Novas gravações das câmeras corporais de policiais envolvidos na morte do estudante de medicina Marco Aurélio Cárdenas Acosta mostram a ação dos agentes durante o socorro ao jovem, baleado em novembro de 2024. Após ser levado para o hospital, um bombeiro que participou do resgate foi filmado fazendo comentários impróprios sobre a situação.
Marco Aurélio tinha 22 anos quando foi morto após levar um tiro de um policial militar durante uma abordagem em um hotel, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo.
As imagens registradas mostram os primeiros atendimentos no Hospital Ipiranga. A unidade estava sem equipamento de tomografia e os socorristas chegaram a tentar localizar a bala na ferida do estudante com as mãos.
Após os primeiros atendimentos, ele foi encaminhado para a cirurgia. Um policial, acompanhado de dois bombeiros, tenta entrar na sala, mas é informado que não pode. O PM comenta que só queria saber onde o jovem estava e um dos socorristas responde que ele estava nas mãos dos médicos. No entanto, menciona que estavam sem tomografia e que a localização do projétil seria feita manualmente.
Outro bombeiro faz um comentário desprezível: “Tem que sofrer mesmo, pô”, e o primeiro sorrir. Em seguida, o bombeiro parece perguntar ao policial se a bodycam estava desligada.
Tudo isso é parte de uma situação trágica e preocupante.
Por isso, advogados da família do estudante agora pedem a prisão dos policiais, alegando que as gravações indicam uma ação violenta movida por viés discriminatório. A Secretaria de Segurança Pública declarou que os diálogos não representam a posição institucional da corporação.
Relembre o caso
- Marco Aurélio Cárdenas Acosta, de 22 anos, foi morto por policiais em um hotel na Vila Mariana na madrugada de 20 de novembro de 2024.
- Antes disso, ele teria dado um tapa no retrovisor de uma viatura policial e, após isso, foi perseguido até o hotel.
- No local, ele tentou se soltar e acabou caindo aos pés de um dos agentes, que disparou contra ele.
- Marco foi atendido no Hospital Ipiranga, mas não resistiu e faleceu horas depois.
- O Ministério Público do Estado denunciou os dois PMs por homicídio qualificado, considerando o motivo torpe e a impossibilidade de defesa da vítima.
- Os policiais foram afastados das atividades operacionais enquanto o caso está sendo investigado.
As novas filmagens também revelaram que minutos após o ocorrido, os policiais mentiram sobre os fatos. O agente responsável pelo disparo alegou que Marco teria “vindo para cima” de um dos policiais, o que não aconteceu.
Julgamento
A decisão sobre o julgamento dos policiais Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado ainda não foi definida. O Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou que a segunda audiência de instrução ocorreu no dia 9 de outubro, e agora as partes apresentarão suas alegações finais.
A Secretaria de Segurança Pública afirmou que os fatos estão sendo rigorosamente investigados, com imagens anexadas aos procedimentos da Polícia Civil e Militar. Em nota, destacaram que o policial, indiciado por homicídio doloso, permanece afastado de suas atividades operacionais.
Denúncia à ONU
No dia 19 de julho, durante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, os pais de Marco Aurélio pediram responsabilização do governo de São Paulo e do estado brasileiro por violação de direitos humanos relacionados à violência policial. Juntamente com a entidade Conectas Direitos Humanos, apresentaram uma denúncia exigindo responsabilidades.
Este caso levanta questões importantes sobre a atuação da polícia e a proteção dos direitos dos cidadãos. O que você pensa sobre isso? Deixe seu comentário e compartilhe sua visão sobre a situação.
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