Uma recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela dados importantes sobre o trabalho infantil no Brasil. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), em 2024, cerca de 717 mil crianças e adolescentes estavam em situação de trabalho infantil. Dentre elas, a maior parte são de famílias que recebem o Bolsa Família, refletindo a eficácia do programa em combater essa questão social.

O estudo mostra que, entre os moradores de lares beneficiários do Bolsa Família, 5,2% das crianças com idades de 5 a 17 anos estavam em situação de trabalho infantil. Isso representa um total de 717 mil indivíduos. Comparativamente, se olharmos para o Brasil como um todo, a taxa é de 4,3%, envolvendo 1,65 milhão de crianças e adolescentes.

Uma análise histórica dos dados indica que a diferença entre os beneficiários do Bolsa Família e a média nacional tem diminuído ao longo dos anos. Em 2016, a disparidade era de 2,1 pontos percentuais. Em 2024, essa diferença foi reduzida para apenas 0,9 ponto. O pesquisador do IBGE, Gustavo Fontes, observa que a redução dos índices de trabalho infantil entre os beneficiários é mais significativa em comparação ao total da população infantil.

O que é trabalho infantil?

O IBGE classifica o trabalho infantil segundo as diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT). É considerado trabalho infantil aquele que é perigoso, prejudica a saúde ou o desenvolvimento das crianças, e interfere em sua escolarização. Atividades informais e jornadas excessivas também se encaixam nessa categoria. No Brasil, a legislação proíbe qualquer forma de trabalho para menores de 13 anos, permitindo apenas atividades de aprendizagem para jovens de 14 a 15 anos, e impõe restrições para aqueles de 16 e 17 anos.

Em 2024, o levantamento indicou que a renda mensal por pessoa nas famílias beneficiárias do Bolsa Família era de R$ 604, o que equivale a um terço da renda nas famílias que não recebem o benefício, estimada em R$ 1.812. No total, 13,8 milhões de crianças e adolescentes de famílias beneficiárias representam 36,3% da população nessa faixa etária.

Frequência escolar

Outro ponto observado por Gustavo Fontes foi a frequência escolar. Entre as crianças beneficiárias do Bolsa Família, 91,2% frequentam a escola, superando a taxa de 88,8% do total de crianças em trabalho infantil. Entre os adolescentes de 16 a 17 anos, 82,7% dos beneficiários são estudantes, enquanto a média de todos que estão em situação de trabalho infantil é de 81,8%.

A pesquisa também confirma que o trabalho infantil está ligado a uma menor frequência escolar. Entre crianças que não trabalham, 97,5% estão nas aulas, e no grupo de 16 a 17 anos, essa taxa é de 90,5%, sempre superior aos que estão em trabalho infantil.

Esses dados revelam um progresso significativo na luta contra o trabalho infantil entre os beneficiários do Bolsa Família e ressaltam a importância desse programa social para o desenvolvimento das futuras gerações. O que você acha sobre a redução do trabalho infantil no Brasil? Compartilhe sua opinião nos comentários.