Investigação do Greenpeace acusa JBS de comprar gado de fazenda com desmatamento ilegal e histórico de trabalho escravo

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Uma investigação recente do Greenpeace Brasil aponta que a JBS, uma das maiores empresas do setor de carnes do mundo, está envolvida em sérias irregularidades ambientais na Amazônia. O estudo, divulgado nesta segunda-feira, revela que a empresa teria adquirido gado de uma fazenda no sudeste do Pará, a Chácara Rancho Alegre, que não apenas desmata ilegalmente, mas também serve como um ponto de triangulação para gado proveniente da Fazenda Nova Orleans, conhecida por seu histórico de infrações e trabalho escravo.

Ambas as propriedades, localizadas em Santana do Araguaia, pertencem à mesma família. A Fazenda Nova Orleans é registrada em nome de Mário Biernaski, enquanto a Chácara Rancho Alegre está em nome de Tania Biernaski. Essa relação familiar facilitou um esquema chamado “lavagem de gado”, onde os animais criados em áreas problemáticas são transferidos para propriedades “limpas” antes de serem vendidos ao frigorífico, contornando os sistemas de controle.

A Fazenda Nova Orleans possui mais de 10 mil hectares, um tamanho equivalente a 74 vezes o Hyde Park de Londres. Segundo o Greenpeace, a propriedade já recebeu embargos do Ibama e enfrenta multas. Veja alguns pontos importantes:

  • Embargos do IBAMA: Em 2011, a fazenda foi embargada por desmatar mais de 1.168 hectares, com uma multa de R$ 8,7 milhões. Um novo embargo ocorreu em 2018, bloqueando 534 hectares.
  • Desmatamento Ilegal: A propriedade está na Lista do Desmatamento Ilegal do Pará, devido ao corte de 164 hectares em 2013.
  • Trabalho Escravo: Em 2005, a Fazenda Nova Orleans foi incluída na “lista suja” do trabalho escravo após o resgate de 29 trabalhadores forçados a desmatar e aumentar a área de pastagem.
  • Manipulação de Cadastro: A propriedade alterou os limites do seu Cadastro Ambiental Rural entre 2018 e 2019, na tentativa de ocultar irregularidades.

A Chácara Rancho Alegre, com apenas 64 hectares, também apresenta problemas. Entre dezembro de 2018 e agosto de 2023, 1.901 bois foram transferidos da Fazenda Nova Orleans para lá. A chácara tem desmatamento de 17,6 hectares após 2008, sem a devida autorização, o que fere os compromissos dos quais a JBS é signatária.

Além disso, a produtividade da Chácara é considerada suspeita. Com 4.174 animais movimentados entre 2018 e 2023, a taxa média foi de 10,08 cabeças por hectare ao ano, muito acima do limite seguro de 3 cabeças/ha/ano estabelecido pelo Ministério Público Federal.

O gado “lavado” da Chácara Rancho Alegre se tornou um fornecedor regular da unidade da JBS em Santana do Araguaia. Dados mostram que entre 2018 e 2024, a chácara fez 129 entregas ao frigorífico e, apenas entre maio de 2022 e março de 2023, enviou 841 bois para abate.

Em resposta, a JBS afirmou que todas as compras estavam de acordo com suas políticas e protocolos. A empresa disse que bloqueou preventivamente a Chácara Rancho Alegre e que a Fazenda Nova Orleans já estava bloqueada em seu sistema desde 2014. Além disso, informou que monitora 100% de seus fornecedores diretos e investe em programas de rastreabilidade no Pará.

O assunto gera discussões importantes sobre a ética e a responsabilidade ambiental no setor de carnes. O que você pensa sobre essa situação? Comente abaixo e compartilhe sua opinião.

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