Documentos internos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mostram que 70% das entidades que assinaram Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) para descontos em aposentadorias pagaram operadores envolvidos em um esquema de fraudes, conforme revelado pelo Metrópoles. A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) investigam essas práticas.
Dos 40 ACTs firmados desde os anos 2000, 27 demonstram que as empresas contratadas pertencem a dirigentes das próprias entidades. Além disso, estão sendo averiguadas a apresentação de documentos fraudulentos, como assinaturas e procurações. Tais acordos permitiam descontos diretos do contracheque dos aposentados.
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A Ferrari vermelha e a réplica do carro de Fórmula 1 usado por Senna
Michael Melo/Metrópoles @michaelmelo
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Agentes da Polícia Federal em ação contra o empresário
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Carro apreendido na residência do Careca do INSS
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Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, sendo ouvido na CPMI.
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
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PF apreende 5 carros de luxo que seriam de Antônio Carlos Antunes, o Careca do INSS
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
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Carros de luxo apreendidos com o Careca do INSS
Polícia Federal
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BMW M135i
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Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e o presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana.
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
A descoberta de 27 entidades é quase o dobro das associações que foram investigadas na Operação Sem Desconto, realizada pela PF e CGU em abril deste ano. Em muitos casos, diversas entidades estão representadas pelo mesmo lobista, o que levanta suspeitas. A investigação também identificou fichas de biometria com fotos idênticas às dos documentos de identidade dos aposentados. Todas as empresas e lobistas citados estão sendo analisados.
As digitais do Careca do INSS
Em sete processos, entidades anexaram documentos e assinaturas do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes. Um exemplo é uma procuração assinada por Maria Inês Batista de Almeida, ex-presidente da Ambec, que gerou R$ 500 milhões em descontos de aposentados entre 2021 e abril de 2023. Maria Inês faleceu em novembro de 2024. Maurício Camisotti, apontado pela PF como beneficiário final de várias entidades, foi preso junto com o Careca do INSS recentemente.
Antunes revelou à CPMI do INSS que não mantinha contato direto com dirigentes das entidades, mas apenas com Camisotti, que atuava como “representante”. Em petições, Careca do INSS solicitou que a Ambec utilizasse apenas assinaturas digitais durante a pandemia, permitindo o envio de filiações com validade questionável.
Outras entidades também apresentaram requisitões e pedidos ligados ao Careca do INSS. A Abenprev, por exemplo, alugou imóvel de Domingos Sávio, sócio de Antunes. Este, por sua vez, recebia comissões de 27,5% por novas filiações.
Reunião com operadora
Cecília Rodrigues Motta, outra investigada, aparece em contratos com prestadoras de serviço. Documentos indicam que ela participou de reuniões virtuais com representantes do INSS. Sua atuação no esquema é similar à de Antunes, e seu escritório recebeu um total de R$ 14 milhões de associações investigadas.
Cecília pagou R$ 630 mil para empresas ligadas ao ex-procurador-geral do INSS e fez repasses de R$ 520 mil para Éric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS.
Intermediários fora do rastro da PF
Vários procuradores que atuam em diferentes entidades não são investigados pela PF. É o caso do advogado Cecílio Galvão, que representa a Unibap, contratada por aposentados para atuar em causas semelhantes. Outras entidades, como AAPB e CAAP, também contrataram o mesmo advogado.
Empresas de dirigentes
A Ambec, que deu procuração ao Careca do INSS, enviou documentos com assinaturas de um funcionário da Prevident, empresa de Camisotti. Em algumas situações, as assinaturas e biometria entregues foram validadas por empresas ligadas a dirigentes, que logo em seguida se tornariam suspeitas de fraudes.
Um caso notável envolve Igor Dias Delecrode, que criou sites para validação de assinaturas e operou para várias associações que faturaram R$ 1,4 bilhão com descontos indevidos em aposentadorias.
Outra figura investigada, Thiago Schettini, tem vínculos com uma empresa contratada pela Keeper, também relacionada a fraudes. O Sindnapi, que é vice-presidido por um irmão do presidente Lula, fez pagamentos significativos a empresas de seus dirigentes.
Os suspeitos abordados não responderam até o fechamento desta reportagem. O espaço continua aberto para suas manifestações.
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