UE pressiona Xi a usar influência sobre Rússia para encerrar Guerra da Ucrânia

Publicado em

spot_img
Tempo estimado de leitura: 3 minutos

BOA VISTA, RR (FOLHAPRESS) – A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pressionou a China a reduzir o apoio do país à Rússia em meio à Guerra da Ucrânia, em fala feita após reunião entre ela, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o líder chinês, Xi Jinping, em Paris, nesta segunda (6).

Von de Leyen afirmou que Pequim deveria “usar toda a sua influência sobre a Rússia para pôr fim à guerra de agressão dela contra a Ucrânia”.

“É necessário mais esforço para conter a entrega de bens de uso duplo para a Rússia que chegam ao campo de batalha. E dada a natureza existencial das ameaças decorrentes desta guerra tanto para a Ucrânia quanto para a Europa, isso afeta as relações entre a União Europeia e a China”, disse a líder europeia.

O recado faz referência à amizade “sem limites” anunciada por Pequim e Moscou poucas semanas antes da invasão russa na Ucrânia. O resultado prático desses laços estreitados nos anos de guerra tem sido o apoio chinês com recursos essenciais não apenas para a economia russa como para o esforço de guerra, com microchips, peças de armamentos e outros materiais de uso tanto civil como militar.

Von der Leyen afirmou ainda que Xi desempenhou “um papel importante na desescalada das ameaças nucleares irresponsáveis da Rússia”.

O presidente russo, Vladimir Putin, determinou nesta segunda um exercício de ataque com armas nucleares táticas em resposta à sugestão de governos ocidentais, principalmente o da França de Macron, de enviar soldados para ajudar Kiev a resistir à invasão russa. O Kremlin também ameaçou atacar o Reino Unido após o chanceler britânico, David Cameron, dizer que os ucranianos poderiam usar as armas fornecidas por Londres como quisessem.

Xi chegou a Paris neste domingo (5) para sua primeira viagem europeia desde 2019, quando a pandemia de Covid-19 isolou o país asiático durante quase três anos. Xi e sua esposa, Peng Liyuan, foram recebidos pelo primeiro-ministro francês, Gabriel Attal.

“Esperamos que a paz e a estabilidade retornem rapidamente à Europa e pretendemos trabalhar com a França e toda a comunidade internacional para encontrar boas formas de resolver a crise [na Ucrânia]”, disse o dirigente chinês ao jornal Le Figaro.

Macron também pressionou o líder chinês a usar sua influência sobre a Rússia para acabar com a guerra na Ucrânia. Xi, por outro lado, disse que França e China deveriam se unir para evitar uma “nova Guerra Fria” entre blocos globais, em questões incluindo o comércio –outro ponto central da conversa entre os líderes foram as relações comerciais entre o bloco europeu e a China.

“A União Europeia hoje tem o mercado mais aberto do mundo, mas queremos ser capazes de protegê-lo”, disse Macron a repórteres, falando ao lado de Xi. “É por meio do diálogo e do trabalho conjunto de nossas equipes que podemos avançar”, disse o francês.

Durante suas conversas, realizadas a portas fechadas, Xi concordou que os atritos econômicos devem ser abordadas por meio do diálogo, segundo a mídia estatal chinesa. Ele também afirmou a Macron e Von der Leyen, no entanto, que o problema da superprodução da China “não existe nem do ponto de vista de vantagem comparativa nem à luz da demanda global”, de acordo a mídia chinesa.

A fala se opôs aos comentários de Von der Leyen sobre o tema, mais assertivos que os de Macron. Mais cedo, depois das conversas no Palácio do Eliseu, Von der Leyen afirmou que a UE “não pode absorver a superprodução massiva de bens industriais chineses inundando o mercado dela”.

“A Europa não hesitará em tomar as decisões difíceis necessárias para proteger seu mercado”, disse ela. A presidente da Comissão Europeia disse que a relação entre a Europa e a China é prejudicada pelo acesso desigual ao mercado e pelos subsídios estatais chineses.

Paris apoia uma investigação da UE sobre a entrada no bloco de carros elétricos chineses. Em seguida ao apoio francês, num gesto considerado retaliatório, Pequim anunciou que abriu uma apuração comercial das importações de conhaque, a maioria de origem francesa –Macron presenteou Xi com bebidas de marcas franceses atingidas pela investigação chinesa.

Que você achou desse assunto?

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- Publicidade -

ASSUNTOS RELACIONADOS

Presidente do Peru é denunciada por suborno no escândalo dos relógios de luxo

O procurador-geral do Peru, Juan Carlos Villena, denunciou, nesta segunda-feira (27), perante o Congresso, a presidente Dina Boluarte pelo suposto crime de suborno no âmbito do escândalo de relógios de luxo conhecido como Rolexgate. “A Procuradoria da Nação, através da Área de Enriquecimento Ilícito e Denúncias Constitucionais, apresentou uma denúncia constitucional contra Dina Boluarte, como suposta

Família tem infecção parasitária nos EUA após comer carne de urso

Seis pessoas foram diagnosticadas com triquinelose, uma doença parasitária zoonótica, após consumirem espetinhos de carne de urso preto em Dakota do Sul, nos Estados Unidos, conforme relatado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). De acordo com um relatório divulgado recentemente e citado pelo The Guardian, em julho de 2022, um paciente de

Papa pede para bispos não acolherem seminaristas homossexuais porque já tem ‘viadagem’ demais

O papa Francisco utilizou um termo depreciativo para se referir aos homossexuais na Igreja Católica durante uma reunião com bispos italianos. Durante a assembleia da Conferência Episcopal Italiana (CEI), o pontífice teria incentivado os bispos a não acolherem pessoas abertamente homossexuais nos seminários religiosos, afirmando que já havia “viadagem” demais, segundo a tradução mais próxima. O papa