Uma adolescente de 16 anos, diagnosticada com transtorno do espectro autista (TEA), está vivendo há três meses no Hospital Municipal do Jardim Ingá, em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. Isabela* foi deixada para trás após a morte da avó, que era sua cuidadora, e a mãe se recusou a assumir sua guarda.
Com cabelos castanhos e aproximadamente 1,70m de altura, Isabela é vista diariamente pelos corredores do hospital, sempre vestindo as roupas de pacientes. Antes de ser levada para Luziânia, ela morava com a avó em São Paulo, que faleceu, deixando a adolescente desamparada.
Após um breve acolhimento pela mãe, Isabela foi abandonada novamente e encaminhada ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps), onde ficou por um mês. Porém, a falta de estrutura apropriada levou à sua transferência para o Hospital Municipal.
O Metrópoles visitou a unidade e encontrou a rotina sob controle, com filas gerenciadas por funcionários e a segurança de um guarda municipal. Os pacientes, entre crianças e idosos, não apresentaram queixas sobre o atendimento.
Inaugurado em 2008, o hospital atende mais de 88 mil moradores da região e tem como nome Antôni Joaquim de Melo, que foi presidente da Câmara Municipal de Luziânia na década de 1950. Apesar da fachada desgastada, a estrutura se mantém conservada.
Xodó dos funcionários
Isabela rapidamente conquistou o carinho dos funcionários, que improvisaram um “quarto” para ela entre os 110 leitos de enfermaria. Uma profissional afirmou: “Ela é a coisa mais linda do mundo”, enquanto um colega ressaltou que, apesar das dificuldades de comunicação, a jovem é muito simpática.
A rotina de Isabela é restrita ao hospital, onde ela passa seu tempo. Os servidores conhecem suas preferências, como comida e música funk, e oferecem um tratamento humanizado, o que tem impactado positivamente o ambiente do hospital.
“Se essa menina sair daqui um dia, não sei o que será desse hospital sem ela. Acho que todo mundo vai ficar triste e chorar”, disse um funcionário.
O diretor do hospital, Fernando Neves, confirmou que Isabela está recebendo acompanhamento psiquiátrico adequado e ainda não está em condições de alta médica. Ele destacou a necessidade urgente de apoio do município para a jovem.
A Secretaria Municipal de Saúde de Luziânia informou que Isabela está sendo monitorada por uma equipe multidisciplinar, e o Juizado da Infância e da Juventude está elaborando um relatório técnico sobre sua evolução clínica. O Ministério Público de Goiás (MPGO) também acompanha o caso.
Nenhum órgão estadual ou municipal soube afirmar qual será o destino de Isabela após a alta médica. A mãe e outros membros da família não foram localizados para comentar sobre a situação, e a tutela da menina está sob responsabilidade do município.
* Nome fictício para preservar a identidade da personagem, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Este caso levanta questões importantes sobre o acolhimento e o suporte às crianças e adolescentes em situações vulneráveis. O que você acha que deve ser feito para melhorar essa situação? Compartilhe seus pensamentos nos comentários.
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