As tensões no setor cultural de São Paulo aumentaram, alimentadas por polêmicas no setor teatral e críticas sobre os recursos destinados à cultura. A disputa política entre grupos de direita e esquerda ganhou força nos últimos meses.
Por um lado, a Prefeitura tem enfrentado acusações de produtores culturais e políticos da oposição, que afirmam que a gestão está “desidratando” projetos culturais e eliminando teatros populares. Do outro lado, vereadores conservadores, aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB), acusam a administração de promover um “aparelhamento” cultural por grupos à esquerda.
A gestão de Nunes refuta essas críticas, chamando-as de irresponsáveis e levianas, e defende que a cultura é fundamental e deve ser tratada com seriedade.
Teatros desalojados
Recentemente, a demolição do Teatro Vento Forte, um espaço protegido na zona oeste, sem a autorização do Condephaat, gerou um clamor público. Apesar das promessas de reconstrução, a ação provocou investigação do Ministério Público de São Paulo.
A Prefeitura justificou a demolição com a alegação de que a estrutura estava em condições precárias e foi construída irregularmente. Em contrapartida, ofereceu um novo espaço no Centro Cultural da Diversidade, mas a Companhia Munguzá de Teatro ainda enfrenta um processo de despejo em sua atual localização. Esse caso resultou em protestos e confrontos com a Guarda Civil Metropolitana, quando os artistas se mobilizaram contra a desocupação.
A administração da cidade afirma ter feito quatro ofertas de terrenos à Munguzá, todas na região central e maiores do que a atual localização do teatro. O objetivo é revitalizar a área com novas construções.
Polêmica no Theatro Municipal
Em outro episódio, a Prefeitura solicitou o cancelamento do contrato de gestão do Theatro Municipal com a ONG Sustenidos, após um funcionário da entidade manifestar-se sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk. A situação gerou forte reação de políticos conservadores, que classificaram a ONG como uma “organização pseudo artística”.
A Prefeitura defende que a solicitação de cancelamento seguiu as normas administrativas após irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas. Um novo edital para o contrato de gestão do Theatro Municipal será lançado em breve, e a consulta pública já está em andamento.
Batalha cultural
- No início do segundo mandato de Nunes, a Secretaria Municipal da Cultura enfrentou pressões tanto de movimentos de direita quanto de esquerda, que criticavam alterações nas políticas culturais.
- Artistas que apoiaram a reeleição do prefeito afirmam que a pasta foi dominada por uma “cultura woke”, enquanto movimentos progressistas levantavam questões sobre a falta de participação popular nas Casas de Cultura e atrasos em editais.
Verba para cultura
Um dos principais focos de insatisfação diz respeito ao repasse de recursos para projetos culturais. O programa de fomento ao forró foi drasticamente reduzido, passando de R$ 3,2 milhões para apenas R$ 254 mil. Até o momento, apenas 32% do total previsto para a Lei de Fomento ao Teatro foi executado.
José Renato, organizador da Festa Literária Internacional Pirata das Editoras Independentes (Flipei), afirma que há um viés ideológico que persegue movimentos culturais de oposição ao governo. A Flipei foi proibida de usar a Praça das Artes, acusada de promover “uso político” do evento. A Prefeitura respondeu que a feira tinha conteúdo de apelo ideológico e não atendia ao objetivo de promover a literatura independente.
Direita quer mais
Além de críticos da esquerda, uma parte da direita alega que suas vozes estão sendo silenciadas. O vereador Adrilles Jorge comentou sobre o domínio da cultura pela esquerda na Prefeitura e criticou restrições em suas emendas e patrocínios a determinadas produções.
Ele defende que a cultura deve ser promovida de forma mais “exclusiva”, com foco em produções clássicas. Essa diferença de visão sobre o tipo de cultura a ser apoiada exemplifica a forte polarização que marca a atual situação cultural na cidade.
E você, o que pensa sobre essas polêmicas? A cultura na cidade deve ser moldada por interesses específicos ou deve ser acessível a todos? Vamos conversar nos comentários.
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