IA vai substituir dubladores? Fim da profissão pode ser inevitável; entenda

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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Globoplay dublou “Rio-Paris: A Tragédia do Voo 447” usando Inteligência Artificial, o que fez o Sated-RJ (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro) emitir nota de repúdio.

Isso representa um desrespeito inaceitável aos profissionais de dublagem, que se dedicam a essa arte com talento e sensibilidade. Ao optar por uma solução tecnológica em detrimento dos dubladores, a Globoplay não apenas prejudica esses trabalhadores, retirando-lhes oportunidades de emprego, mas também compromete a qualidade do produto final oferecido ao público.

A escolha do streaming levantou um debate: qual o futuro dos dubladores?

Para o especialista Thoran Rodrigues, o fim de algumas profissões, como a dos dubladores, é inevitável. Ele falou a Splash no ano passado em reportagem sobre o mesmo tema.

O CEO e fundador da BigDataCorp lembrou que outras profissões foram extintas no passado com o avanço da tecnologia, como a dos telefonistas. “A gente tem dois desafios. O primeiro é aprender a usar esse ferramental para poder fazer o seu trabalho de forma mais eficiente, e o segundo é mais da sociedade, de dar o apoio necessário para as pessoas que estão tendo seus trabalhos automatizados, para que elas possam adquirir o conhecimento, habilidades, etc. que precisam ter para conseguir novos empregos dado essa nova realidade tecnológica”.

O uso de IA na dublagem ainda não é regulamentado no Brasil. O movimento “Dublagem Viva”, que reúne profissionais do setor, luta pela criação de regras no uso da tecnologia.

A opção de trocar dubladores profissionais pela tecnologia teve uma repercussão negativa nas redes sociais, em que muitos espectadores questionaram a depreciação da classe profissional e a qualidade ruim da dublagem artificial.

“Tragédia do voo 447” foi lançada na Globoplay na sexta (31) e retrata o acidente com o voo da Air France. O documentário foi lançado exatamente 15 anos depois da tragédia, que deixou 228 mortos. O documentário tem quatro episódios e está disponível na Globoplay.

A produção foi gravada na França, Estados Unidos e Brasil por três meses. No início dos episódios, é exibido o aviso de que entrevistas concedidas em outras línguas foram dubladas com Inteligência Artificial.

A versão em português das entrevistas concedidas em língua estrangeira para este documentário foi feita a partir da voz dos próprios entrevistados, com o uso de inteligência artificial, respeitando-se todos os direitos e leis aplicáveis. O conteúdo das dublagens é fiel às entrevistas originais. Os entrevistados que não aceitaram a dublagem foram legendados.”
Nas redes sociais, espectadores questionaram a ausência da “dublagem viva” e a qualidade das vozes feitas por IA.

A série entrevistou técnicos que participaram das investigações, especialistas em aviação, jornalistas que cobriram o caso e parentes das vítimas. Ela traz a investigação da queda do avião, o drama das famílias destroçadas pela tragédia e o que mudou na história da aviação após o desastre.
Splash entrou em contato com a Globo e aguarda. O texto será atualizado assim que houver resposta.

Anteriormente, a empresa afirmou que “realizou testes e desenvolveu soluções internas que estão em experimentação e uso” antes de dublar produções com o uso de Inteligência Artificial, afirmando que esse processo acontece “sempre de forma ética, com transparência, buscando a qualidade e respeitando a questão dos direitos.”

“Foi o que aconteceu, por exemplo, em Rio-Paris: cumprimos o compromisso assumido com algumas empresas de dublagem de não utilizar as vozes de seus dubladores através de processos de IA ou para o treinamento de IA”, completa a comunicação da emissora.

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