Na última audiência pública na Assembleia Legislativa da Bahia, realizada na terça-feira (27), o deputado Robinson Almeida (PT) expressou grave preocupação sobre a nova concessão das BRs 116 e 324. Essas rodovias, que se estendem por 663 km e cruzam 27 municípios baianos, estão prestes a passar por um processo que ele considera apressado e pouco transparente, conduzido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Robinson destacou o risco de aumentos abusivos nas tarifas de pedágio, que já possuem valores elevados. Por exemplo, o trajeto de Salvador a Feira de Santana implica em um custo superior a R$ 24, enquanto o destino a Rafael Jambeiro ultrapassa os R$ 44. Com uma população que enfrenta desafios financeiros significativos, o deputado questiona a equidade dessa postura, acentuando que a proposta atual promove uma verdadeira injustiça tarifária.
O parlamentar criticou o estudo que prevê que a futura concessionária possa arrecadar impressionantes R$ 76 bilhões ao longo de 30 anos, enquanto os investimentos projetados giram em torno de R$ 24 bilhões. “Há um descompasso nítido entre o que será arrecadado e o que será investido. Isso precisa ser revisto”, enfatizou Robinson, chamando a atenção para a necessidade de uma revisão estruturada desse modelo de concessão.
Durante a audiência, o deputado também condenou a criação de novas praças de pedágio em trechos que antes eram isentos, o que afetará diretamente quem realiza deslocamentos curtos na Região Metropolitana de Salvador e seus arredores. Robinson ressaltou a falta de tempo, transparência e debate ampliado nesse processo, criticando a condução apressada por parte da ANTT.
O gerente de estudos e projetos rodoviários da ANTT, Stéphane Quebaud, defendeu o novo modelo, que busca corrigir falhas da antiga concessão. Ele argumentou que tarifas excessivamente baixas foram a causa de inexecuções de obras, como observado na administração anterior. Segundo ele, uma tarifa mais alta seria necessária para garantir que os serviços sejam prestados com qualidade, evitando deterioração das vias.
Quebaud também mencionou que o modelo pode ser ajustado conforme os resultados do leilão. “Esperamos que o mercado se autorregule e apresente propostas mais interessantes, mas sem repetirmos os erros do passado com deságios prejudiciais”, disse. A primeira fase da concessão contemplará ações emergenciais, como manutenção do pavimento e melhorias na segurança viária, seguidas de uma recuperação completa das rodovias.
Entretanto, outros deputados participantes da audiência lembraram que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) já está investindo quase R$ 1 bilhão nas rodovias, com iniciativas imediatas de manutenção em andamento. Max Gil, analista do DNIT, confirmou que R$ 328 milhões já estão garantidos para este ano e mais R$ 600 milhões para 2026, assegurando que os serviços essenciais continuarão mesmo sem uma nova concessionária.
Encerrando a discussão, Robinson Almeida reiterou seu apelo para que a ANTT amplie o prazo de consulta pública, promovendo novas audiências na Bahia, especificamente em Feira de Santana, Jequié e Vitória da Conquista. “Buscamos uma concessão justa e transparente, que leve em consideração a realidade econômica do nosso povo. O que foi apresentado até agora não atende a esses princípios”, concluiu, sublinhando a necessidade de uma participação mais ativa da sociedade neste debate essencial.
A audiência também contou com a presença de diversos representantes, incluindo a prefeita de Itatim, Daiane dos Anjos, e outros deputados, reforçando a importância do engajamento comunitário nessa temática tão relevante para o estado.
Qual a sua opinião sobre a proposta de concessão das BRs 116 e 324? Deixe seu comentário e participe dessa importante discussão!
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