Diário do correspondente: minha chegada à Síria pós-guerra

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Desde 2011, a Síria se destaca como um dos cenários de conflito mais devastadores do mundo. A Primavera Árabe, que ecoou por toda a região, culminou em guerras civis, transformando o país em um campo de batalha para potências globais e grupos terroristas. Apesar de ter coberto outras regiões em conflito desde 2020, a Síria sempre ocupou um lugar especial em meu coração como a tragédia humanitária deste século, que acompanhei atentamente antes de assumir a função de correspondente de guerra.

Os horrores de Alepo, as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico e a crise dos refugiados, que afetou milhares de sírios, tornaram-se imagens comuns em nossa realidade nas últimas décadas. Meu desejo de dar voz àqueles que perderam tudo, de contar suas histórias ao mundo, sempre me impulsionou a buscar os locais mais afetados por essas tragédias. A expectativa de que Bashar al-Assad pudesse manter seu controle nos principais centros urbanos da Síria foi desafiada no final de 2024, quando fatores externos começaram a desestabilizar seu regime, que já parara de ter respaldo militar eficaz devido a conflitos em outras partes do mundo.

Historicamente, a aliança de Assad com o Hezbollah garantiu sua força em várias regiões; no entanto, as tensões com a Rússia e a transferência de atenção para a guerra na Ucrânia impactaram diretamente sua habilidade de combater com eficácia. O HTS, um grupo radical islâmico apoiado pela Turquia, lançou uma ofensiva surpreendente que reapresentou novos desafios ao governo sírio. Em meio a essa mudança de cenário, o antigo terrorista Mohammad al-Julani emergiu como uma figura de transição, buscando estabelecer comunicação com os Estados Unidos e outras potências, mas sua real intenção continua envolta em incertezas.

A reabertura da Síria para o turismo e a cobertura da mídia internacional, abolindo a necessidade de vistos para várias nacionalidades, incluindo brasileiros, sinalizou um novo capítulo na história do país. Quando a chance surgiu de cruzar a fronteira entre Jordânia e Síria, não hesitei. Com nosso microfone em mãos, adentrei uma terra marcada pelo passado, mas que agora se apresenta com esperança de reconstrução.

Ao passar pelos controles fronteiriços, notei a alegria no ar. Muitos viajantes, que retornavam ao seu lar após anos de exílio, carregavam a esperança nas expressões. A aridez da paisagem se misturava com os sorrisos, revelando uma resiliência que emociona. Embora a incerteza ainda permaneça no futuro político da nação, a chegada à Síria foi apenas o começo de uma jornada pela rica e complexa história deste lugar fascinante.

O que você acha sobre essa nova fase da Síria? Quais são suas expectativas para o futuro deste país? Deixe seu comentário e compartilhe suas ideias sobre os desdobramentos dessa situação!

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