Três dias após uma reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Argentina, Javier Milei, na Casa Branca, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, anunciou nesta sexta-feira uma intervenção nos mercados para comprar pesos argentinos.
Essa ação faz parte de um plano de apoio financeiro ao governo de Milei, descrito como um aliado de Trump. O pacote de ajuda discutido entre os líderes pode alcançar até US$ 20 bilhões.
De acordo com Bessent, “o Tesouro dos EUA mantém comunicação próxima com a equipe econômica argentina”, e novas medidas poderão ser anunciadas em breve.
Entenda a situação
O Ministério das Relações Exteriores da Argentina já havia indicado que um dos principais assuntos na agenda de ambos os países seria a criação de uma “linha de swap”, que permite a troca temporária de moedas entre bancos centrais. Esse mecanismo visa proporcionar liquidez em dólares e estabilizar o câmbio.
Um “swap de blue chips” é uma operação financeira em que um investidor compra ativos no mercado argentino e os vende no exterior para obter moedas fortes, como o dólar, aproveitando taxas de câmbio mais vantajosas.
“O Tesouro permanece vigilante em todos os mercados e temos a capacidade de agir com flexibilidade e força para estabilizar a Argentina”, afirmou Bessent.
O governo de Milei vem adotando diversas medidas para conter a volatilidade cambial, mas sem sucesso. O Banco Central argentino realizou leilões extraordinários e endureceu os compulsórios bancários.
Apoio de Trump e crise política
Durante o encontro com Milei, Trump enfatizou que os EUA estão dispostos a fazer o que for necessário para estabilizar a economia argentina e fortalecer o governo atual, que enfrenta uma dura disputa nas eleições legislativas marcadas para 26 de outubro.
“Se ele [Milei] perder, não seremos generosos com a Argentina. Nossos acordos dependem de quem vencer a eleição. Com um socialista no poder, fazer investimentos é muito diferente”, disse Trump.
Além da questão econômica, o governo argentino também enfrenta escândalos políticos, como as denúncias de corrupção envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência.
Intervenção no câmbio e apoio do Banco Mundial
No último mês, o Tesouro argentino já havia anunciado uma intervenção no mercado de câmbio para tentar conter a alta do dólar frente ao peso. Esta foi a primeira ação do Banco Central do país nesse sentido desde o começo do ano.
Em setembro, o Banco Mundial também anunciou um investimento de até US$ 4 bilhões na Argentina nos próximos meses, com apoio através de financiamentos do setor público e investimentos do setor privado.
Esse aporte é um complemento a um apoio anterior de US$ 12 bilhões, já anunciado em abril. O Banco Mundial destaca a “forte confiança nos esforços do governo para modernizar a economia, promover reformas estruturais, atrair investimentos privados e gerar empregos”.
Bolsa de Buenos Aires
Nesta sexta-feira, durante a negociação na Bolsa de Valores de Buenos Aires, o peso argentino estava relativamente estável, cotado a 1,43 mil por dólar.
O cenário argentino é complexo e exige atenção. O que você acha das medidas recentes do governo e do apoio dos EUA? Deixe sua opinião nos comentários!
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