Em Salvador, a situação da educação especial revela contrastes preocupantes. Em 2024, a cidade contava com 486.192 alunos matriculados na educação básica, dos quais 17.944 pertenciam à educação especial, representando 3,7% do total. Esses estudantes incluem pessoas com deficiência, transtornos de desenvolvimento e altas habilidades. Os dados são do Painel de Indicadores da Educação Especial, elaborado pelo Instituto Rodrigo Mendes.
Nos últimos 17 anos, o número de alunos na educação especial cresceu significativamente, de 5.229 em 2007 para quase 18 mil em 2024. Contudo, o avanço no número de matriculados não se reflete na capacitação de professores. Apenas 3,1% dos docentes têm formação continuada na área. Esse percentual é inferior à média estadual, que alcançou 5%.
Entre os alunos, cerca de 70,7% são do sexo masculino. No aspecto étnico, 57,6% dos estudantes são de pele parda, 22% são negros de pele preta e 9,6% são brancos. A maioria das matrículas está na rede pública, com 77,3% dos alunos matriculados em escolas públicas municipais e estaduais.
Os dados também revelam a idade dos estudantes na educação especial: 67,7% têm até 14 anos. A distribuição das deficiências mostra que 44,1% dos alunos têm deficiência intelectual, e 38,8% apresentam diagnósticos de autismo.
Na questão da formação docente, Salvador tem 21.861 professores, mas apenas 21.555 são regentes. A capacitação na educação especial é fundamental, conforme explica Sheila Quadros Uzêda, professora da UFBA. Ela enfatiza que a formação continuada é essencial para garantir estratégias pedagógicas adequadas para alunos com necessidades especiais.
De acordo com os números, 38,9% dos alunos da educação especial estão envolvidos na modalidade Atendimento Educacional Especializado (AEE). A maioria dos alunos, 99,6%, estuda em classes regulares, promovendo a inclusão. Sob essa perspectiva, a educação especial é considerada preferencialmente inclusiva.
Com relação à acessibilidade nas escolas, 81,4% das 1.549 instituições de ensino básico de Salvador têm matrículas de educação especial. No entanto, muitos itens de acessibilidade ainda são escassos, como elevadores e sinais táteis. A formação de professores do AEE também apresenta desafios, com 40,6% dos 527 docentes capacitados na área.
A pesquisa aponta que, apesar dos avanços, Salvador ainda enfrenta dificuldades para atingir as metas do Plano Nacional de Educação. Muitas crianças permanecem fora da escola ou sem acesso adequado ao AEE, especialmente em áreas rurais e no interior do estado.
O cenário da educação especial em Salvador mostra que, apesar dos desafios, a inclusão escolar é um objetivo viável e necessário. A interação entre alunos com e sem necessidades especiais é fundamental para a construção de um sistema educacional mais justo e equitativo. Compartilhe suas opiniões sobre este tema e participe da discussão.
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