminho da arena encontra um caminho típico de arredor de estádio em dias de jogos. São varais amarrados em postes com camisetas e bandeiras. Torcedores formam uma corrente humana, em preto e branco, e já dão o tom do que vai acontecer nas arquibancadas.
De 2014 até não muito tempo atrás, a Copa do Mundo ainda deixava suas “pegadas” no bairro. Todo mundo que passava pela Radial Leste identificava na lateral desenhada dos prédios da Cohab os murais alusivos ao Mundial. Eles foram a marca de um inverno inesquecível, onde o bairro da periferia da capital paulista recebeu gente do mundo todo. Hoje, estão em tom de bege.
Para Marinalva Freitas de Souza, de 55 anos, o mundo pode continuar preto e branco em Artur Alvim. Ela trabalha há 27 anos em um bar que, nos últimos anos, passou a ficar lotado de torcedores do Corinthians.
“Sou apaixonada pelo Corinthians. Quando inaugurou o estádio, foi tudo de bom, melhorou muitas coisas. O movimento, os corintianos que a gente adora, o estádio veio para acrescentar. Já o transporte continuou a mesma coisa”, comenta.
Também nas proximidades de Itaquera, o bairro de Cidade Líder concentra muitos torcedores antes dos jogos do Timão. Um posto de gasolina ligado ao próprio Corinthians, com bandeira do clube, na Avenida Líder, tem até arquibancada para que os torcedores sem ingresso assistam aos jogos em clima de estádio.

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