Em 2022, após deixar o Banco BMG, Anderson Ladeira Viana, de 60 anos, fundou a Associação de Assistência Social a Pensionistas e Aposentados (AASPA), onde assumiu a presidência. Para preencher as fichas de filiação de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ele contratou sua própria empresa, a Dataqualify.
A associação de Viana teve um acordo com o INSS que permitirá descontos nas aposentadorias a partir de 2024. Esse entendimento foi firmado com Andre Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS, após Viana realizar pagamentos ao lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS.
Antunes é considerado o operador principal de um esquema de fraudes que envolve bilhões e, segundo a Polícia Federal, ele teria pago R$ 1,4 milhão a Fidelis por meio do escritório de advocacia de seu filho.
A ASAPA chegou a arrecadar R$ 6 milhões com os descontos aplicados diretamente nas aposentadorias, mas seu acordo foi suspenso após a Operação Sem Desconto, iniciada pela Polícia Federal em abril deste ano.
Na Justiça, a associação enfrenta uma série de condenações para indenizar aposentados pelos descontos indevidos. Em sua defesa, a AASPA tem apresentado fichas de filiação que carecem de informações básicas, impossibilitando a verificação de sua autenticidade.
Essas fichas são elaboradas pela Dataqualify, empresa fundada por Viana em 2013, que está sendo investigada pela Controladoria-Geral da União (CGU) por fraudes relacionadas a assinaturas de aposentados.
Documentos mostram que Viana utilizou sua própria empresa para validar as assinaturas dos filiados, uma questão que não foi levantada pela equipe da Diretoria de Benefícios durante o processo de formalização do acordo.
Como revelado pelo Metrópoles, reuniões de entidades que contrataram serviços de validação de assinaturas e biometrias investigadas pela CGU totalizaram R$ 2,2 bilhões em descontos sobre as aposentadorias.
Parte do esquema envolveu fichas sem dados que possibilitem verificar sua autenticidade e biometrias que eram apenas cópias de fotos de documentos de identidade de aposentados.
Até o momento, Viana e a AASPA não comentaram as acusações. Já o Banco BMG declarou que Anderson Ladeira Viana não faz parte da instituição desde 2022 e que não mantém qualquer vínculo com ele ou sua empresa.
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