Sem app público, passageiros criam estratégias para pegar ônibus no DF

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A desconfiança em relação ao transporte público levou os passageiros do Distrito Federal a adotarem diferentes meios para se informar sobre os ônibus. Por meio de grupos no WhatsApp, por exemplo, os usuários compartilham informações sobre horários, atrasos e eventuais problemas nas linhas. Essa abordagem tem sido essencial para que as pessoas consigam se organizar, já que não há um aplicativo oficial e as plataformas disponíveis não são atrativas.

Em um grupo com quase mil membros, que realizam o percurso de Vicente Pires para o Plano Piloto, os passageiros enviam até mesmo suas localizações em tempo real, facilitando a vida dos demais interessados. Para Lídia Vanderlei, artesã de 32 anos, essa iniciativa tem sido de grande ajuda. “Economizo o tempo que antes ficava desperdiçando na parada do ônibus”, afirmou.

Lídia descobriu o grupo quando alguém na parada mencionou que ali estavam sendo compartilhadas informações atualizadas. Curiosa, pediu para ser adicionada e desde então tem se beneficiado das mensagens que indicam por onde passam os ônibus. “É muito útil, pois as pessoas relatam onde viram determinada linha de ônibus passar e até mandam a localização em tempo real”, acrescentou.

Mensagens como “Outro 957 descendo a rua 12 neste momento; outro 355.2 descendo a rua 12 também neste momento” são comuns nesse grupo. Além de Vicente Pires, existem comunidades semelhantes para outras rotas no DF, algumas até contando com a participação de motoristas e cobradores.


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Maxwilker dos Santos diz que a espera do ônibus cansa mais que o trabalho

Passageiros não têm como prever horário

Passageiros de transporte público estão recorrendo a aplicativos de empresas para tentar acompanhar os veículos em seus trajetos. A facilidade de uso desses aplicativos permite que usuários como Indaiá Meseses, moradora da região do Entorno, consigam visualizar o percurso dos ônibus em tempo real. A tecnologia se tornou uma aliada para os passageiros, que muitas vezes enfrentam longas esperas durante a noite. Alguns relatam que essa espera pode ser tão exaustiva quanto um dia de trabalho.

Paulo Henrique, por exemplo, precisa sair de casa às 4 horas da manhã diariamente para aguardar o transporte coletivo na parada. A imprevisibilidade dos horários dos ônibus é um dos principais desafios apontados pelos usuários, que buscam nas plataformas digitais uma forma de se programarem melhor para suas viagens. O uso desses aplicativos proporciona aos passageiros uma maior autonomia e controle sobre os deslocamentos.

Os relatos dos usuários evidenciam a importância dessas ferramentas digitais no cotidiano de quem depende do transporte público. Maxwilker dos Santos, ao mencionar que a espera pelo ônibus é mais desgastante do que seu expediente de trabalho, ressalta a relevância dos aplicativos para minimizar os impactos negativos dessa espera. A possibilidade de saber o horário aproximado de chegada dos ônibus traz mais conforto e segurança aos passageiros.

A praticidade de poder acompanhar os veículos em tempo real por meio dos aplicativos não só melhora a experiência dos passageiros, mas também contribui para uma melhor organização dos deslocamentos urbanos. Com o advento da tecnologia, os usuários conseguem se planejar de forma mais eficiente, evitando longas esperas desnecessárias e garantindo uma locomoção mais tranquila e previsível.

Diante desse cenário, empresas e desenvolvedores de aplicativos voltados para o transporte público têm o desafio de aprimorar constantemente suas plataformas, tornando-as mais acessíveis e intuitivas para atender às demandas e expectativas dos usuários. A tecnologia tem se mostrado uma aliada fundamental para transformar a maneira como as pessoas se deslocam nas cidades, proporcionando uma experiência mais ágil, eficiente e agradável para os passageiros.Usuários do transporte público em Brasília têm expressado reclamações sobre a espera prolongada por ônibus, especialmente durante a noite. Essa problemática afeta a rotina de diversas pessoas que dependem desse meio de transporte para se locomover pela cidade. Além disso, a dificuldade de acompanhar em tempo real a localização dos coletivos tem sido um desafio para os passageiros.

Para lidar com essa situação, Luíza Carolina e outros passageiros têm se organizado em grupos de mensagens para compartilhar informações sobre os horários dos ônibus e estratégias para minimizar o impacto causado pela demora no transporte público. Essa iniciativa colaborativa tem sido fundamental para tornar a experiência de espera mais suportável.

A falta de previsibilidade na chegada dos ônibus também é evidenciada nas esperas frequentes em paradas de transporte coletivo. Muitas pessoas como Idaíá Meneses têm relatado a necessidade de aguardar por longos períodos até que o ônibus finalmente chegue, o que gera desconforto e imprevisibilidade em relação aos compromissos diários.

A situação demanda uma reflexão por parte das autoridades responsáveis pelo transporte público no Distrito Federal. A implementação de mecanismos que possibilitem o acompanhamento em tempo real dos ônibus, bem como a melhoria na frequência e pontualidade dos horários, são questões essenciais para garantir um serviço de qualidade à população.

Em meio a esses desafios, a mobilização dos usuários do transporte coletivo em Brasília se mostra como uma forma de pressionar por melhorias e de compartilhar estratégias para lidar com as dificuldades enfrentadas no dia a dia. A troca de informações e a solidariedade entre os passageiros têm sido aspectos fundamentais para tornar mais suportável a espera por um transporte público mais eficiente.O Metrópoles teve conversas com alguns colaboradores envolvidos em diferentes linhas, porém, optou por não divulgar detalhes para preservar suas identidades. Alguns funcionários relatam e compartilham a localização para que os passageiros habituais daquela linha estejam cientes do trajeto do veículo.

Essa tática é adotada devido à falta de confiança dos moradores de Brasília nas informações disponíveis. O Governo do Distrito Federal (GDF) não disponibiliza um aplicativo que forneça atualizações em tempo real. Existe apenas o DF no Ponto, que indica essa funcionalidade. Entretanto, o formato não é user-friendly e não oferece previsões de transporte nos locais. A expectativa é que um sistema semelhante seja implementado ainda este ano, de acordo com a Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (SEMOB). No entanto, o órgão não especificou o mês da previsão.

### Perigo

O pedreiroPaulo Henrique, aos 30 anos de idade, mencionou que costuma sair de sua residência às quatro horas da manhã para pegar o primeiro ônibus com destino ao trabalho. Residente em Planaltina, ele relatou que a espera pelo transporte público costuma ser longa, chegando a aguardar por até uma hora. Ele expressou: “Às vezes fico uma hora esperando e nada, não tenho nem como acompanhar o transporte”.

Para Paulo, permanecer aguardando durante a madrugada representa um risco. Ele acredita que seria ideal ter acesso a uma previsão de chegada do ônibus na parada, o que lhe permitiria sair de casa em um horário mais preciso, evitando assim a exposição prolongada. “Acho que um GPS no ônibus para indicar a localização”, complementou.

A sugestão de Paulo já é uma realidade, conforme informado pela Semob, pois todos os veículos do DF possuem sistema de GPS. Além disso, é possível acompanhar o percurso dos ônibus através da plataforma DF no Ponto, que fornece a localização em tempo real dos veículos.

Entretanto, o aplicativo presente na página da secretaria não é intuitivo por si só. Os usuários precisam atualizar constantemente a página para rastrear o movimento dos ônibus, e somente ampliando a página é possível visualizar as paradas. A plataforma permite apenas visualizar o trajeto e a localização dos ônibus, sem fornecer uma clara indicação dos horários previstos para cada parada.

Como alternativa para obter informações de horários com maior facilidade, os passageiros recorrem a aplicativos de empresas, como o Moovit, que pertence a uma companhia israelense. O funcionário administrativo Juan Kelvin Cardoso, de 22 anos, mencionou: “Eu sempre coloco no Moovit para ver, mas tem erros de horário. Acho que é porque não é oficial mesmo, do governo para mostrar”.

Juan, que reside em Samambaia e trabalha no SIA, necessita utilizar dois ônibus para se deslocar, sendo obrigado a desembarcar no centro de Taguatinga. Ele destaca a incerteza em relação aos horários como um motivo de preocupação, pois aguardar mais de uma hora não lhe permite sequer sair para dar uma volta, devido ao receio de perder a condução.

A falta de programação adequada incomoda também Rayane Silva, moradora do Paranoá e colaboradora de um hospital no Lago Norte. Ela mencionou: “Podia aproveitar o tempo que espero e ir a um mercado, comprar coisas para casa. Sou mãe e tentamos ganhar tempo para resolver as coisas”.Cada indivíduo teve que se virar para retornar para casa”, murmurou.

“Existe o sistema, existe o aplicativo, mas no que diz respeito ao cumprimento do serviço, não é bem assim”, comentou. “Há momentos em que o ônibus não aparece na tela. Eu trabalho no SIA e prefiro pegar o ônibus na saída do Guará pela EPTG, porque os que fazem a rota de lá não conseguem prever. Tem dias em que está na hora, outros em que só resta esperar. Não há nenhuma certeza.”

Esse problema da espera não é experimentado por Indaiá Meseses, 30 anos, auxiliar de serviços gerais. Isso se deve ao fato de a moradora de Santo Antônio do Descoberto (GO), no Entorno do Distrito Federal, conseguir acompanhar o itinerário e o trajeto pelo aplicativo da empresa de ônibus que oferece o transporte do município goiano para Águas Claras.

“Facilita muito, mostra o tempo certinho. Nunca tive problema”, relatou. Durante a conversa, Indaiá até optou por não pegar o primeiro ônibus para casa que passou, pois conseguiu ver que logo em seguida viria outro. “Em quatro minutos chega o outro, então vou tentar pegar um mais vazio”, disse.

“Aqui consigo visualizar se o ônibus está chegando, se houve algum problema, quando virá o próximo e o tempo de espera para chegar em casa. Se demorar, fico mais um pouco no trabalho para não ficar esperando aqui”, afirmou.

### Como é em outras regiões do país?

A tecnologia utilizada pelo DF em acessibilidade nos ônibus fica atrás de outras capitais brasileiras. Próxima a Brasília, Goiânia oferece desde 2015 o aplicativo SimrMTC, que possibilita ao passageiro acompanhar em tempo real os horários dos ônibus, as linhas de interesse e até mesmo colocar um alarme para ser avisado quando o veículo estiver próximo.

De acordo com a prefeitura goiana, o aplicativo também fornece informações sobre as demais linhas, trajetos, pontos de embarque e locais para recarregar o cartão de transporte. A plataforma é inclusive acessível para pessoas com deficiência visual.

A prefeitura destacou ainda que foi desenvolvido o App Mulher, que em integração com o aplicativo, apresenta os serviços da Secretaria de Segurança Pública do Estado, como localização e contato de batalhões e delegacias próximas. Também é disponibilizado o acesso direto via chat à Polícia Militar de Goiás (PMGO) e viaturas.

Os usuários de transporte público da capital goiana também têm acesso a painéis informativos que indicam o tempo de chegada e o itinerário dos ônibus nos terminais. Além disso, há um mapa com a rede de integração do transporte e um QR-Code para que o usuário relate se algo estiver danificado.

Em São Paulo (SP), existem dois aplicativos que auxiliam na localização do cidadão: um é o Olho Vivo e o outro Cittamobi. Conforme a prefeitura, todos os ônibus possibilitam o rastreamento em tempo real da localização do veículo.

“Os dados recebidos pela tecnologia embarcada nos ônibus são disponibilizados para os sistemas internos de monitoramento da frota municipal e aplicações de localização dos veículos, como o Olho Vivo da SPTrans, para que os usuários possam planejar suas viagens diárias”, informou em comunicado.

Em Belo Horizonte (MG), os usuários podem contar com o aplicativo SIU Mobile, que permite o acompanhamento do ônibus em tempo real e informa o horário previsto.As cidades estão investindo cada vez mais em tecnologia para melhorar o transporte público. Em Belo Horizonte, por exemplo, foi implantado um sistema que permite aos passageiros acompanhar a chegada dos ônibus em tempo real. Além disso, é possível traçar rotas até o destino desejado e receber informações sobre mudanças e melhorias nas linhas de transporte. A prefeitura mineira também instalou painéis informativos com os horários previstos dos ônibus nas linhas da capital.

A adaptação do Distrito Federal a essas inovações é uma questão em destaque. No ano passado, a Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana da Câmara Legislativa do DF cobrou atualizações e adequações das informações das linhas e veículos disponibilizados na plataforma DF no Ponto. Em resposta, a Secretaria de Mobilidade (Semob) justificou que as informações sobre as posições dos veículos e a geolocalização em tempo real não estavam sendo fornecidas aos usuários devido a problemas com a ferramenta tecnológica de certificação eletrônica que estava passando por estudos para ser reativada.

O sistema de georreferenciamento do transporte público do Distrito Federal enfrenta outros desafios. Em 2023, o Tribunal de Contas do DF determinou a implementação de um Centro de Controle Operacional (CCO) para melhorar a gestão. O relatório ainda recomendou que a Semob adote medidas para obter dados de levantamento em tempo real das taxas de ocupação, bem como informações sobre a frota em operação e em manutenção por linhas específicas.

Para atender a essas demandas, a Semob precisa consolidar, monitorar e atualizar informações em bancos de dados georreferenciados. Em junho deste ano, a Semob delegou à Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB) a coordenação do CCO do transporte público do DF, visando proporcionar maior eficiência e agilidade nas fiscalizações. O objetivo é usar o Centro de Supervisão para avaliar o desempenho operacional das linhas e otimizar o sistema de transporte coletivo do DF, permitindo respostas mais rápidas em situações de imprevistos ou ajustes necessários.

A Secretaria também está trabalhando na transformação do site DF no Ponto em um aplicativo. A previsão é que o lançamento ocorra ainda este ano. Além disso, foi identificado vandalismo em equipamentos públicos, levando a planos para implementar painéis informativos nas estações, com os dados que também estarão disponíveis no aplicativo quando ele for lançado.

A Secretaria de Transporte e Mobilidade destacou que já possui um serviço de fiscalização que detecta atrasos, descumprimentos de tabela e ocorrências no transporte coletivo por meio de relatórios. Em busca de maior eficácia, a Semob buscou tecnologias mais avançadas e delegou à TCB a função de monitorar a frota do transporte coletivo do DF em tempo real. Essa delegação foi feita pelo Centro de Supervisão para obter respostas ágeis em casos de imprevistos ou ajustes necessários, até que a secretaria tenha seu próprio sistema implementado.A administração informou que está atuando diretamente no centro de supervisão. É relevante ressaltar que a Semob está empenhada em converter o site DF no Ponto em um aplicativo para fornecer aos usuários todas as informações sobre o sistema de transporte público de forma ágil e com mais funcionalidades, previsto para lançamento ainda este ano.

No que diz respeito ao GPS, é fundamental destacar que todos os veículos estão equipados com esse recurso, e a Secretaria realiza monitoramento constante do Sistema de Transporte Público Coletivo do DF (STPC-DF). Isso inclui a fiscalização do cumprimento de viagens e rotas pelas operadoras, bem como o acompanhamento de toda a operação da frota para assegurar o transporte adequado aos usuários. Mesmo com a fiscalização, é possível que ocorram problemas pontuais, resultando no descumprimento de viagens. Nesses casos, a recomendação é que os usuários relatem quaisquer irregularidades na operação à ouvidoria, por meio do telefone 162 ou pelo site Participa DF. A Secretaria também destaca que, com o Centro de Supervisão da TCB, será possível detectar acidentes e congestionamentos no percurso dos ônibus.

Por fim, a administração tem observado diversos atos de vandalismo nos equipamentos públicos de transporte da cidade. Em algumas regiões, os abrigos metálicos foram substituídos por abrigos de concreto devido à depredação das estruturas com o intuito de roubo. Até o momento, não há planos para a instalação de painéis nos abrigos. Todas essas informações serão disponibilizadas no aplicativo DF no Ponto.

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