Protestos da Geração Z na Ásia inspiram América do Sul

Nas últimas semanas, uma onda de protestos protagonizados pela juventude tomou conta de diversos países asiáticos, incluindo Nepal, Indonésia, Filipinas, Bangladesh e Sri Lanka. Os jovens foram às ruas expressar seu descontentamento com a corrupção e a desigualdade, enfrentando repressão violenta dos governos. Esse movimento agora encontrou eco na América Latina, com destaque para o Peru.

No Peru, os jovens estão liderando manifestações contra a presidente Dina Boluarte e seu governo sob o lema “O povo se levanta, dia do despertar peruano”. Os protestos começaram em 20 de setembro, após a implementação de reformas no sistema de previdência que obrigam todos os peruanos maiores de 18 anos a se filiar a um fundo de pensão. No último sábado, novas manifestações ocorreram, resultando em dezenas de feridos devido à repressão policial.

A insatisfação se amplia por conta de um histórico de corrupção, crises econômicas e aumento da criminalidade. Além disso, a impunidade relacionada à morte de manifestantes durante a transição de poder, quando Dina Boluarte assumiu após a destituição do ex-presidente Pedro Castillo, há quase um ano, intensifica a revolta popular.

Boluarte, alvo de múltiplas investigações, possui a taxa de aprovação de 2,5%. O Congresso dela é ainda menos popular, com apenas 3% de aprovação, conforme dados do Instituto de Estudos Peruanos.

Juventude ativa no Paraguai

No Paraguai, um dos países mais corruptos da América Latina, a juventude também se mobilizou. No último domingo (28), manifestantes se reuniram em Assunção, em resposta a um apelo nas redes sociais. A principal reivindicação era a luta contra a corrupção, com o lema “Somos 99,9%. Não queremos corrupção”. Uma das ativistas, a médica e política Lilian Soto, enfatizou a frustração e a raiva da juventude diante da má gestão e do nepotismo.

O símbolo da rebeldia

Uma imagem se tornou símbolo desses protestos: uma caveira com um chapéu de palha do famoso mangá “One Piece”. Este símbolo representa a luta contra governantes corruptos e opressores. Desde a Indonésia até o Nepal, o emblema tem estado presente, agora se espalhando pelo Peru e Paraguai. Para muitos, a história do personagem principal Luffy, que liberta cidades sob tirania, reflete a realidade atual.

Os protestos têm origem em um contexto mais amplo, onde democracias estão sendo desafiadas globalmente. De acordo com Jo-Marie Burt, professora da Universidade de Princeton, a situação atual lembra as táticas autoritárias do governo Fujimori nos anos 90, quando o sistema judiciário foi comprometido.

Redes sociais e repressão

As redes sociais também desempenham um papel importante na organização e cobertura dos protestos. Após as manifestações em Assunção, informações sobre a repressão violenta, que resultou em mais de 30 prisões, se espalharam rapidamente. Testemunhas relataram que as autoridades agiram de maneira desproporcional, perseguindo manifestantes sem mandados e empregando abuso de força.

A polícia justificou suas ações afirmando que as detenções ocorreram por desordens e agressões a agentes. Contudo, a insatisfação da juventude só aumenta, refletindo uma busca por mudança e justiça em tempos de crise.

Esses eventos mostram o poder de voz da Geração Z, que está se unindo e se expressando em diferentes partes do mundo. Qual a sua opinião sobre esses protestos? Você acha que essa mobilização pode trazer mudanças significativas?

Facebook Comments

ARTIGOS RELACIONADOS