Justiça concede R$ 200 mil e pensão a trabalhador que inalava amianto

Publicado:

São Paulo — A 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) determinou pagamento de R$ 200 mil em indenização por dano moral a um homem, atualmente com 80 anos de idade, que trabalhou durante uma década exposto a amianto. A empresa também foi condenada a fornecer uma pensão mensal vitalícia equivalente ao valor total do salário que o então funcionário recebia como oficial mecânico.

Leia também

Exposição ao amianto

  • O homem era empregado da Eternit, companhia especializada na produção de telhas, caixas d’água e revestimentos.
  • Ele contraiu uma doença pulmonar devido ao contato com a poeira de amianto.
  • Sem o uso de equipamentos de proteção adequados, o funcionário tinha contato direto com o pó tóxico, que ficava suspenso no ar enquanto era despejado e manipulado.
  • Laudo pericial e avaliação conjunta de quatro instituições especializadas embasaram a decisão judicial.
  • Na primeira instância, a indenização por danos morais já havia sido fixada em R$ 100 mil.

Na sentença de segunda instância, o colegiado reconheceu a culpa objetiva da empresa na atividade considerada de risco e a comprovação de doença ocupacional.

“O autor está com sintomas físicos compatíveis com a exposição ao amianto e apresenta necessidade de tratamento médico, além de ter sofrido sequelas físicas originadas dessa exposição, portanto, a pensão mensal é devida”, apontou desembargadora Maria Fernanda da Silveira, relatora do caso.

Banido no Brasil

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o amianto é altamente cancerígeno em todas as formas. Estima-se que, globalmente, mais de 200 mil mortes sejam causadas pela exposição ocupacional à sustância, o que representa mais de 70% de todas as mortes por câncer de origem laboral.

No Brasil, o amianto é banido desde 2017, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu extração, industrialização, comercialização e distribuição do minério. Em 2018, inclusive, a Eternit entrou com um pedido de recuperação judicial em uma comarca da capital de São Paulo.

No ano passado, a empresa produtora de materiais para construção obteve o encerramento do processo após reestruturação. No entanto, a companhia ainda extrai amianto para exportação em mina no município de Minaçu, em Goiás, amparada por lei estadual sancionada pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e considerada inconstitucional por especialistas.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Homem arromba banco no DF e é baleado por vigilante

Na noite de terça-feira, 2 de novembro, um homem foi baleado após tentar arrombar a porta de uma agência bancária em Samambaia, no...

Bancada do Novo pede convocação de Lulinha na CPMI do INSS

Deputados do Partido Novo, que fazem parte da CPMI do INSS no Congresso Nacional, entraram com um requerimento pedindo...

Davi Alcolumbre cancela sabatina de Jorge Messias e acusa o governo Lula de “grave omissão”

Em uma decisão surpreendente, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP),...