A Polícia Federal (PF) revelou um esquema de corrupção que envolve cerca de R$ 14 milhões, sacados em uma agência bancária dentro da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). De acordo com as investigações, os valores estavam sendo repassados a servidores corruptos vinculados ao poder legislativo da região.
Essas informações estão no documento da operação Expertise, desencadeada no início de setembro. O foco da investigação é uma organização criminosa responsável por crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro, facilitados por contratações fraudulentas de empresas por diversos órgãos públicos do estado.
A PF investiga contratos com a Alepa, o Detran e a Polícia Científica do Pará. O documento indica que os corruptores realizam saques na agência bancária instalada na própria Assembleia e que, logo após, os valores são entregues a servidores públicos, diretamente em suas dependências.
Com base nesses saques, a PF afirma que a maior parte das propinas era destinada aos servidores da Alepa. Há registros de que, apenas nos três meses em que a agência Sicoob funcionou na Assembleia, foram sacados R$ 14 milhões, provavelmente pagos como propina.
Os saques na Alepa facilitaram a ação criminosa, evitando deslocamentos arriscados de dinheiro e diminuindo a suspeita das movimentações. A corporação destacou que os integrantes da organização criminosa utilizavam a proteção das dependências do poder legislativo para praticar seus crimes.
Além dos saques na Assembleia, a PF está também analisando um total de R$ 101 milhões em espécie retirados por indivíduos ligados às empresas sob suspeita. Documentos do Conselho de Controle de Atividade Financeiras (Coaf) indicam que a empresa Líder Engenharia, contratada por vários órgãos públicos no Pará, movimentou R$ 198,3 milhões entre 2018 e 2025. Desse total, R$ 101,7 milhões foram sacados, sobretudo por dois investigados, Jacélio Faria da Igreja e Alberto Furtado Pinheiro, que já têm ordens de prisão preventiva.
Esses empresários são investigados por supostamente repassar propina a servidores públicos. Durante a investigação, agentes monitoraram entregas de dinheiro e flagraram momentos em que os empresários estavam realizando saques e repassando o dinheiro a terceiros.

Como funcionava o esquema
De acordo com a investigação, o esquema começava com a celebração de contratos fraudulentos entre as empresas envolvidas e órgãos do governo, como a Alepa, o Detran e a Polícia Científica. Funcionários em cargos-chave em órgãos públicos autorizavam e realizavam processos licitatórios de forma direcionada, beneficiando determinadas empresas.
Após isso, eram realizados pagamentos milionários a essas empresas, mesmo sem a concretização do que estava previsto nos contratos. Finalmente, saques em espécie eram feitos de contas associadas às empresas investigadas, com os valores sendo entregues a autoridades públicas corruptas.
Havia, também, transferências diretas entre contas vinculadas às empresas e autoridades públicas.
Defesa
O governo do Pará, o Detran e a Polícia Científica afirmaram não ter conhecimento dos fatos investigados. A defesa de Jacélio negou que ele tenha cometido qualquer irregularidade, afirmando que não houve atos de corrupção ou favorecimento em suas contratações.
O advogado do empresário acrescentou que a movimentação financeira levantada pelo Coaf pode indicar anormalidades, mas isso não implica em ilegalidade. Ele se colocou à disposição para esclarecer os fatos durante a investigação.
As empresas citadas e a defesa de Alberto Furtado não se manifestaram quando questionadas.
E aliás, o que você pensa sobre essas descobertas? A corrupção ainda é uma grande barreira em nosso país? Comente e compartilhe sua opinião. Essa é uma conversa que devemos ter!
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