Quase metade das emendas às cidades mais pobres é gasta sem transparência

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Um levantamento recente realizado pela Folha de S.Paulo revelou que as cidades menos desenvolvidas recebem uma quantidade significativamente maior de emendas Pix, caracterizadas pela falta de transparência, em comparação com as cidades mais desenvolvidas. Essas emendas, que são direcionadas diretamente para as prefeituras, sem a obrigação de estarem vinculadas a projetos específicos, representam aproximadamente 47% dos recursos destinados aos municípios com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) classificados como “baixo” ou “muito baixo”. Enquanto isso, nas cidades com IDHM classificado como “alto” ou “muito alto”, essa proporção é de 32%.

De acordo com a análise, os municípios menores ou com menos estrutura tendem a buscar esse tipo de emenda por conta da sua liberação mais rápida. Por outro lado, os parlamentares optam por direcioná-las para mostrar resultados aos eleitores, em vez de optar por emendas com finalidades específicas que demandam um processo mais lento. Isso levanta preocupações sobre a falta de transparência nas transações.

É importante ressaltar que o valor das emendas parlamentares, em geral, tem aumentado significativamente nos últimos anos, tornando-se uma ferramenta essencial de poder para os congressistas em suas bases eleitorais. No entanto, o uso das emendas Pix tem levantado preocupações, pois, embora acelerem o processo de repasse, também podem potencializar o favorecimento de aliados políticos e abrir espaço para desvios de verbas.

Para aumentar a transparência nesse processo, o Congresso aprovou novas regras no final do ano passado. Agora, os parlamentares precisam informar previamente o objeto e o valor das transferências, que devem ser preferencialmente destinadas a obras inacabadas. Além disso, as emendas estão sujeitas a avaliações do Tribunal de Contas da União e devem ser acompanhadas de relatórios de gestão pelos beneficiários.

Essas medidas visam aumentar a transparência e responsabilidade no uso das emendas parlamentares, garantindo que os recursos sejam aplicados de forma eficaz e benéfica para o desenvolvimento das cidades, especialmente as mais vulneráveis.

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